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    Eleições na Bolívia: Quem é Luis Arce e qual a relação dele com Evo Morales

    Arce foi declarado vencedor das eleições presidenciais no país, colocando o partido do ex-mandatário de volta ao poder

    O candidato socialista à presidência da Bolívia, Luis Arce, foi declarado nesta segunda-feira (19) como vencedor das eleições presidenciais no país. O anúncio foi feito pela presidente interina, Jeanine Áñez, mesmo antes da consolidação dos dados oficiais. Com isso, ele coloca o partido do ex-presidente Evo Morales, Movimento ao Socialismo (MAS), de volta ao poder.

    Luis Alberto Arce Catacora, de 57 anos, foi ministro de Economia e Finanças Públicas de Evo de janeiro de 2006 a junho de 2017, quando teve que renunciar para tratar um câncer renal. Retornou ao cargo em 2019, o qual ocupou de janeiro a novembro daquele ano.

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    Arce se formou em Economia na Universidade Maior de San Andrés (UMSA), na capital La Paz. Ele tem pós-graduação em Ciências do Desenvolvimento pela UMSA e mestrado em Ciências Econômicas pela Universidade de Warwick, no Reino Unido. Também tem formação como Contador Geral pelo Instituto de Educação Bancária.

    Segundo informações do governo boliviano, ele fez carreira no Banco Central da Bolívia (BCB), de 1987 a janeiro de 2006. Além de espanhol, ele fala inglês e português.

    Arce foi escolhido por Evo como candidato à presidência pelo MAS e anunciado em janeiro de 2020, com o ex-chanceler David Choquehuanca como vice na chapa. Em novembro de 2019, Evo renunciou ao cargo por pressão política, após as eleições daquele ano – acusadas de fraudulentas – desencadearem uma onda de protestos. Foram convocadas, então, novas eleições para 2020, que acabaram sendo remarcadas para outubro por causa da pandemia do novo coronavírus.

    Economia

    Os bolivianos creditam a Arce os trabalhos que culminaram no contínuo crescimento do país desde 2006. Na presidência, ele deve dar continuidade às políticas econômicas do modelo de Evo, com foco no controle do estado sobre a produção.

    Durante os 14 anos em que Evo esteve na presidência, o país andino era uma das economias mais estáveis da América Latina, cujo tipo de capitalismo socialista atraiu aplausos, mas também apresentou algumas rachaduras nos últimos anos.

    A economia da Bolívia, dominada por agricultura, gás e grandes reservas de lítio, deve cair cerca de 6% neste ano, após quase três décadas de crescimento. A alta de 2,2% em 2019 foi a menor desde 2001.

    Para lidar com essa questão, Arce pretende reativar a indústria doméstica e propõe uma suspensão de pagamento de dois anos sobre os cerca de US$ 1,6 bilhão em dívida externa.

    Fator Evo

    “Vamos trabalhar e vamos retomar o processo de mudança sem ódio”, disse Arce a jornalistas pouco depois da meia-noite. Ele mostrou confiança na vitória, mas evitou declarar-se explicitamente o vencedor. “Vamos aprender e vamos superar os erros que cometemos [antes] como partido Movimento Ao Socialismo.”

    Evo, em exílio na Argentina desde que renunciou à presidência da Bolívia, já havia expressado otimismo com a vitória do próprio partido e declarou que voltaria ao país se Arce vencesse a disputa. O ex-presidente é investigado por acusações de corrupção, abuso sexual e fraude, as quais ele nega.

    Durante a campanha eleitoral, Arce afirmou que pretendia deixar a porta aberta para Evo retornar à política boliviana. Contudo, ressaltou que, primeiro, seria preciso resolver as questões pendentes com autoridades judiciais.

    Coca, lítio e política externa

    Sob a gestão de Evo, ex-líder do sindicato dos cocaleiros, o MAS ganhou um amplo apoio dos fazendeiros da folha, usada no país para fins medicinais, mas também como matéria-prima da cocaína. Arce defende o combate às drogas e diz que as áreas de cultivo tradicionais devem ser protegidas por lei.

    O novo presidente terá também que administrar a questão do lítio, metal ultraleve usado para fabricar baterias para carros elétricos. Arce disse que pretende criar 130 mil novos trabalhos diretos e indiretos até 2025 por meio da industrialização do material.

    Com relação à política externa, a relação da Bolívia com os Estados Unidos azedou durante a gestão de Evo, e aqueceu um pouco sob o governo interino de Áñez – que não participou destas eleições. Desde 2008, não há um embaixador norte-americano no país.

    Arce afirmou que pretende “trabalhar com todos”, apesar de a relação próxima com Evo atrapalhar os laços com Washington.

    (Com Reuters)

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