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    Pesquisas subestimaram Trump mais uma vez; especialistas têm um palpite do porquê

    Fato das pesquisas terem consistentemente apontado na mesma direção está gerando suspeitas entre especialistas de que as pesquisas estão tendo dificuldade em obter respostas de apoiadores de Trump

    Jason Largeda Reuters , em Washington, EUA

    Após a vitória do presidente eleito republicano Donald Trump nas eleições americanas, alguns pesquisadores estão se esforçando para entender por que suas pesquisas mais uma vez subestimaram seu apoio entre os eleitores americanos.

    Pesquisas antes da votação de 5 de novembro mostraram Trump atrás da vice-presidente democrata Kamala Harris por 1 ponto percentual, de acordo com uma média de dezenas de pesquisas nacionais compiladas pelo FiveThirtyEight, um site sobre análise de dados para política e esportes.

    Com as contagens de votos quase finalizadas, Trump liderou Harris no cenário nacional por 2 pontos percentuais: 50% a 48%.

    Essa diferença de 3 pontos ocorre depois das pesquisas de 2020 terem subestimado a margem nacional de Trump em 4 pontos e as de 2016 subestimarem seu desempenho em 2 pontos, de acordo com as médias da FiveThirtyEight.

    Esses resultados estão todos dentro das margens de erro dos pesquisadores — uma medida de precisão estatística influenciada por uma variedade de fatores, incluindo o número de entrevistados em uma pesquisa — e a estreita divisão do eleitorado americano torna especialmente difícil acertar a estimativa.

    Mas o fato de que as pesquisas eleitorais nacionais têm consistentemente apontado na mesma direção está gerando suspeitas entre alguns pesquisadores e especialistas de que as pesquisas estão tendo dificuldade em entrevistar apoiadores de Trump, levando-os a subestimar sua força.

    “É difícil escapar da ideia de que há um desafio em alcançar os eleitores de Trump”, disse Charles Franklin, pesquisador da Marquette Law School, em Milwaukee, que participará de uma força-tarefa que avaliará pesquisas feitas antes das eleições para a Associação Americana de Pesquisa de Opinião Pública, a principal organização profissional de especialistas em pesquisas e pesquisas eleitorais nos EUA.

    Mesmo nos estados-pêndulos do Arizona, Geórgia, Nevada e Carolina do Norte — onde as pesquisas estavam amplamente corretas ao apontar vitórias de Trump em 5 de novembro — a margem do ex-presidente no dia da eleição foi cerca de 1 a 3 pontos percentuais maior do que nas pesquisas.

    Nos estados indecisos do Rust Belt, Pensilvânia, Wisconsin e Michigan — onde Trump estava atrás nas pesquisas, mas venceu a votação — as médias das pesquisas também o subestimaram em 2 a 3 pontos.

    O cientista político da Universidade Vanderbilt, Josh Clinton, que liderou uma força-tarefa que analisou o desempenho das pesquisas no ciclo eleitoral de 2020, disse estar preocupado que a aparente medição incorreta pudesse amplificar sua possível causa: a desconfiança pública nas pesquisas e nas instituições políticas em geral.

    “Isso deslegitima toda a operação de maneiras que considero bastante prejudiciais”, disse Clinton, uma dos quatro principais pesquisadores e especialistas em pesquisas dos EUA entrevistados pela Reuters que participaram de análises anteriores da Associação Americana de Pesquisa de Opinião Pública ou que devem participar do exercício deste ano.

    Trump faz comício no Arizona, EUA • 23/08/2024 REUTERS/Go Nakamura

    Apesar de errar o alvo, alguns especialistas em pesquisas enfatizam que chegar a poucos pontos do resultado continua sendo um feito notável e melhorar seu histórico no futuro será difícil para os pesquisadores.

    Além de serem menos propensos a atender seus telefones, o enorme aumento no volume de e-mails e textos de spam nas últimas décadas tornou os americanos menos receptivos a contatos não solicitados em geral, eles disseram.

    “Este é um mundo muito diferente daquele com o qual lidávamos há 20 ou 30 anos”, disse Christopher Wlezien, cientista político da Universidade do Texas em Austin que participou das análises das eleições presidenciais de 2016 e 2020.

    Efeito Trump

    Especialistas em pesquisas disseram à Reuters que ainda não sabem por que as pesquisas subestimam Trump, que criticou as pesquisas por considerá-las tendenciosas contra ele ao longo de sua carreira política.

    “Pesquisadores, especialistas de DC e a mídia sempre subestimaram o presidente Trump e sua histórica coalizão de apoiadores”, disse a porta-voz da transição de Trump, Karoline Leavitt. “A única pesquisa que importa acontece no dia da eleição.”

    A campanha de Kamala Harris não respondeu a um pedido de comentário.

    A análise de pesquisas feita após a eleição de 2020 considerou a possibilidade de que as pesquisas subestimaram Trump porque seus apoiadores responderam menos às pesquisas, consistente com sua marca como um outsider político. Mas os pesquisadores e especialistas do painel não chegaram a uma conclusão firme.

    Espera-se que a ideia esteja entre as discutidas pela força-tarefa de 2024, de acordo com entrevistas com dois pesquisadores que dizem que planejam comparecer.

    Especialistas em pesquisas e pesquisadores também dizem que é possível que os pesquisadores estejam introduzindo erros quando processam os números brutos de suas pesquisas para dar mais peso às respostas vindas de pessoas que eles consideram mais propensas a votar.

    Refinamento

    Medir o apoio a Trump parece ser um problema específico para os pesquisadores.

    Pesquisas de opinião pública não subestimaram a força republicana nas eleições de meio de mandato para o Congresso em 2018 e 2022, quando Trump não estava na cédula, disse Franklin.

    Isso sugere que algo diferente pode estar acontecendo nas eleições presidenciais, quando o eleitorado inclui mais pessoas que votam apenas ocasionalmente.

    Quase dois terços dos eleitores registrados votaram nas eleições deste ano, em comparação com pouco menos da metade nas eleições parlamentares de 2022, de acordo com uma análise do Laboratório Eleitoral da Universidade da Flórida.

    Franklin, que comanda a pesquisa da Marquette em Wisconsin, se esforçou mais este ano para alcançar os eleitores de Trump.

    A aparição do ex-presidente segunda marcou a primeira vez que ele foi visto após a tentativa de assassinato contra ele em uma comício na Pensilvânia, no sábado (13). • Reuters

    Em vez de dividir o estado em cinco regiões para amostragem por meio de discagem aleatória dos números de telefone das pessoas, como fazia no passado, a pesquisa Marquette deste ano dividiu o estado de forma mais precisa em 90 regiões e acompanhou os possíveis entrevistados primeiro por e-mail e depois por telefone, tudo em um esforço para manter as taxas de resposta mais altas em cidades republicanas e democratas.

    Franklin disse que essas mudanças podem ser a razão pela qual sua pesquisa subestimou a margem de Trump em cerca de 2 pontos neste ano, em comparação com uma diferença de 4 pontos em 2020.

    O problema da “não resposta” à pesquisa também é anterior à ascensão de Trump como símbolo antissistema.

    As taxas de resposta vêm caindo há décadas em grandes pesquisas não políticas, como as conduzidas pelo Censo.

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