Kamala vence Trump em Porto Rico, mas votação é simbólica; entenda
Democrata teve 73,46% dos votos, enquanto Republicano ficou com 26,54%
A candidata democrata, Kamala Harris, foi a favorita dos porto-riquenhos em uma votação simbólica que ocorreu na ilha para as eleições presidenciais dos Estados Unidos.
Kamala conseguiu 73,46% dos votos (709.902 pessoas), em comparação com 26,54% (256.505 pessoas) do candidato republicano, o agora presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de acordo com os resultados preliminares da Comissão Eleitoral do Estado (CEE) de Porto Rico.
A CEE de Porto Rico divulgou os resultados preliminares esta quarta-feira (6) com 91,35% dos votos apurados.
Das 1.937.707 pessoas inscritas na votação, o CEE informou que 1.114.471 compareceram a esta eleição simbólica, com a participação preliminar de 57,51%.
Além dos votos para Kamala e Trump, houve 120.436 votos em branco e 17.937 votos onde alguém foi indicado diretamente.
Embora faça parte dos EUA, os residentes da ilha não têm direito a voto nas eleições federais e, portanto, esses votos são simbólicos.
Esta é uma consulta para os porto-riquenhos expressarem a sua preferência para presidente e vice-presidente do país. Até a cédula de votação leva o nome de “cédula de preferência presidencial”, de acordo com a Comissão Eleitoral Estadual (CEE) de Porto Rico.
Como cidadãos norte-americanos, os residentes de Porto Rico participam das primárias presidenciais, elegendo governador e legislatura local.
O voto de preferência presidencial da ilha não conta nos resultados oficiais dos EUA porque, em suma, Porto Rico é um “território não incorporado” e não um “estado”, portanto não tem representação no Colégio Eleitoral Americano e não pode votar para presidente, nem eleger senadores e representantes para o Congresso em Washington, conforme exigido pela lei dos EUA.
Segundo a agência EFE, o objetivo deste voto simbólico é expressar os sentimentos dos porto-riquenhos, que nas últimas semanas estiveram no centro das notícias de um comício de campanha relacionado com as eleições.
Os moradores da ilha disseram estar indignados com os insultos proferidos num comício de Trump, no final de outubro, em Nova York, pelo comediante Tony Hinchcliffe, que chamou Porto Rico de “ uma ilha flutuante de lixo ”.
Matthew Tuerk, prefeito da cidade de Allentown, na Pensilvânia, onde vivem aproximadamente 40 mil porto-riquenhos – moram no estado um total de cerca de 500 mil porto-riquenhos – disse à CNN que as palavras de Hinchcliffe ofenderam a comunidade nativa da ilha.
“Quando falam de outra pessoa de forma racista, isso não os incomoda. Mas atacar a ilha é um pouco diferente, as pessoas ficaram com raiva. Agora peço que transformem essa raiva em voto, em ação”, comentou Tuerk. Vale lembrar que os porto-riquenhos que possuem residência permanente em um estado dos EUA podem votar para presidente.
Da mesma forma, políticos democratas, políticos republicanos, políticos porto-riquenhos, figuras como o rapper Bad Bunny, a cantora Jennifer Lopez e o cantor Residente, entre outros grupos, reagiram ao assunto e defenderam a ilha.
Entretanto, a campanha de Trump distanciou-se das palavras de Hinchcliffe e o próprio Donald Trump disse que ninguém fez mais por Porto Rico do que ele.
Embora os porto-riquenhos possam expressar os seus sentimentos emitindo a sua preferência presidencial, alguns na ilha consideram isso uma perda de tempo, como disse à CNN María Mercado, residente no município de Dorado .
“Não perderia o meu tempo, até que se tenha em conta que se diz que a votação vai ter algum tipo de efeito. Se não, realmente, pelo menos não vou perder o meu tempo votando em algo que não vale a pena”, comentou Mercado.
“Nós, como cidadãos americanos, devemos ter a oportunidade de votar nos Estados Unidos, para que seja válido”, disse Axel Maysonet, residente em Dorado.
“Não temos nada a dizer” sobre a votação das preferências presidenciais, comentou Ruth Robles, moradora do município de Vega Alta.
“Não sei por que [o voto presidencial] está em votação, não é necessário, nosso voto não adianta. Por que vamos votar em alguém que nosso voto não vai servir? “, disse Joseph Agosto, também morador de Vega Alta.
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