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    Em meio a alertas de ajuda a Rússia, presidente de Belarus visitará a China

    Alexandr Lukashenko deve se encontrar com autoridades chinesas entre terça (28) e quinta-feira (2), a convite de Xi Jinping

    Simone McCarthyda CNN

    A China está se preparando para receber um importante aliado do presidente russo, Vladimir Putin, para uma visita de Estado, em meio a alertas de autoridades dos Estados Unidos de que Pequim pode estar considerando ajudar Moscou em seu ataque à Ucrânia.

    O presidente de Belarus, Alexandr Lukashenko, deve manter conversas com autoridades chinesas em Pequim entre terça (28) e quinta-feira (2), a convite do líder chinês Xi Jinping, anunciou o Ministério das Relações Exteriores da China.

    A viagem ocorre depois que os dois líderes concordaram em atualizar os laços de seus países para uma “parceria estratégica abrangente para qualquer clima” durante uma reunião em setembro, às vésperas da cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (SCO) no Uzbequistão, à qual Putin também compareceu.

    A visita de Lukashenko – que permitiu que as tropas russas usassem Belarus para encenar sua incursão inicial na Ucrânia no ano passado – ocorre no momento em que as tensões entre os EUA e a China se intensificaram nas últimas semanas, inclusive devido às preocupações de Washington de que Pequim esteja considerando enviar ajuda para os esforços de guerra do Kremlin.

    Pequim rejeitou essas alegações. O Ministério das Relações Exteriores disse na segunda-feira (27) que a China estava “promovendo ativamente as negociações de paz e a solução política da crise”, enquanto os EUA “estavam despejando armas letais no campo de batalha na Ucrânia”.

    Apesar de sua parceria com a Rússia, a China afirma estar neutra no conflito da Ucrânia.

    Na última sexta-feira (24), Pequim divulgou uma posição de 12 pontos sobre a “solução política” para a crise, em um documento pedindo negociações de paz para encerrar a guerra de um ano. Sua divulgação, no entanto, foi criticada por líderes ocidentais, que acusaram a China de ter ficado do lado da Rússia.

    Xi Jinping ainda não falou com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky desde o início da invasão da Rússia, embora tenha falado com Putin em várias ocasiões, inclusive pessoalmente.

    Em entrevista à agência de notícias estatal chinesa Xinhua, divulgada antes de sua visita, Lukashenko disse que o documento de posição era um testemunho da política externa pacífica da China e um passo novo e original que teria um impacto de longo alcance.

    Embora os crescentes laços econômicos entre a China e Belarus devam ser um componente importante nas negociações desta semana, o conflito na Ucrânia irá pairar sobre as discussões.

    Belarus foi alvo de amplas sanções dos EUA e seus aliados em resposta à agressão de Moscou, depois que Lukashenko permitiu que tropas russas invadissem a Ucrânia através da fronteira entre os dois países.

    Belarus já tinha relações tensas com as potências ocidentais, com a União Europeia não reconhecendo os resultados da vitória de Lukashenko nas eleições de 2020 – o que gerou protestos pró-democracia em massa no país e foi seguido por uma repressão do governo.

    Houveram temores durante o conflito na Ucrânia de que Belarus fosse novamente usado como base de lançamento para outra ofensiva russa, ou que as próprias tropas de Lukashenko se juntassem à guerra. Antes de visitar Moscou no início deste mês, Lukashenko afirmou que “de jeito nenhum” seu país enviaria tropas para a Ucrânia, a menos que fosse atacado.

    O pano de fundo dos laços danificados do país com o Ocidente – e um interesse em diversificar uma economia dependente da Rússia – pode levar Lukashenko a se concentrar em fortalecer os laços econômicos com a China durante esta visita.

    Belarus foi um dos primeiros a aderir à iniciativa de desenvolvimento do Cinturão e Rota da China, lançada há uma década, e o comércio entre os dois no ano passado aumentou 33% em relação ao ano anterior, ultrapassando US$ 5 bilhões.

    Em uma ligação entre o ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, e seu colega bielorrusso, Sergei Aleinik, Qin prometeu que a China “apoiaria Belarus em seus esforços para salvaguardar a estabilidade e o desenvolvimento nacional” e “se oporia à interferência externa nos assuntos internos de Belarus e às sanções unilaterais ilegais contra o país”.

    Na segunda-feira, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse em um briefing que a visita de Lukashenko seria “uma oportunidade para buscar mais progresso na cooperação entre os dois países”.

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