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    Em esforço para se manter no cargo, Benjamin Netanyahu ataca acordo da oposição

    Nas redes sociais, o primeiro-ministro de Israel disse políticos eleitos por votos da direita 'devem se opor a este perigoso governo de esquerda'

    Benjamin Netanyahu discursa no Parlamento de Israel; legisladores aprovaram governo de coalizão
    Benjamin Netanyahu discursa no Parlamento de Israel; legisladores aprovaram governo de coalizão Foto: Reuters

    Reuters

    O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se pronunciou contrariamente nesta quinta-feira (3) ao acordo de seus oponentes políticos para um governo de partidos de esquerda, centro e direita, que visa derrubá-lo.

    Netanyahu, enfrentando a perspectiva de um fim de seus 12 anos como primeiro-ministro, disse no Twitter que “todos os legisladores eleitos por votos da direita devem se opor a este perigoso governo de esquerda”, e ele também falou sobre a participação árabe na coalizão.

    O líder de direita israelense falou nas redes sociais um dia após o anúncio do político de centro Yair Lapid, cerca de 35 minutos antes do prazo final estabelecido nesta quarta-feira (2), de que ele havia conseguido formar uma coalizão governamental.

    Sob o acordo, o nacionalista Naftali Bennett, de 49 anos, ex-ministro da Defesa e milionário de alta tecnologia, se tornaria primeiro-ministro e passaria o cargo para Lapid, 57, ex-apresentador de TV e ministro das finanças, após cerca de dois anos.

    Uma sessão parlamentar, na qual o governo pode ser aprovado por maioria simples, pode demorar até 12 dias, disse o político de extrema direita Avigdor Lieberman, membro da nova coalizão.

    Com o presidente do Parlamento, um leal a Netanyahu, amplamente esperado para tentar evitar qualquer tentativa legislativa de realizar a votação antes, o primeiro-ministro poderia usar o período para tentar minar as forças dessa coalizão.

    O acordo de coalizão culminou em uma eleição de 23 de março em que nem o partido Likud, de Netanyahu, e seus aliados, nem seus oponentes obtiveram a maioria na legislatura. Foi a quarta votação nacional de Israel em dois anos.

    A sistema de governo de Israel pode ser visto como uma colcha de retalhos de partidos pequenos e médios de todo o espectro político, incluindo pela primeira vez na história de Israel um que representa sua minoria árabe de 21% – a Lista Árabe Unida (UAL).

    No Twitter, Netanyahu – que, no passado, já atraiu acusações de racismo ao instar seus partidários votar porque “os árabes estão indo às urnas em massa” – destacou os vínculos da nova aliança com o líder da UAL, Mansour Abbas.

    Netanyahu postou um antigo videoclipe de Bennett dizendo que Abbas “visitou terroristas assassinos na prisão” depois de um ataque em 1992 no qual cidadãos árabes de Israel mataram três soldados. Porta-vozes do partido árabe não responderam imediatamente a um pedido de comentário.

    Naftali Bennett, líder partido de direita Yamina
    Naftali Bennett, líder partido de direita Yamina, anunciou neste domingo (30) que está trabalhando em prol de um acordo de coalizão com Yair Lapid
    Foto: Kristy Sparow/Getty Images

    Linha diversa de governo

    Os membros do futuro governo têm pouco em comum além do desejo de expulsar Netanyahu, que também está sendo julgado por acusações de corrupção. Ele, no entanto, nega qualquer irregularidade.

    A lista inclui Yamina (Direita) de Bennett, Azul e Branco de centro-esquerda, liderados pelo Ministro da Defesa, Benny Gantz, os partidos Meretz e Trabalhista, considerados de esquerda, o partido nacionalista Yisrael Beitenu, do ex-ministro da Defesa Lieberman, e o New Hope, um partido de direita liderado pelo ex-ministro da Educação Gideon Saar, que rompeu com o Likud.

    Os analistas políticos esperam que Netanyahu tente colher o que foi descrito como “a fruta ao alcance da mão”, agarrando-se aos membros do Yamina que estão insatisfeitos com a união de forças com legisladores árabes e esquerdistas.

    “Lançamos a mudança, mas não a concluímos. Serão 12 dias que não serão fáceis e, no final, haverá um governo”, disse Lieberman ao Canal 13 da TV israelense.

    Netanyahu controla 30 cadeiras no Knesset, o Parlamento de Israel, de 120 membros totais, quase o dobro do partido Yesh Atid de Lapid, e é aliado de pelo menos três outros partidos religiosos e nacionalistas.

    Durante seu mandato como primeiro-ministro, Netanyahu foi uma figura polarizadora em casa e no exterior. Seus rivais citaram as acusações criminais contra ele como a principal razão pela qual Israel precisa de uma mudança de liderança, argumentando que ele poderia usar o cargo para tentar se proteger das acusações que enfrenta.

    Uma fonte envolvida nas negociações da coalizão disse que o novo governo proposto tentaria manter o consenso, evitando questões ideológicas polêmicas, como anexar ou ceder o território ocupado da Cisjordânia que os palestinos desejam para um Estado. Bennett defendeu no passado as anexações.

    Mudanças orçamentárias

    “Este governo se concentrará principalmente nas questões econômicas”, disse Lieberman.Talvez o teste mais imediato para um novo governo seja aprovar o orçamento, uma questão que já derrubou coalizões no passado.

    Devido ao prolongado impasse político, Israel ainda está usando uma versão rateada de um orçamento base de 2019 que foi aprovado em meados de 2018. Pode haver algumas grandes mudanças orçamentárias, uma vez que o governo não tem partidos judeus ultraortodoxos que buscam financiamento estatal para instituições religiosas.

    O novo governo, se tomar posse, enfrentará outros desafios consideráveis. Assim como o Irã e o moribundo processo de paz com os palestinos, o país também enfrenta uma investigação de crimes de guerra pelo Tribunal Penal Internacional e a recuperação econômica após a pandemia do coronavírus.

    (Reportagem de Maayan Lubell, Dan Williams, Stephen Farrell, Rami Ayyub e Ari Rabinovitch; com edição de Angus MacSwan)