EUA: Eleição na Geórgia decide se Senado terá maioria republicana ou democrata
São duas vagas em disputa e o resultado do pleito vai ditar os rumos dos primeiros dois anos de Joe Biden na Casa Branca
A população da Geórgia vai às urnas nesta terça-feira (5) em uma eleição que será decisiva não apenas para eles, mas para os moradores dos outros 49 estados dos Estados Unidos – e para o futuro do governo do presidente eleito Joe Biden.
Das 100 vagas para senadores norte-americanos, 98 já estão definidas: 50 foram para o Partido Republicano, 46 para o Partido Democrata e duas para independentes que votam com os democratas no Congresso. Ou seja, 50 a 48.
As duas vagas pendentes estão na Geórgia, estado em que as leis locais determinam segundo turno para as eleições do Senado.
Se os democratas conseguirem eleger dois senadores, vão a 50 votos e conquistam a maioria, uma vez que o voto de minerva é da vice-presidente eleita Kamala Harris, que a partir do dia 20 de janeiro também preside o Senado.
O mercado financeiro acompanha o assunto de perto. O resultado das eleições vai ser decisivo para definir a maneira como o governo Biden poderá conduzir a a agenda econômica.
De volta à Casa Branca, os democratas pretendem expandir os gastos públicos e promover um programa de estímulo à economia.
Assista e leia também:
Análise: EUA terão semana história na política; veja os principais eventos
Trump pediu ao secretário da Geórgia para ‘encontrar’ 11.780 votos, diz Post
Jornalista que revelou o Watergate diz que caso de Trump é ‘muito pior’
Por outro lado, a prevalência do partido de Donald Trump sinalizaria que Joe Biden teria pouca margem para um aumento muito expressivo nos gastos e menos ainda para aumentar impostos, um tema que está no horizonte do Partido Democrata.
“Não é nenhum exagero dizer quão decisivas essas disputas serão para as políticas fiscal, tributária e regulatória ao longo dos próximos dois anos”, escreveu o analista político Chris Krueger, da consultoria Cowen Washington Research, em mensagem a clientes.
Como vai funcionar
São duas cadeiras em disputa. Nos Estados Unidos, senadores têm prazos diferentes de mandato, e as duas disputas no mesmo dia ocorrem por uma coincidência.
Em dezembro de 2019, o senador republicano Johnny Isakson renunciou ao mandato, que iria até janeiro de 2023.
Pela proximidade com as eleições de 2020, foi definido que a vaga só seria preenchida em conjunto com a votação regular, que também incluía a Câmara dos Representantes e o voto para presidente.
Provisoriamente, coube ao governador da Geórgia, Brian Kemp, indicar uma senadora interina. Ele escolheu a republicana Kelly Loeffer, que agora tenta ser eleita para assumir efetivamente os dois últimos anos do mandato de Isakson.
No primeiro turno, Loeffer teve 25,9% dos votos. O mais votado no pleito foi o reverendo democrata Raphael Warnock, que teve 32,9% dos votos e agora enfrenta Kelly Loeffer na segunda etapa da disputa.
A vaga regular, para um mandato completo, está em disputa entre o atual senador republicano David Perdue e Jon Ossoff, um jornalista investigativo e documentarista candidato pelo Partido Democrata.
No primeiro turno, Perdue ficou muito perto da vitória, com 49,73% dos votos, contra 47,95% de Ossoff.
Joe Biden
O engajamento do presidente eleito Joe Biden na campanha da Geórgia está sendo visto com atenção.
Ele venceu no estado nas eleições presidenciais, a despeito das contestações do presidente Donald Trump, e tenta aproveitar a lua de mel da vitória nas urnas para emplacar seus candidatos.
“Se você enviar Jon [Ossoff] e o reverendo [Raphael Warnock] para Washington, esses cheques de US$ 2.000 vão sair pela porta, restaurando a esperança, a decência e a honra para tantas pessoas que estão lutando agora”, disse Biden nesta segunda-feira (4), durante campanha na cidade de Atlanta.
“E se você enviar senadores Perdue e Loeffler de volta a Washington, esses cheques nunca chegarão lá. É simples assim. O poder está literalmente em suas mãos”, completou o presidente eleito.
O engajamento de Biden na busca pelo Senado se reflete no fato de que os democratas conseguiram a maioria da Câmara, reelegendo a deputada Nancy Pelosi, aliada do presidente eleito, para seguir presidindo a Casa.
Se conseguir a maioria na Câmara e no Senado, Joe Biden terá muito mais força para emplacar seus projetos e, principalmente, desfazer medidas de Donald Trump.
Caso tenha apenas a Câmara, ele se verá obrigado a ceder em alguns pontos e pode ver os senadores se convertendo em uma espécie de trava para o seu governo.
*Com informações de Matt Egan, do CNN Business