Enviada da ONU encontra novo ministro do Interior afegão procurado pelo FBI
Encontro entre Deborah Lyons, chefe da missão da ONU no Afeganistão, e Sirajuddin Haqqani teve como foco a assistência humanitária ao povo do Afeganistão
Uma enviada da Organização das Nações Unidas (ONU) se encontrou com o novo ministro do Interior do Afeganistão, que por anos foi um dos militantes islâmicos mais procurados do mundo e agora faz parte de um governo que tenta evitar uma crise humanitária.
O encontro entre Deborah Lyons, chefe da missão da ONU no Afeganistão, e Sirajuddin Haqqani teve como foco a assistência humanitária, disse Suhail Shaheen, porta-voz do Talibã, em comunicado no Twitter.
“(Haqqani) enfatizou que o pessoal da ONU pode conduzir seu trabalho sem qualquer obstáculo e entregar ajuda vital ao povo afegão”, disse ele.
O Afeganistão já enfrentava pobreza crônica e seca, mas a situação se deteriorou desde que o Talibã assumiu o controle do país no mês passado com a interrupção da ajuda internacional, a partida de dezenas de milhares de pessoas, incluindo governos e trabalhadores humanitários, e o colapso de grande parte da atividade econômica.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse em uma conferência internacional de ajuda humanitária esta semana que os afegãos estavam enfrentando “talvez seu momento mais perigoso”.
A missão da ONU no Afeganistão disse que na reunião de quarta-feira (15) Lyons enfatizou a “necessidade absoluta de todo o pessoal da ONU e de grupos humanitários no país serem capazes de trabalhar sem intimidação ou obstrução para entregar ajuda vital”.
O Talibã atacou repetidamente as Nações Unidas durante a missão militar liderada pelos EUA no Afeganistão, que durou duas décadas, e terminou no mês passado com a saída da coalizão de países do Ocidente.
Em um dos incidentes mais sangrentos, militantes do Talibã mataram cinco funcionários estrangeiros da ONU em um ataque a uma casa de hóspedes em Cabul, em 2009.
Mais recentemente, homens armados atacaram um complexo da ONU na cidade de Herat, em julho, com granadas propelidas por foguete matando um guarda, enquanto manifestantes na cidade de Mazar-i-Sharif, em 2011, mataram sete funcionários da ONU.
A rede Haqqani, uma facção dentro do Talibã – que por anos teve sua base na fronteira com o Paquistão –, foi considerada responsável por alguns dos piores ataques de militantes no Afeganistão durante a insurgência do Talibã. Os Estados Unidos designaram o grupo como organização terrorista em 2012.
Haqqani, chefe da rede homônima fundada por seu pai, é um dos homens mais procurados do FBI, com uma recompensa de US$ 10 milhões por informações que levem à sua prisão.
Autoridades dos EUA e membros do antigo governo afegão apoiado por anos disseram que a rede Haqqani mantinha laços com a Al Qaeda. O Talibã prometeu não permitir que o Afeganistão seja usado para ataques de militantes a outros países.