Em processo contra jornais, príncipe Harry é intimado a ampliar buscas por provas
Filho do rei Charles e outras 40 pessoas estão movendo ação contra grupo de mídia por acusações de atividades ilegais por parte de jornalistas e investigadores particulares
O príncipe Harry foi intimado nesta quinta-feira (27) a realizar buscas mais amplas por e-mails, mensagens de texto e outros materiais que possam ser relevantes em seu processo contra o braço jornalístico britânico de Rupert Murdoch, em meio à preocupação de que algumas provas tenham sido destruídas.
Harry, de 39 anos, filho mais novo do rei Charles, e mais de 40 outras pessoas estão processando o News Group Newspapers (NGN) por acusações de atividades ilegais por parte de jornalistas e investigadores particulares, para o “Sun” e o agora extinto “News of the World”, de meados da década de 1990 a meados da década de 2010.
Um julgamento com foco em algumas dessas alegações, possivelmente incluindo a de Harry, deve começar na Alta Corte de Londres em janeiro do próximo ano.
O NGN, que está contestando as reivindicações, já pagou centenas de milhões de libras a vítimas de interceptação telefônica pelo “News of the World” e fez acordo em mais de 1.300 processos, mas sempre rejeitou as alegações de qualquer irregularidade por parte da equipe do “The Sun”.
Antes do julgamento, a equipe jurídica do NGN solicitou uma ordem para forçar Harry a revelar qualquer informação relevante que ele possa ter, ou que possa estar em poder de seus ex-advogados ou da família real, que seja relevante para o que ele sabia sobre o suposto comportamento ilegal antes do final de 2013.
Se Harry sabia que tinha uma possível ação contra o NGN antes dessa data, então o processo poderia ser rejeitado com base no fato de ter sido apresentado tarde demais.
“Tenho preocupações reais de que a questão da divulgação relacionada à ‘questão do conhecimento’ não tenha sido tratada adequadamente pelos solicitadores [advogados] dos requerentes”, disse o juiz Timothy Fancourt, acrescentando que até agora eles haviam apresentado apenas cinco documentos considerados relevantes.
Ele também afirmou que não era apropriado que a maior parte da busca e seleção de documentos relevantes parecesse ter sido feita pelo próprio Harry até muito recentemente.
Anthony Hudson, advogado do NGN, havia dito ao tribunal que Harry estava criando uma “pista de obstáculos” sobre a questão, e a divulgação de outros e-mails possivelmente relevantes também havia sido altamente insatisfatória.
O juiz Fancourt disse que havia “evidências preocupantes” de que um grande número de documentos e mensagens potencialmente relevantes entre Harry e J.R. Moehringer, o ‘ghostwriter’ de seu livro de memórias de enorme sucesso, “Spare”, pelo aplicativo de mensagens Signal, foi destruído.
O advogado de Harry, David Sherborne, afirmou que a sugestão de que Harry estava retendo ou destruindo material era o “cúmulo da hipocrisia”, dizendo que o NGN havia deliberadamente excluído milhões de emails como parte de uma forma de ocultar provas incriminatórias.
No entanto, Fancourt determinou que era necessária uma busca mais ampla no laptop de Harry, nas mensagens de texto e no WhatsApp, para examinar as trocas de mensagens de 2005 até o início de 2023.
Ele disse que também deveriam ser enviadas cartas para a casa real e seus advogados, solicitando que quaisquer cópias impressas ou documentos eletrônicos relacionados às comunicações de Harry fossem devolvidos ao príncipe para que também pudessem ser examinados.