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    Eleições municipais no Kosovo podem “desencadear guerra”, diz dirigente sérvio

    Representante dos sérvios no norte do país afirma que posse de prefeitos de origem albanesa na região seriam considerados uma “invasão”; Belgrado não reconhece legitimidade do pleito

    Policiais inspecionam cabines de votação no Kosovo; pleito sofreu forte boicote dos sérvios
    Policiais inspecionam cabines de votação no Kosovo; pleito sofreu forte boicote dos sérvios Reprodução/Reuters

    Fábio Mendesda CNN

    As eleições municipais realizadas em cidades do norte do Kosovo no mês passado abriram uma nova comporta de tensão entre o país e a Sérvia, que não reconhece sua independência. Nesta sexta-feira (19) o representante dos sérvios para a região de Kosovo e Metohija, Petar Petkovic, acusou o primeiro-ministro kosovar, Albin Kurti, de estimular uma “ocupação” e que uma eventual posse das prefeituras pelos albasenes desencadearia um novo conflito com Belgrado.

    “Por suas ações, Albin Kurti e Pristina estão tentando expulsar o povo sérvio de Kosovo e Metohija e realmente iniciar uma guerra”, afirmou, de acordo com a agência Russa Tass.

    As tensões têm como alicerce as eleições para governos autônomos locais em quatro municípios do norte do Kosovo – Zvecan, Zubin Potok, Leposavic e Mitrovica do Norte, cuja população é formada majoritariamente por sérvios. Essa maioria se colocou contra o pleito, alegando que ela estava diretamente vinculada ao governo kosovar, que não é reconhecida por Belgrado.

    Os planos iniciais do governo de Kosovo eram de realizar as eleições em dezembro do ano passado, mas o forte boicote dos sérvios provocou um adiamento para 23 de abril.

    Apesar de a nova data ter sido estipulada, o Serb List, principal partido da maioria sérvia, seguiu boicotando as eleições. Mesmo assim, as eleições foram confirmadas. “É impossível tolerar mais adiamentos das eleições. Não podemos tolerar um vazio nas instituições,” afirmou o primeiro-ministro do Kosovo, Albin Kurti, á Euronews.

    No dia 23, as eleições foram de fato realizadas, com uma participação pífia: apenas 3,47% dos eleitores (1.566 albaneses e 13 sérvios) compareceram às urnas. Os sérvios da região alegaram o baixo comparecimento como argumento para não aceitar o resultado das urnas. O governo de Kosovo informou que os eleitos tomarão posse em breve. Os sérvios responderam com ira a esta possibilidade.

    “Albin Kurti está obviamente tentando desencadear uma guerra. Tudo o que ele está fazendo é porque tem apoio”, afirma Petkovic. “E como podemos construir a paz pela qual sempre insistimos, quando Kurti e aqueles que o apoiam querem pôr em risco essa paz e provocar a guerra?”

    Cinco dias depois das eleições, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Sérvia, Ivica Dacic, declarou que o país não fará concessões em relação à autonomia kosovar. “Quero afirmar claramente aqui na sede da ONU que a Sérvia não pode e nunca reconhecerá a independência declarada unilateralmente pelo Kosovo, nem nunca aceitará que o Kosovo se torne membro da ONU”, disse, em sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas.