Aborto, drogas e nova bandeira: as outras questões votadas nas eleições dos EUA
Mississipi votou para mudar bandeira; Louisiana e Colorado decidem sobre aborto; Colorado sobre drogas e Califórnia a respeito de motoristas de aplicativos
Além de decidir o novo presidente do país, eleger governadores em alguns estados, redistribuir os assentos da Câmara dos Representantes e parte das cadeiras do Senado, as eleições dos Estados Unidos em 2020 também são voltadas a decidir diversas questões locais, votadas até a terça-feira (3) em plebiscitos estaduais espalhados por todo o país.
Acompanhe a apuração da eleição nos EUA em tempo real
Temas como legislação do aborto, descriminalização de drogas e até uma nova bandeira estadual estão sujeitos a mudanças por determinação popular.
Veja, abaixo, algumas das principais questões votadas e os resultados prévios:
Aborto
Dois estados do país opinaram sobre as legislações locais para a prática do aborto.
Segundo projeção da CNN, os eleitores da Louisiana, por 62% a 38%, decidiram acrescentar à Constituição local a afirmação de que o estado não protege o aborto como um direito e que não é obrigado a financiar o procedimento.
O estado não é o primeiro a alterar sua legislação dessa forma – Alabama e West Virginia fizeram isso em 2018, assim como o Tennessee em 2014.
Já os eleitores do Colorado, também segundo levantamento prévio da CNN e sem a divulgação do resultado oficial, decidiram não proibir o procedimento após a 22ª semana de gestação. O estado seguirá não estabelecendo prazos para permitir a prática.
Em todo o país, as mulheres têm o direito constitucional ao aborto de acordo com a decisão da Suprema Cort em 1973, conhecida como o caso “Roe v. Wade”. A questão, porém, é motivo de disputa em diversas regiões desde então.
Nova bandeira do Mississipi
O Mississipi aprovou a mudança da bandeira do estado, que era a única do país a ainda trazer o emblema confederado – símbolo que representava estados contrários à abolição da escravidão durante a Guerra Civil americana.
De acordo com a projeção da CNN, 73,3% dos eleitores votaram “sim” para mudar a bandeira por uma que traz uma flor de magnólia branca e a frase “In God We Trust” (“Em Deus Nós Confiamos”). Já 26,7% escolheram a opção “não”.
A bandeira vencedora apresenta uma flor de magnólia branca em um fundo azul escuro, com faixas vermelhas e listras douradas – adequada para o estado do Sul cujo apelido é Estado de Magnólia.
A flor é cercada por 20 estrelas, significando o status do Mississippi no vigésimo estado da união, e uma estrela dourada de cinco pontas reflete as tribos indígenas nativas americanas do Mississippi.
Criticada há décadas por setores da sociedade, a bandeira anterior do Mississipi, adotada em 1894, voltou ao centro das atenções em 2020 com o movimento de combate ao racismo no país que ganhou força após a morte de George Floyd, em maio. Antes do plebiscito que consultou a população, as autoridades locais já haviam tomado a decisão histórica de rejeitar o símbolo antigo.
Descriminalização de drogas
Alguns estados americanos também votaram, em paralelo às eleições presidenciais, questões relacionadas à descriminalização de drogas.
No Oregon, entre diversas medidas votadas, teve aprovação da maioria, segundo resultados prévios publicados no site da Secretaria do Estado e ainda não certificados, a descriminalização da posse e o uso de pequenas quantidades de diversas drogas, como maconha, cocaína e heroína.
Outros cinco estados, segundo os resultados prévios, aprovaram descriminalizar o uso da maconha: Arizona, Nova Jersey, Montana (uso recreativo), Mississipi (uso medicinal) e Dakota do Sul (ambos os usos).
Motoristas de aplicativos
Segundo projeção da CNN, eleitores da Califórnia aprovaram a Proposição 22 (ou Prop 22), pela qual empresas de aplicativos de transporte – como a Uber – podem seguir classificando seus trabalhadores no estado como “contratados independentes” e não como empregados formais – o que concederia direito a salário mínimo, horas extras, seguro-desemprego e licença médica remunerada.
Empresas de transporte e de entregas com atuação no estado – como Uber, Lyft, Doordash, Instacart e Postmates – investiram mais de US$ 200 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão) para financiar a campanha pelo “sim” à proposição.
(Com informações de Veronica Stracqualursi, Caroline Kelly, Sara Ashley O’Brien, da CNN; e Ellen Wulfhorst, da Reuters)