Em meio a atos pró-impeachment, Colômbia deve ter semana decisiva, diz sociólogo
Cientista político explica o clima no país, que enfrenta onda de protestos contra o governo de Ivan Duque
Manifestações de populares na Colômbia podem resultar no impeachment do presidente Ivan Duque, mesmo depois de o governo ter desistido do impopular pacote de reformas tributárias e fiscais, levado ao congresso. A proposta era aumentar o número de contribuintes do Imposto de Renda e os impostos à classe média.
A análise é do cientista político e sociólogo Paulo Niccoli Ramirez que, em entrevista à CNN neste domingo (9), disse que a Colômbia ainda enfrenta falta de combustível, alimentos e medicamentos por conta dos mais de 700 bloqueios nas estradas causados por manifestações. Para ele, a semana pode ser decisiva para o futuro político do país.
“O que se viu nos últimos 12 dias foi o estopim contra um governo que se mostrou impopular, seguindo tendências neoliberais, reformas que acabam prejudicando mais a classe média e os mais pobres. O país tem 16,2% da população desempregada, o que corresponde a cerca de 25 milhões de pessoas que vivem na informalidade. Além disso, os índices de pobreza aumentaram para 42,5%. Tudo isso fez com que o descontentamento popular crescesse muito”, conta.
Mas não é apenas a questão econômica que incomoda os colombianos, mas também a violência policial. “Os próprios aliados se opuseram ao governo, e o que os manifestantes querem hoje é o impeachment ou deposição do presidente. Há uma série de denúncias sobre violação de direitos humanos e não há outra alternativa ao governo hoje a não ser sair”.
Para Ramirez, o governo mostrou-se incapaz de negociar com a população, com os movimentos sociais e os partidos de oposição. “Criou-se todo um consenso contra o governo. A única solução que os manifestantes encontram é o impeachment do presidente, que está isolado, sem apoio do Congresso, da população e dos meios de comunicação. Essa semana pode ser decisiva”.
