Serviço Secreto participará de investigação sobre ataque contra Trump
Agência vive escrutínio público após falha que levou ao atentado que feriu ex-presidente
Em sua primeira declaração pública desde a tentativa de assassinato do ex-presidente Donald Trump, a diretora do Serviço Secreto dos EUA, Kimberly Cheatle, disse nesta segunda-feira (15) que a agência “participará plenamente” em uma revisão independente ordenada pelo presidente Joe Biden e também disse que a agência trabalhará com o Congresso em “qualquer ação de supervisão.”
Cheatle, que foi nomeado por Biden em 2022, expressou confiança no plano de segurança da agência para a Convenção Nacional Republicana desta semana em Milwaukee e disse que mudanças foram feitas na segurança de Trump desde sábado (13).
“O Serviço Secreto tem a enorme responsabilidade de proteger os atuais e antigos líderes da nossa democracia”, disse Cheatle. “É uma responsabilidade que levo muito a sério e estou comprometida em cumprir essa missão.”
Surgiram dúvidas sobre os preparativos da agência após o tiroteio de sábado, que feriu o ex-presidente, matou um participante e deixou duas pessoas gravemente feridas. O atirador, identificado pelas autoridades como Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, também foi morto por agentes do Serviço Secreto no local.
Entre as preocupações e questões está como um atirador conseguiu obter acesso a um telhado a cerca de 150 metros da posição do ex-presidente no pódio de um comício ao ar livre.
Notavelmente, a localização do atirador estava fora do perímetro de segurança, levantando questões sobre o tamanho do perímetro e os esforços para varrer e proteger o edifício da American Glass Research, e como o atirador conseguiu obter acesso ao telhado.
Um porta-voz do Serviço Secreto dos Estados Unidos disse à CNN que a agência não varreu o prédio onde Crooks atirou em Trump, mas, em vez disso, apoiou-se nas autoridades locais para conduzir a segurança naquele local.
O porta-voz acrescentou que deveria haver policiais locais destacados naquela área, mas não está claro onde esse posto deveria estar localizado. Uma fonte não diretamente envolvida, mas com conhecimento das operações do Serviço Secreto, descreveu possíveis postos de roaming, por exemplo, como parte de alguns planos operacionais.
O Serviço Secreto trabalha regularmente com agências policiais locais para ajudar na segurança de eventos, como é o caso em Milwaukee. Além disso, o Serviço Secreto utilizou duas equipes locais de contra-atiradores durante o comício de Trump, além de duas equipes de contra-atiradores do Serviço Secreto.
O porta-voz não sabia, no momento da investigação da CNN, qual agência local deveria ser responsável pelo edifício.
Uma fonte familiarizada com a investigação disse que uma das duas equipes locais de contra-atiradores deveria cobrir o prédio onde o atirador estava empoleirado, observando que se tratava de um posto designado no plano operacional.
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Enquanto isso, detalhes adicionais sobre o ataque a tiros continuaram a surgir na manhã desta segunda-feira, com um alto funcionário dizendo que o atirador comprou 50 cartuchos de munição em uma loja de armas local poucas horas antes de realizar seu ataque.
Biden disse no domingo (14) que instruiu Cheatle a revisar todas as medidas de segurança da Convenção Nacional Democrata, bem como uma revisão independente do tiroteio no comício de sábado “para avaliar exatamente o que aconteceu. Ele prometeu divulgar publicamente os resultados desse inquérito.
Fontes responsáveis pela aplicação da lei dizem que parte das consequências incluirá uma revisão para saber se o Serviço Secreto tinha bens suficientes para proteger Trump dias antes de se tornar oficialmente o candidato presidencial republicano e se foram seguidos procedimentos para realizar varreduras de segurança no edifício que oferecia um ponto de vantagem para o suposto atirador.
Os legisladores republicanos e democratas já exigem respostas da agência sobre a postura de segurança e audiências sobre o incidente.
O presidente da Câmara, Mike Johnson, prometeu uma “investigação completa” do tiroteio, apresentando depoimentos do USSS, DHS e do FBI, e dois republicanos no Comitê de Segurança Interna do Senado também pediram uma investigação.
O secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, em aparição na CNN na manhã desta segunda-feira, reconheceu que o incidente de sábado representou uma “falha” de segurança.
“Vamos analisar através de uma revisão independente como isso ocorreu, por que ocorreu e fazer recomendações e conclusões para garantir que não aconteça novamente”, disse ele.