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    Trump precisaria repetir vitórias de 2016 para se reeleger

    Trump poderia perder, por exemplo, na Flórida e no Iowa. Mas, para isso, precisaria repetir a vitória em todos os outros estados; entenda as chances

    Lourival Sant'Annada CNN

     O caminho para a reeleição do presidente Donald Trump é o mesmo de 2016. Isso porque, segundo todos os institutos de pesquisa independentes, incluindo o Trafalgar, único que prevê a vitória de Trump, o presidente não conquistou nenhum estado novo nesses 4 anos. 

    Trump obteve, em 2016, 306 votos no Colégio Eleitoral. São necessários 270. Ou seja, ele pode perder 36 votos, e ainda assim se reeleger. Significa que ele poderia, por exemplo, perder a Flórida (29) e o Iowa (6). Mas, para isso, precisaria repetir a vitória em todos os outros. 

    O Trafalgar prevê a vitória de Trump porque considera que ele só perderá os 10 votos eleitorais do Wisconsin. As margens da vantagem de Trump nas pesquisas do Trafalgar são pequenas em estados decisivos: Flórida (49,6%-46,9%), Arizona (48,9%-46,4%), Michigan (49,1%-46,6%), Pensilvânia (48,4%-47,6%) e Carolina do Norte (48,8%-46,0%). De maneira que há uma grande incerteza nessa previsão, mesmo eles tendo sido os únicos que acertaram em 2016.

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    Os outros institutos antecipam a vitória de Joe Biden porque suas pesquisas indicam o favoritismo dele em vários estados que Hillary Clinton perdeu em 2016. 

    A CNN elabora a média das pesquisas mais recentes que seguem os seus padrões de qualidade estatística. Por essa média, a vantagem de Biden sobre Trump nos estados que ele conseguiu virar em 2016 são as seguintes (com o número de cadeiras no Colégio Eleitoral entre parêntesis e o histórico recente):

    — FLÓRIDA (29) : o republicano George W. Bush venceu em 2000 e 2004, o democrata Barack Obama venceu em 2008 e em 2012 e Trump, em 2016, por 1,2 ponto percentual. Biden está com 48% e Trump, 46%. 

    — PENSILVÂNIA (20): estado tradicionalmente democrata, Trump venceu em 2016 por 44 mil votos. Biden com 50% e Trump, 44%. 

    — MICHIGAN (16): democratas venciam desde 1992. Trump ganhou por menos de 11 mil votos em 2016. Biden com 51% e Trump, 42%. 

    — WISCONSIN (10): democratas ganhavam desde 1988. Trump ganhou em 2016 por 23 mil votos. Biden, 52% e Trump, 42%.

    Carolina do Norte, Arizona, Ohio e Flórida devem entregar os resultados mais depressa, porque já estão contando os votos, me disse o cientista político Hussein Kalout, pesquisador da Universidade Harvard. 

    O anúncio de eventual derrota de Trump na Flórida na noite de terça ou madrugada de quarta tornaria sua eleição improvável, por causa do seu peso no Colégio Eleitoral, da situação desfavorável nos outros estados que ele virou em 2016, e da perspectiva ainda menor de ele virar no resto do país.

    Outro estado importante para observar é a Pensilvânia, por causa de seu peso também no Colégio Eleitoral. Lá, três quartos dos votos antecipados vieram de eleitores filiados ao Partido Democrata: 1,5 milhão, num universo de 2 milhões até a noite de sábado, 31. Entretanto, dois terços dos votos ainda serão provavelmente depositados nessa terça-feira, 3. A Suprema Corte autorizou o estado a contar os votos que chegam pelo correio até sexta-feira, 6.

    Foi por isso que Maurício Moura, CEO da Ideia Big Data, que tem feito pesquisas eleitorais nos estados americanos, disse à CNN Brasil que espera o resultado definitivo para quinta ou sexta-feira. 

    E se houver empate, ou seja, 269 a 269? Nesse caso, a Câmara dos Deputados elege o presidente. Se fosse por maioria simples, os democratas teriam a palavra final. Mas o sistema é outro: cada bancada estadual elege seu candidato a presidente e a votação é por maioria de estados. Na atual Câmara, os republicanos ganhariam. Mas, dependendo do resultado das eleições, os democratas poderiam ter a maioria dos 50 estados. Isso é difícil de prever. 

    Apenas respire fundo e se oriente por esse caminho das pedras no complexo emaranhado que são as eleições americanas.

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