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    Documento vazado dos EUA afirma que Sérvia concordou em armar Ucrânia

    Ministro da Defesa sérvio, Milos Vucevic, classificou a informação como falsa; país é um tradicional aliado da Rússia e declarou neutralidade na operação do regime de Putin contra a Kiev

    Forças especiais ucranianas preparam suas armas na região de Bakhmut
    Forças especiais ucranianas preparam suas armas na região de Bakhmut REUTERS/Kai Pfaffenbach

    Jonathan LandayAleksandar Vasovicda Reuters

    A Sérvia, único país da Europa que se recusou a sancionar a Rússia pela invasão da Ucrânia, concordou em fornecer armas a Kiev ou já as enviou, de acordo com um documento confidencial do Pentágono.

    O documento, um resumo das respostas dos governos europeus aos pedidos da Ucrânia de treinamento militar e “ajuda letal” ou armas, está entre dezenas de documentos sigilosos publicados online nas últimas semanas no que pode ser o vazamento mais sério de segredos dos EUA em anos.

    O ministro da Defesa da Sérvia, Milos Vucevic, descartou a informação como “falsa” em um comunicado nesta quarta-feira. “A Sérvia não vendeu, nem venderá armas para o lado ucraniano ou russo, nem para os países vizinhos desse conflito”, disse.

    Intitulado “Europa | Resposta ao conflito em curso Rússia-Ucrânia”, o documento do Pentágono em forma de gráfico lista as “posições avaliadas” de 38 governos europeus em resposta aos pedidos de assistência militar da Ucrânia.

    O gráfico mostrou que a Sérvia se recusou a fornecer treinamento às forças ucranianas, mas se comprometeu a enviar ajuda letal ou já a forneceu. Também informa que a Sérvia tinha vontade política e capacidade militar para fornecer armas à Ucrânia no futuro.

    O documento está marcado como “Secret” e “NOFORN”, proibindo sua distribuição para serviços de inteligência e militares estrangeiros. É datado de 2 de março e gravado com o selo do escritório do Estado-Maior Conjunto.

    A Reuters não pôde verificar de forma independente a autenticidade do documento.

    Em nota, o ministro da Defesa sérvio disse que havia a possibilidade de que armas e munições fabricadas na Sérvia pudessem “aparecer magicamente” no conflito, mas “isso não tem absolutamente nada a ver com a Sérvia”.

    Edifício-sede do Pentágono, em Washington / 03/03/2022 REUTERS/Joshua Roberts

    “Esta é a pergunta para os países que não respeitam as normas internacionais, cláusulas contratuais e práticas comerciais”, disse ele, descartando o documento de inteligência.

    “Alguém claramente quer arrastar a Sérvia para esse conflito, mas estamos mantendo diligentemente nossas políticas.”

    O gabinete do presidente Aleksandar Vucic e a embaixada ucraniana não responderam imediatamente a um pedido de comentário da Reuters.

    O Pentágono também não respondeu imediatamente às perguntas da Reuters sobre a referência do documento à Sérvia e anteriormente se recusou a comentar sobre qualquer um dos documentos vazados.

    Laços com a Rússia

    O governo de Vucic declarou neutralidade na guerra da Ucrânia, apesar dos profundos laços históricos, econômicos e culturais do país com a Rússia.

    “Se este documento for preciso, ou mostra a duplicidade de Vucic em relação à Rússia ou ele está sob enorme pressão de Washington para entregar armas à Ucrânia”, disse Janusz Bugajski, especialista do Leste Europeu da Jamestown Foundation, um instituto de política externa.

    O Departamento de Justiça está investigando o vazamento, enquanto o Pentágono avalia os danos causados à segurança nacional dos EUA.

    O gráfico do Pentágono dividiu as respostas aos pedidos de ajuda da Ucrânia em quatro categorias: países que se comprometeram a fornecer treinamento e ajuda letal; países que já forneceram treinamento, ajuda letal ou ambos; países com capacidade militar e vontade política “para fornecer futura ajuda letal”.

    Áustria e Malta foram os únicos dois países marcados como “Não” em todas as quatro categorias.

    A divulgação do gráfico ocorre pouco mais de um mês depois que documentos publicados em um canal pró-Rússia no aplicativo de mensagens Telegram supostamente mostraram o envio de foguetes terra-terra Grad de 122 mm para Kiev por um fabricante de armas sérvio em novembro.