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    Entenda por que tropas ucranianas lutam como soldados da Otan

    Kiev recebeu armamentos sofisticados e seus militares aprenderam táticas dos aliados ocidentais para combater os russos

    Américo Martinsda CNN

    Em Yorkshire

    Os militares ucranianos na linha de frente da contraofensiva contra o poderoso exército russo estão lutando como verdadeiros soldados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

    Boa parte deles, muitos sem nenhuma experiência militar prévia, foi treinada em bases secretas na Inglaterra, seguindo as doutrinas de combate da aliança militar ocidental.

    Outros, soldados e oficiais profissionais, receberam capacitação avançada de países como Reino Unido, Alemanha, Noruega e Holanda para operar com precisão os sofisticados tanques, veículos blindados, mísseis de longo alcance e baterias antiaéreas enviados para a Ucrânia.

    Até aqui, os ucranianos já receberam tanques Abrams, Challenger 2 e Leopards 2, respectivamente dos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha. Também foram enviados dezenas de veículos de combate blindados, como o Stryker e o Bradley –ambos usados amplamente pelos Estados Unidos no Iraque e no Afeganistão.

    Recentemente, o Reino Unido enviou várias unidades do Storm Shadow, os primeiros mísseis de longo alcance operados pelo exército da Ucrânia. Com capacidade para atingir alvos a mais de 250 quilômetros de distância, eles podem atingir a retaguarda das forças armadas russas dentro do seu próprio território.

    Para impedir o controle do espaço aéreo do conflito, a aliança ocidental também enviou baterias antiaéreas, como os sofisticados sistemas Patriot e Nasam, além Starstreak. São esses sistemas que derrubam muitos dos drones e mísseis lançados por Moscou contra alvos civis nas cidades ucranianas.

    Por último, os ucranianos esperam receber aviões F-16, fabricados pelos Estados Unidos. Depois de muita insistência do presidente Volodymyr Zelensky, os americanos decidiram permitir em maio que as forças aéreas aliadas enviem essas sofisticadas aeronaves para as forças de Kiev.

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    Mas todos esses equipamentos precisam de treinamento da Otan. A Holanda e o Reino Unido, por exemplo, planejam começar a treinar pilotos ucranianos nos F-16 durante o verão europeu.

    O uso conjunto dos armamentos de ponta com as táticas militares mais avançadas tem o objetivo de transformar as forças armadas ucranianas em unidades modernas e poderosas, lutando de uma forma muito parecida com a dos países membros da Otan.

    A CNN acompanhou os treinamentos na Inglaterra e conversou com oficiais da aliança ocidental para entender a importância desse processo e da participação pessoal deles no esforço de guerra ucraniano.

    “Esta é a melhor e mais importante forma de a Otan impactar a guerra que está acontecendo na Ucrânia. E é um privilégio absoluto poder dizer que faço parte do processo que está dando uma chance aos ucranianos de defender a sua pátria”, disse um oficial britânico.

    Um militar norueguês, com experiência em combates no Afeganistão e no Iraque, acredita que o treinamento para os ucranianos pode ajudar muito para uma possível vitória ucraniana — especialmente porque os exercícios da Otan reproduzem a realidade das batalhas.

    “Acho que todo treinamento militar será importante para os ucranianos. Nas trincheiras e na guerra urbana, onde provavelmente a maior parte dos combates vai acontecer”, afirmou.

    O lado ucraniano, obviamente, também celebra a proximidade com os aliados ocidentais.

    Numa entrevista exclusiva à CNN, Andriy Yermak, chefe de gabinete e braço direito do presidente Volodymyr Zelensky, agradeceu o apoio e o treinamento que os militares de seu país estão recebendo da aliança ocidental.

    “Agradecemos qualquer apoio. Qualquer apoio é importante para nós. Especialmente quando enfrentamos a agressão de um país nuclear contra a Ucrânia, que recusou armas nucleares e teve sua segurança, integridade territorial e soberania garantidas por Rússia, China, Estados Unidos, Grã-Bretanha e França (os países membros do Conselho de Segurança da ONU). E é por isso que o apoio dos nossos parceiros é muito importante”, afirmou Yermak.