Embaixador do Brasil nos EUA se diz honrado em comparecer a posse de Biden
Em mensagem no Twitter, Nestor Forster declarou-se 'muito animado' para trabalhar com a nova gestão do governo norte-americano
Escolhido para o cargo pelo seu alinhamento com a ideologia bolsonarista e simpatia pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump, o embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Nestor Forster, disse em sua conta no Twitter nesta quarta-feira (20) estar honrado em comparecer à posse do presidente dos EUA, Joe Biden, e declarou-se “muito animado” para trabalhar com a nova gestão.
Forster publicou uma foto sua em frente ao Capitólio, no local reservado a convidados, incluindo representantes das embaixadas. Na publicação, marcou Biden, sua vice, Kamala Harris, e o ex-secretário de Estado John Kerry, figura central na campanha de Biden.
Na véspera, em entrevista à CNN, Forster disse que os valores compartilhados entre as duas nações continuam intactos e as relações devem continuar fortes.
Desde a confirmação da eleição de Biden, o embaixador passou a tentar uma aproximação com a equipe do democrata, através de parlamentares com quem Forster já tinha contatos.
Ao mesmo tempo, no entanto, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mantinha os questionamentos à eleição de Biden e repetia o discurso trumpista que alega falsamente a existência de fraude nas eleições norte-americanas.
Mesmo depois de ter cumprimentado Biden pela eleição – um dos últimos chefes de Estado a fazê-lo, 38 dias depois do pleito –, Bolsonaro continuou ecoando Trump e há pouco mais de duas semanas repetiu a apoiadores que acreditava em fraude na eleição nos EUA.
Mas, para além das questões políticas, que têm pouca repercussão entre os norte-americanos, outras posições brasileiras foram alvo direto de críticas de Biden desde a campanha.
O democrata já ameaçou impor sanções ao Brasil pelo desmatamento na Amazônia e deve ter um postura ambiental muito mais dura do que seu antecessor.
O receio do impacto que essa postura possa ter nos negócios brasileiros levou parte do governo a tentar abrir pontes com os democratas. Chegou a circular a possibilidade de Forster, que foi confirmado apenas no ano passado como embaixador, ser substituído, mas a ideia não agrada a Bolsonaro.
Até o momento, o Itamaraty conta com a ideia de que será possível contar com a profissionalismo da diplomacia norte-americana e também dos diplomatas brasileiros, em sua maioria, abrir canais, mesmo que sem a proximidade que havia com Trump – que rendeu poucos benefícios reais ao Brasil.
(Com informações da Reuters)