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    Eleições nos EUA: entenda como desistência de DeSantis prejudica Haley contra Trump

    Apoiadores do governador da Flórida, por mais limitados que fossem, constituem mais um grupo de eleitores a partir do qual o ex-presidente pode aumentar a sua já saudável vantagem na corrida republicana

    Governador da Flórida, Ron DeSantis, ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e ex-governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley.
    Governador da Flórida, Ron DeSantis, ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e ex-governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley. Brian Snyder, Mike Segar / Reuters

    David Markda CNN

    A saída do governador da Flórida, Ron DeSantis, da corrida pela candidatura republicana nas eleições dos EUA deu à sua ex-rival, a ex-embaixadora americana na ONU Nikki Haley, a disputa direta contra o ex-presidente Donald Trump que ela alegou desejar quando discursou após a prévia de Iowa na semana passada.

    Mas a ex-governadora da Carolina do Sul provavelmente só será prejudicada com isso.

    Os apoiadores de DeSantis, por mais limitados que fossem, constituem mais um grupo de eleitores a partir do qual Trump pode aumentar a sua já saudável vantagem sobre Haley.

    E o próprio DeSantis não está mais por perto como um escudo político enquanto Haley se dirige para as primárias cruciais de terça-feira no estado de New Hampshire .

    Uma pesquisa da CNN divulgada antes de DeSantis se retirar da disputa apontou que ele era a primeira escolha de 6% dos prováveis ​​eleitores republicanos nas primárias de New Hampshire.

    Isso o colocou muito atrás na pesquisa, conduzida pela Universidade de New Hampshire, com 50% dos prováveis ​​eleitores republicanos no estado apoiando Trump, e Haley obtendo 39%.

    Quando os apoiadores de DeSantis foram questionados sobre sua segunda escolha para candidato, o apoio de Haley aumentou ligeiramente, para 41%. Mas o apoio de Trump subiu para 54%.

    Outros 3% dos prováveis ​​eleitores do Partido Republicano nas primárias disseram que votariam em outra pessoa.

    Isto não é particularmente surpreendente, uma vez que todo o conceito da campanha de DeSantis era ser uma versão mirim Trump.

    Na Flórida, ele escolheu brigas por questões culturais sobre o conteúdo de livros didáticos de estudos sociais, abordou questões da pandemia de Covid-19 e bateu cabeça com o maior empregador do estado, a Disney, entre outras ações que provavelmente agradariam à direita populista.

    Em sua candidatura à nomeação do Partido Republicano, DeSantis – que declarou apoio a Trump no domingo – até tentou bater no ex-presidente de direita pelos resultados supostamente insuficientes de seu governo na concretização em lei das propostas políticas MAGA (“Make America Great Again”).

    Mas Haley estava ansiosa para mostrar que DeSantis, que só conseguiu um segundo lugar em Iowa, apesar de ter acampado no estado e em determinado momento ter superado Trump nas pesquisas, estava enfraquecendo ao mesmo tempo em que ela subia.

    Ela parecia pensar que isso lhe daria mais impulso e credibilidade à medida que a corrida se voltasse para um território mais amigável, em New Hampshire.

    A composição do eleitorado republicano nas primárias de New Hampshire e o desempenho mais forte de Haley nas pesquisas também provavelmente influenciaram o possível erro de cálculo de Haley.

    Trump perdeu em New Hampshire nas eleições gerais de 2016 e 2020. E o estado, que não tem tantos eleitores evangélicos que favorecem o ex-presidente, tem um grande grupo de eleitores independentes.

    O candidato presidencial republicano e ex-presidente dos EUA, Trump, participa de evento de campanha em Waterloo, Iowa / 19/12/2023 REUTERS/Scott Morgan

    Refletindo sobre como ela é potencialmente mais adequada para o chamado “Granite State” do que Trump, o governador de New Hampshire, Chris Sununu, tem sido um apoiador proeminente de Haley.

    Algumas das táticas de Haley também podem ter saído pela culatra, como desistir de dois debates com DeSantis nos últimos dias, a menos que Trump participasse.

    A ideia era enfatizar que o seu verdadeiro adversário é Trump. Mas, ao fazê-lo, Haley renunciou a duas oportunidades de destaque para se apresentar à parte não declarada do eleitorado de New Hampshire que a sua campanha agora corteja de forma tão agressiva.

    Haley corre o risco de ser vítima do efeito “manada” que alguns investigadores identificaram, no qual os eleitores querem apoiar o provável vencedor.

    Um artigo de 2014 de Neil Malhotra, da Universida de Stanford, e David Rothschild, da Microsoft Research, mostrou que alguns eleitores mudam de lado para se sentirem aceitos e para fazerem parte da “equipe vencedora”.

    Para eles, a desistência de DeSantis (e a rápida declaração de apoio a Trump) não faria com que Haley parecesse a aposta mais segura, mas sim Trump.

    Haley tentou tirar o melhor proveito da jogada de DeSantis.

    “Não somos um país de coroações”, disse Haley em comunicado no final da tarde de domingo. “Os eleitores merecem ter a palavra sobre se seguiremos o caminho de Trump e Biden novamente ou se seguiremos um novo caminho conservador.”

    Mas com a saída de DeSantis acontecendo um pouco mais de 48 horas antes do fechamento das urnas em New Hampshire, na noite de terça-feira, ela pode ter dificuldade em conseguir algo melhor do que um segundo lugar, atrás de Trump, se ele realmente obtiver 50% ou mais.

    Embora terminar em segundo lugar relativamente próximo normalmente permitiria o direito de se gabar contra um ex-presidente que é efetivamente um quase-titular da vaga, ela enfrenta um sério desafio de calendário e geografia.

    As primárias da Carolina do Sul, no estado natal de Haley, só acontecerão em 24 de fevereiro.

    Pré-candidata presidencial republicana Nikki Haley / 08/11/2023 REUTERS/Mike Segar

    Isso dá a Trump bastante tempo para aproveitar o seu já considerável apoio republicano no estado, com muitos funcionários eleitos do Partido Republicano o apoiando.

    E nenhum outro estado dessa primeira fase das primárias republicanas parece demonstrar uma chance dela terminar em primeiro.

    Além disso, não é apenas a campanha de Trump que está mobilizada contra ela. Com a saída de DeSantis, o establishment republicano se reúne fortemente em apoio a Trump.

    O senador Steve Daines, de Montana, que chefia o braço de campanha republicano no Senado, deixou isso claro em um post no X (antigo Twitter), no final da tarde de domingo, menos de duas horas depois de DeSantis renunciar.

    “Donald Trump é o provável candidato. Estou encorajando todos os republicanos a se reunirem em torno dele porque serão necessários todos nós para derrotar Joe Biden, retomar o Senado e manter a Câmara”, escreveu Daines, presidente do Comitê Nacional Republicano no Senado.

    Esta mensagem de mobilização em torno de Trump provavelmente torna os apoiadores de Haley ainda mais uma minoria isolada no firmamento do Partido Republicano.

    Na rota da votação de terça-feira na primária de New Hampshire, a desistência de DeSantis apenas agrava o desafio de Nikki Haley.

    * Nota do Editor: David Mark é um jornalista de política, autor e orador. Ele é autor de “Going Dirty: The Art of Negative Campaigning” e coautor de “Dog Whistles, Walk-Backs, and Washington Handshakes: Decoding the Jargon Slang and Bluster of American Political Speech”.

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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