Analista político avalia impactos das eleições americanas no Brasil
Sílvio Cascione, diretor da Eurasia Group no Brasil, aborda cenários com vitória de Trump ou de Kamala, destacando efeitos na economia brasileira e relações bilaterais
As eleições presidenciais nos Estados Unidos, que encerram sua votação nesta terça-feira (5), podem ter impactos significativos no Brasil, variando de acordo com o vencedor. Sílvio Cascione, analista político e diretor da Eurasia Group no Brasil, avaliou no CNN 360 os possíveis cenários para o país.
Em caso de vitória do republicano Donald Trump, Cascione aponta que a relação bilateral tende a ficar mais difícil. “O que mais preocupa é o impacto das políticas do Trump sobre a economia americana, sobre os mercados internacionais e como isso pode afetar a segunda metade do governo Lula aqui no Brasil”, explica.
O analista destaca que as promessas de campanha de Trump sobre imigração e tarifas comerciais indicam um aumento da inflação nos EUA. Isso poderia resultar em um ambiente de mais inflação e juros mais altos, dificultando o trabalho do Banco Central brasileiro para reduzir as taxas de juros e limitando o espaço para a condução da política econômica no país.
Cenário com Kamala Harris
Por outro lado, uma vitória de Kamala Harris teria impactos diferentes, dependendo do resultado no Congresso americano. Cascione observa que, provavelmente, Harris teria controle apenas de uma parte do Congresso, o que poderia atrapalhar a execução de suas políticas, incluindo na área ambiental.
O analista ressalta que a capacidade dos Estados Unidos de aumentarem investimentos e se engajarem com o Brasil na área ambiental depende, em parte, da governabilidade nos EUA. Isso pode afetar as relações bilaterais e as políticas de cooperação entre os dois países.
Relações com a China
Quanto às relações com a China, Cascione afirma que há um consenso nos EUA, em ambos os partidos, de que o país asiático é um adversário. A diferença entre Trump e Harris estaria mais no estilo de condução dessa relação do que na substância.
“Os democratas mostraram uma atenção grande ao processo, à diplomacia, para tentar evitar o afastamento ou um atrito mais descontrolado com os chineses”, explica. Já Trump tende a negociar de maneira mais dura, usando a surpresa como tática, o que pode trazer mais instabilidade para as relações internacionais.