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    Em primeiro uso de lei nova, Hong Kong prende seis pessoas por posts nas redes

    Polícia acusou uma mulher sob custódia e outras cinco pessoas de aproveitarem “uma 'data sensível' que se aproxima” para publicar anonimamente postagens sediciosas nas redes sociais desde abril

    Visão panorâmica região central de Hong Kong, vista de Tsim Sha Tsui, em Hong Kong, 28 de abril de 2024.
    Visão panorâmica região central de Hong Kong, vista de Tsim Sha Tsui, em Hong Kong, 28 de abril de 2024. Marc Fernandes/NurPhoto via Getty Images

    Nectar Ganda CNN

    A polícia de Hong Kong fez as suas primeiras prisões de acordo com uma lei de segurança nacional recentemente aprovada, devido a publicações nas redes sociais consideradas “sediciosas” pelas autoridades.

    A polícia de Hong Kong prendeu nesta terça-feira (28) seis pessoas sob suspeita de cometer atos com intenções desordeiras, de acordo com um comunicado da polícia.

    A polícia acusou uma mulher sob custódia e outras cinco pessoas de aproveitarem “uma ‘data sensível’ que se aproxima” para publicar anonimamente postagens sediciosas nas redes sociais desde abril, de acordo com o comunicado.

    O objetivo, alegou a polícia, era “incitar o ódio dos cidadãos às autoridades centrais, ao governo municipal e ao Poder Judiciário, e incitar os internautas a organizar ou participar em atividades ilegais futuramente”.

    A declaração não nomeou a próxima “data sensível”. No entanto, a próxima terça-feira marca o 35º aniversário do Massacre da Praça da Paz Celestial, em Pequim, em 4 de junho de 1989, um evento que foi apagado dos registros pelas autoridades chinesas e não pode mais ser comemorado com segurança em Hong Kong.

    Os detidos desta terça são cinco mulheres e um homem, com idades entre 37 e 65 anos, disse a polícia, acrescentando que podem pegar até 7 anos de prisão se forem condenados.

    “Aqueles que pretendem pôr em perigo a segurança nacional não devem ter a ilusão de que podem evitar a investigação policial permanecendo anônimos online”, acrescenta o comunicado.

    As prisões marcaram a primeira vez que a lei de segurança nacional de Hong Kong foi invocada desde que foi aprovada por unanimidade pela legislatura da cidade, livre de oposição, em março.

    Conhecida localmente como Artigo 23, a lei foi aprovada às pressas a pedido do líder da cidade, John Lee, e debatida durante apenas 11 dias.

    A legislação introduz 39 novos crimes de segurança nacional, somando-se a uma já poderosa lei de segurança nacional que foi imposta diretamente por Pequim a Hong Kong em 2020, após enormes e por vezes violentos protestos pró-democracia no ano anterior.

    Manifestantes no Victoria Park, em Hong Kong
    Manifestantes no Victoria Park, em Hong Kong em 4 de junho de 2020 / Foto: Isaac Yee/CNN

    Essa lei já transformou Hong Kong, com as autoridades prendendo dezenas de opositores políticos, forçando grupos da sociedade civil e meios de comunicação social declarados a dissolverem-se e transformando a cidade outrora livre numa cidade que dá prioridade ao patriotismo.

    A legislação local de segurança nacional abrange uma série de novos crimes, incluindo traição, espionagem, interferência externa e manipulação ilegal de segredos de Estado, sendo os crimes mais graves puníveis com prisão perpétua.

    Lee, o líder de Hong Kong, descreveu-o como um “momento histórico para Hong Kong”, mas críticos e analistas alertaram que isso alinharia mais estreitamente as leis de segurança nacional do centro financeiro com as usadas no continente chinês e aprofundaria a repressão contínua à dissidência.

    Durante décadas, Hong Kong foi o único local em solo chinês onde eram realizadas comemorações em massa todos os dias 4 de junho para homenagear os manifestantes pró-democracia mortos pelos militares chineses numa repressão sangrenta.

    Mas as vigílias à luz de velas foram praticamente proibidas desde 2020, enquanto as autoridades procuravam extinguir todas as comemorações públicas da repressão, que continua a ser o maior tabu político na China continental.

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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