Encontro de Lula com Meloni foi proposto há semanas e premiê aceitou de última hora, dizem fontes do governo

A proposta para o encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, de extrema-direita, foi feita há duas semanas, segundo fontes do governo. A premiê não respondeu à proposta inicialmente, mas aceitou o convite de última hora.

Fontes dizem que o presidente foi pragmático e logo que o papa Francisco fez o convite para o encontro no Vaticano, o governo brasileiro propôs as reuniões com o presidente Sergio Mattarella e com a premiê.

A reunião entre Lula e Meloni acontece nesta quarta-feira (21), às 12h [horário de Brasilia], no Palácio de Chigi.

Quando o presidente desembarcou em Roma, na tarde de terça-feira (20), ainda não havia a confirmação do encontro, que só chegou à noite.

Apesar das divergências políticas, o Itamaraty avalia que a primeira-ministra tem feito um governo pragmático. Meloni defende a entrada da Ucrânia na União Europeia, mas se opõe ao fornecimento de armas para a Ucrânia.

Lula também vem manifestando oposição ao envio de mais armamentos aos ucranianos, por acreditar que isso contribui para prolongar a guerra.

Além do conflito no leste europeu, a conversa entre Lula e Meloni deve tratar da relação entre Brasil e Itália.

O governo italiano defende o avanço do acordo entre Mercosul e União Europeia. Lula também tem falado que é favorável ao avanço em encontros com líderes europeus, mas nos bastidores fontes afirmam que há uma resistência grande por parte do presidente e de Celso Amorim, assessor especial do presidente para assuntos internacionais.

O governo brasileiro teme que a entrada de produtos europeus com impostos reduzidos no Brasil prejudique a indústria e o projeto de reindustrialização de Lula.

A Itália hoje é o 15º principal parceiro comercial do Brasil. Também há uma proximidade entre os países pelo fato de 30 milhões de italianos viverem em solo brasileiro e 30 mil brasileiros viverem na Itália.