Em áudios vazados, ministro das Relações Exteriores do Irã critica Soleimani
O general Qasem Soleimani foi morto por um ataque dirigido por drones norte-americanos no Iraque em janeiro de 2020 e, desde então, é visto como mártir no país
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif, criticou a Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) e o general assassinado Qasem Soleimani, em áudios que vazaram para a imprensa iraniana neste domingo (25).
Os áudios fazem parte da gravação de uma entrevista concedida por Zarif a um projeto de pesquisa do jornalista e economista iraniano Saeed Laylaz.
Na gravação, Zarif disse que Soleimani estava dirigindo a política externa e tentando sabotar o Plano de Ação Global Conjunto (JCPOA, na sigla em inglês), o acordo nuclear assinado em 2015 pelos EUA e outras potências mundiais.
Zarif também disse que a diplomacia iraniana foi minada e ofuscada pelas ações militares, especialmente na Síria, onde o IRGC estava ajudando o presidente Bashar al-Assad a desarticular uma rebelião contra seu governo.
“Minha diplomacia sempre pagou o preço pelas atividades militares do mártir Qasem Soleimani e não foi o contrário”, disse ele em entrevista.
Segundo ele, Soleimani também explorou o levantamento das sanções após o acordo nuclear de 2015 para usar voos comerciais para transporte de equipamento militar e pessoal, de Teerã a Damasco, a bordo da Iranair sem informar Zarif.
Os áudios de Zarif revelam um raro momento de crítica interna a Soleimani. O poderoso comandante, que chefiava a Força Quds, uma unidade de elite que lida com as operações militares do Irã no exterior, foi morto por um ataque dirigido por drones norte-americanos no Iraque em janeiro de 2020.
O momento do vazamento dos áudios, no entanto, é questionável. As eleições iranianas estão marcadas para junho, com a principal competição entre o lado moderado do presidente Hassan Rouhani e Zarif contra o lado conservador da linha dura.
Atualmente, o Irã participa de negociações delicadas em Viena com potências mundiais sobre seu programa nuclear e um retorno ao JCPOA. A autenticidade da fita não foi oficialmente confirmada, mas o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Saeed Khatibzadeh, não negou sua validade durante a coletiva de imprensa semanal.
Khatibzadeh, no entanto, disse que as citações foram tiradas do contexto e não refletem a posição oficial. A gravação vazada “não foi de forma alguma uma entrevista desde o início, nem deveria ser uma entrevista. Era parte de um diálogo rotineiro e confidencial que ocorre dentro da administração”, acrescentou Khatibzadeh, segundo a TV estatal.
(Esse texto é uma tradução. Para ler o original, em inglês, clique aqui)
