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    Entenda as versões de Ucrânia, Rússia e EUA para a crise no Leste Europeu

    Países descartam possibilidade de iniciar conflito armado e trocam acusações sobre escalada das tensões

    Vinícius Tadeuda CNN

    As tensões no Leste Europeu concentram os olhares do mundo todo, principalmente diante da possibilidade de um conflito armado na região de fronteira entre Rússia e Ucrânia. Mas, além desses dois países, surge também a figura dos Estados Unidos, que, junto com os demais membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), acusam os russos de planejar um ataque a qualquer momento.

    O Kremlin, sede do governo do presidente Vladimir Putin, nega que haverá uma invasão, mas pede que a Otan se afaste da Ucrânia e de suas intenções de tornar o país fronteiriço mais um de seus membros no Leste Europeu.

    No meio do fogo cruzado, a Ucrânia se defende como pode, armando seu exército na região de fronteira e contando com o apoio logístico e militar dos Estados Unidos e de demais potências europeias, como o Reino Unido.

    No entanto, embora as tropas já estejam posicionadas há semanas, os países envolvidos nas tensões negam a possibilidade de tomar o primeiro passo no sentido de um embate que leve ao conflito armado.

    EUA estão convictos de invasão russa à Ucrânia

    Até o momento, os EUA têm adotado uma postura incisiva contra os movimentos das forças russas. O país tem denunciado continuamente o acúmulo de militares na região da fronteira com a Ucrânia. Autoridades americanas chegaram a dizer que a abertura pública do presidente Vladimir Putin à diplomacia era apenas um disfarce.

    Desde o começo da crise, o presidente Joe Biden tem ameaçado constantemente a Rússia com a possibilidade de sanções. Funcionários da Casa Branca disseram que o governo está no processo de concluir o pacote final que contém “as medidas mais severas que já contemplamos contra a Rússia.”

    “O custo para a Rússia seria imenso, tanto para sua economia quanto para sua posição estratégica no mundo”, disse Daleep Sigh, vice-conselheiro de Segurança Nacional para Economia Internacional e vice-diretor do Conselho Econômico Nacional.

    No entanto, a declaração mais forte de Biden aconteceu nesta sexta-feira (18), quando o líder americano afirmou acreditar que o presidente russo, Vladmir Putin, já tenha tomado a decisão de invadir a Ucrânia, e que o ataque começaria pela capital Kiev.

    “A partir deste momento, estou convencido de que ele tomou a decisão. Temos motivos para acreditar nisso”, disse Biden. “Temos razões para acreditar que as forças russas estão planejando e pretendem atacar a Ucrânia na próxima semana, nos próximos dias. Acreditamos que eles terão como alvo a capital da Ucrânia, Kiev – uma cidade de 2,8 milhões de pessoas inocentes”, acrescentou o presidente.

    Embora a Casa Branca se coloque disposta a resolver o conflito por meio da diplomacia, como disse o secretário de Defesa Lloyd Austin, a posição majoritária do lado americano é a de que os EUA e seus aliados estão prontos caso Putin realmente decida invadir.

    Rússia fala em soberania e acusa EUA de alimentar a tensão

    Por outro lado, os russos acusam os americanos de alimentarem insistentemente a tensão no Leste Europeu ao dizer que esperam que a Rússia invada a Ucrânia dentro de dias.

    Embora tenha reunido uma quantidade significativa de tropas perto das fronteiras ucranianas, o Kremlin segue afirmando que são as ações e declarações ocidentais que, na verdade, estão alimentando a crise.

    O gesto mais emblemático tomado pelo lado russo até aqui foi a retirada de algumas tropas nos distritos militares da Rússia adjacentes à Ucrânia. O Ministério da Defesa russo afirmou que as forças retornaram às suas bases depois de completar exercícios, os quais alega ter o “direito soberano” de realizar.

    Putin, inclusive, chegou a dizer que esses treinamentos são “puramente defensivos e não ameaçam ninguém”. O governo russo alega que o acúmulo de tropas na região fronteiriça se dá em razão desses exercícios militares que, segundo o presidente, continuarão até o próximo domingo (20).

    “Discutimos em detalhes nossa defesa espacial comum entre a Rússia e Belarus. Continuaremos a caminhar para a defesa comum, considerando a presença da Otan nas fronteiras do nosso Estado de União”, disse Putin após encontro com o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko.

    O líder russo chamou a dissuasão ocidental contra o país de “ameaça direta e imediata”, dizendo mais uma vez que os EUA e a Otan não satisfizeram suas preocupações de segurança, entre elas a de não incluir a Ucrânia na aliança militar do Ocidente. Porém, Putin disse que está pronto para “seguir o caminho das negociações”.

    Enquanto isso, as tensões parecem se elevar na região leste da Ucrânia, onde rebeldes separatistas, apoiados pela Rússia, dizem ter sofrido ataques das forças do governo ucraniano.

    Pelo setivo, separatistas pró-Rússia que estão em guerra com a Ucrânia há anos disseram ter ficado sob fogo de morteiros e artilharia das forças ucranianas. A Rússia também noticiou que cada vez mais unidades de infantaria e tanques estão se voltando para suas bases.

    Ucrânia relata ataques em regiões pró-Rússia

    A Ucrânia, por sua vez, alega que as intimidações do lado russo estão se intensificando cada vez mais. O Ministério da Defesa ucraniano afirmou que houve “52 violações do cessar-fogo registradas, sendo 42 com munições proibidas pelo Acordo de Minsk”.

    Diante das tensões nas regiões dominadas por rebeldes separatistas pró-Rússia, autoridades ucranianas informaram que o grupo atacou uma escola infantil, deixando três pessoas levemente feridas.

    Houve, inclusive, a alegação de que um tiro de tanque de guerra foi executado por separatistas apoiados por Putin. “Esse projétil veio dos territórios temporariamente ocupados da Ucrânia, que são controlados pela Rússia”, disse o ministro de Relações Exteriores, Dmytro Kuleba.

    No entanto, um relatório de inteligência ucraniano obtido com exclusividade pela CNN mostrou que  o governo do país acredita que o atual nível de tropas russas na região da fronteira não é suficiente para realizar uma invasão em larga escala.

    Segundo o documento, o número total de forças russas perto da fronteira ucraniana aumentou para mais de 148 mil, incluindo mais de 126 mil tropas terrestres. Assim como os americanos e os aliados da Otan, os russos não acreditam fielmente nas informações do Kremlin de que as tropas russas voltaram para suas bases.

    Sobre a entrada do país na Otan, ponto de maior tensão no conflito, o governo ucraniano afirmou que apenas a própria Ucrânia e a aliança devem decidir sobre a oferta feita ao país. “Ninguém, a não ser a Ucrânia e os membros da Otan, devem ter voz nas discussões sobre a futura adesão da Ucrânia à Otan”, ressaltou o ministro Kuleba.

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