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    Veja as diferenças entre Trump e Kamala quando o assunto é imigração

    Ambos os candidatos prometem medidas urgentes para aumentar a segurança nas fronteiras e reduzir o número de entradas ilegais nos Estados Unidos

    Luciana Caczanda CNN

    A imigração ilegal é um dos temas mais sensíveis para a população americana. Republicanos e Democratas, igualmente, querem implementar medidas de segurança para que a situação na fronteira sul dos Estados Unidos seja controlada.

    Para Donald Trump e Kamala Harris, as promessas de campanha sobre o tema têm impacto importante e direto nas pesquisas de intenção de votos. Para Kamala Harris, especificamente, a política de imigração é considerada um dos maiores desafios para sua campanha, já que ela foi designada pelo presidente Joe Biden para lidar com a crise migratória, ganhando o apelido de “Czar da Fronteira”.

    Segundo o analista sênior de internacional da CNN Brasil, Américo Martins, com o recorde de entrada de imigrantes ilegais nos Estados Unidos em 2023, é possível avaliar que a vice de Biden não conseguiu implementar medidas eficazes para impedir que cerca de dois milhões e meio de pessoas entrassem no paíse de forma ilegal. Esse insucesso serviu de munição para que Donald Trump a atacasse – incessantemente – nesta questão.

    Em seus eventos de campanha, Kamala Harris tem enfatizado a importância de uma abordagem que equilibre a segurança na fronteira e o atendimento dos imigrantes indocumentados que já residem nos Estados Unidos. Kamala ataca Donald Trump ao dizer que ele travou um projeto bipartidário de imigração no Congresso, simplesmente pelo fato de que o sucesso da medida seria prejudicial para a campanha do Republicano.

    O ex-presidente e candidato do partido Republicano, por sua vez, tem prometido em seus comícios uma deportação em massa, a retomada da construção do muro que separa México e Estados Unidos e medidas mais rígidas para o fechamento das fronteiras.

    Conheça abaixo as propostas de Donald Trump e Kamala Harris para lidar com a imigração.

    Candidato republicano à presidência, ex-presidente Donald Trump. • Reuters

    Imigração é tema central da campanha Republicana

    Donald Trump fez com que a imigração ilegal e a segurança da fronteira sul dos Estados Unidos se tornassem as questões centrais de sua campanha. Sua influência no partido permitiu a ele pressionar congressistas Republicanos para que rejeitassem um acordo bipartidário sobre a fronteira no início deste ano. O projeto de 118 bilhões de dólares seria destinado a reforçar a segurança na fronteira, além de oferecer ajuda para Israel e à Ucrânia.

    Alguns democratas se opuseram ao projeto porque acreditavam que algumas das medidas tratavam os imigrantes de forma excessivamente severa. Já os congressistas Republicanos alegaram que as medidas não eram severas o suficiente.

    No final de fevereiro, Trump visitou a fronteira e promoveu políticas de imigração semelhantes às de 2016 e de 2020. Em janeiro deste ano, Trump prometeu usar o “Alien Enemies Act” ou o “Ato de Inimigos Estrangeiros”, para remover dos Estados Unidos membros de gangues conhecidos ou suspeitos, traficantes de drogas ou integrantes de cartéis.

    O Republicano prometeu deslocar grandes partes das agências federais de aplicação de lei à imigração, incluindo partes da Administração do Controle de Drogas (DEA), do Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos, do FBI, a polícia federal americana, e do Departamento de Segurança Interna (DHS).

    Em seus discursos de campanha, Donald Trump enfazita que o aumento da violência nos Estados Unidos está diretamente ligado à entrada de imigrantes ilegais no país. O ex-presidente usa uma terminologia que desumaniza os imigrantes, chamando-os de “animais” ao se referir a supostos atos criminosos. Em diversas ocasiões, o ex-presidente também disse que os imigrantes estão “envenenando o sangue do país”, uma frase que recebeu críticas por ser xenofóbica e por lembrar a retórica nazista. Em resposta às críticas, Trump afirmou que não tinha ideia de que Adolf Hitler havia usado uma linguagem semelhante.

    Em suas falas, o Republicano foca em casos de mulheres e meninas, supostamente assassinadas por imigrantes ilegais, um discurso que ele tem usado repetidamente desde que concorreu à Casa Branca pela primeira vez em 2015.

    Mas em junho deste ano, Trump propôs conceder “automaticamente” vistos permanentes a estrangeiros que se formem em faculdades dos EUA — comentários que se distanciam de seus esforços para restringir tanto a imigração legal quanto a ilegal enquanto estava no cargo.

    Após o início da guerra Israel-Hamas em outubro passado, Trump também prometeu revogar os vistos de “simpatizantes do Hamas”. “Vamos tirá-los dos nossos campi universitários, das nossas cidades e mandá-los para fora do nosso país,” acrescentou.

    Com a proximidade do dia 5 de novembro, dia da eleição nos Estados Unidos, os ataques de Trump a sua rival Kamala Harris nesta questão têm se tornado mais frequentes e mais pesados.

    No final de agosto, um novo anúncio de televisão da campanha do ex-presidente apresentou mentiras para atacar Kamala. A peça usa uma citação editada para criticar a vice de Biden sobre uma suposta proposta que ela, na verdade, não fez.

    O vídeo apresenta um narrador dizendo o seguinte: “Atenção, aposentados: Kamala Harris prometeu anistia para os 10 milhões de [imigrantes] ilegais que ela permitiu entrar enquanto foi Czar das Fronteiras, tornando-os elegíveis para o Seguro Social. Estudos alertam que isso levará a cortes nos seus benefícios do Seguro Social.”

    Uma citação exibida na tela, que o anúncio atribui ao Centro para Estudos da Imigração (Center for Immigration Studies), uma organização que defende a redução da imigração, diz: “A anistia de Harris impõe um grande custo ao Seguro Social.”

    As alegações da peça são falsas. Kamala não fez nenhuma promessa para conceder status legal a todos os migrantes que cruzaram a fronteira durante sua vice-presidência. Embora ela tenha expressado apoio a um caminho para a cidadania para um grupo não especificado de pessoas indocumentadas, ela nunca disse que imigrantes recentes deveriam ser incluídos. Além disso, o nome de Kamala não aparece na citação real do Centro para Estudos da Imigração (Center for Immigration Studies) sobre o provável custo da “anistia” para o Seguro Social. O Centro afirma que não analisou uma proposta específica de anistia para 2024 de Kamala porque não há uma proposta específica.

    Vice-presidente dos EUA e candidata presidencial democrata, Kamala Harris • 08/08/2024 REUTERS/Elizabeth Frantz

    A estratégia da “abordagem equilibrada” do partido Democrata não é novidade

    Desde que Kamala assumiu o topo da chapa, aliados e defensores dos imigrantes pressionaram sua equipe a abordar não apenas a segurança da fronteira, mas também os milhões de imigrantes sem documentos nos EUA. A estratégia da “abordagem equilibrada” é especialmente bem-vinda aos defensores que têm alertado sobre a mensagem do partido Democrata da forte aplicação da lei na fronteiras nos últimos meses.

    Em 2020, a plataforma do partido enfatizou que os EUA “deveriam ser um farol de esperança para aqueles que sofrem violência e injustiça” e enfatizou a proteção e expansão do sistema de asilo existente, sem mencionar os limites de asilo.

    Quatro anos depois, a plataforma pede o fortalecimento do sistema de asilo, removendo rapidamente aqueles que não têm base legal para permanecer nos EUA.

    A campanha de Kamala rapidamente partiu para a ofensiva contra a imigração no final de julho, citando seu trabalho processando membros de gangues transnacionais e a medida bipartidária de fronteira que não avançou no Congresso dos EUA.

    Kamala rapidamente começou a tentar contra-atacar os golpes de Trump ao seu histórico de imigração.

    Sua campanha lançou um vídeo no final de julho destacando o apoio da vice de Biden ao aumento do número de agentes da Patrulha de Fronteira e contando como Trump travou o acordo bipartidário de imigração que incluía algumas das medidas de segurança de fronteira mais rigorosas da atualidade nesta questão.

    Kamala mudou sua posição sobre o controle de fronteiras desde sua campanha de 2020, quando sugeriu que os democratas precisavam “examinar criticamente” o papel do Serviço de Imigração e Fiscalização de Aduanas (ICE), depois de ser questionada se ela estava do lado daqueles dentro do partido que defendiam a abolição do departamento.

    Em junho deste ano, a Casa Branca anunciou uma repressão aos pedidos de asilo com o objetivo de continuar reduzindo as travessias na fronteira entre Estados Unidos e México — uma política que a gerente de campanha de Kamala, Julie Chavez Rodriguez, indicou no final de julho à CBS News que continuaria sob uma administração da Democrata.

    Os ataques de Trump são decorrentes do fato de Biden ter encarregado Kamala de supervisionar os esforços diplomáticos na América Central em março de 2021. Enquanto ela se concentrou em soluções de longo prazo, o Departamento de Segurança Interna permaneceu responsável pela supervisão da segurança na fronteira.

    À medida que a situação ao longo da fronteira entre Estados Unidos e México se tornou uma vulnerabilidade política para Biden, Kamala deu sua própria contribuição aos esforços do governo, envolvendo o setor privado e unindo-se à Parceria para a América Central, que tem atuado como um elo de ligação entre empresas e o governo dos EUA. A equipe de Kamala e a parceria estão coordenando de perto iniciativas que levaram à criação de empregos na região. Kamala também se envolveu diretamente com líderes dos países.

    Especialistas atribuem à capacidade de Kamala Harris de garantir investimentos do setor privado sua ação mais visível na região até agora, mas alertam sobre a durabilidade desses investimentos em longo prazo.

    Em uma entrevista exclusiva à âncora Dana Bash da CNN no final da agosto, Kamala Harris voltou a falar na lei bipartidária sobre imigração, dizendo que faria o possível para que “ela fosse parar em sua mesa e assiná-la”. A vice de Biden também prometeu reforçar as leis nas fronteiras.

    “Temos leis que precisam ser seguidas e impostas, que abordam e lidam com pessoas que cruzam nossa fronteira ilegalmente, e deveria haver consequências”, disse a candidata Democrata à Bash.

     

    *Com informações da Reuters e CNN

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