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    Dezenas de milhares de pessoas fogem para o sul da Faixa de Gaza após ordem de Israel

    Iminência de uma incursão terrestre deixou comunidade internacional em alerta

    Jesse YeungKareem El Damanhouryda CNN

    Dezenas de milhares de pessoas na Faixa de Gaza fugiram de suas casas depois que os militares de Israel emitiram uma ordem de evacuação na sexta-feira (13), de acordo com o órgão humanitário da Organização das Nações Unidas (ONU).

    O movimento deixa a comunidade internacional em alerta, à medida que as tropas israelenses se reúnem na fronteira do enclave e as condições pioram na área bombardeada.

    Veja também — Análise: Israel pode entrar em Gaza a qualquer momento

    Mesmo antes do ultimato, mais de 400 mil palestinos já haviam sido deslocados internamente na última semana entre is ataques aéreos israelenses, de acordo com uma declaração do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

    Mas esses números aumentaram desde que as Forças de Defesa de Israel (FDI) alertaram mais de 1 milhão de pessoas no norte de Gaza para abandonarem imediatamente as suas casas, antes de um possível ataque terrestre em resposta à ofensiva do grupo radical islâmico Hamas.

    Imagens de Gaza, que é controlada pelo Hamas, mostraram movimentação em massa em direção ao sul do enclave na sexta-feira. Civis amontoados em carros, táxis, picapes e até carroças puxadas por burros; as estradas estavam cheias de filas sinuosas de veículos amarrados com malas e colchões.

    Aqueles que não tinham outras opções caminhavam, carregando o que podiam. Alguns permaneceram onde estavam, explicando à CNN que sentiam que nenhum lugar era seguro.

    Uma semana de guerra

    A manhã deste sábado (14) marcou uma semana desde o ataque sem precedentes do Hamas contra Israel, que matou mais de 1.300 pessoas no país do Oriente Médio e levou à captura de reféns civis e militares, que especialistas acreditam estarem detidos em Gaza.

    A operação surpresa, amplamente descrita como o “11 de setembro de Israel”, incluiu combatentes fortemente armados do Hamas atacando cidades rurais israelenses, os kibutz, e bases militares.

    Em resposta, Israel ordenou um “cerco completo” contra Gaza, incluindo o bloqueio de alimentos, água e combustível, ao mesmo tempo que realiza os ataques aéreos mais pesados da história contra o enclave.

    Observadores internacionais alertam que o bloquei fará com que os civis da Faixa de Gaza morram de fome, doenças e falta de cuidados médicos, aumentando ainda mais os números de mortos e feridos.

    Ao menos 1.900 palestinos foram mortos em ataques israelenses, de acordo com o Ministério da Saúde palestino. Isso inclui 614 crianças.

    Israel tem realocado centenas de milhares de soldados e equipamento militar na fronteira, enquanto intensifica o cerco a Gaza. No entanto, não está claro para que tipo de operação as FDI estão se preparando ou quando ela poderá ocorrer.

    Ordem de evacuação

    Funcionários da ONU foram inicialmente informados por Israel na quinta-feira (12) que a realocação dos residentes de Gaza deveria acontecer dentro de 24 horas.

    Mas desde então Israel reconheceu que a ordem levará tempo para ser cumprida, e o porta-voz das FDI, tenente-coronel Peter Lerner, disse na sexta-feira que qualquer prazo pode sofrer uma pequena alteração, aumentando a incerteza nos cidadãos.

    Outro porta-voz dos militares israelenses, o tenente-coronel Jonathan Conricus, afirmou neste sábado que o Hamas está tentando impedir a evacuação de civis palestinos “por meio de mensagens e também de postos de controle e paradas no terreno”, citando relatos da imprensa.

    Quando questionado pela CNN se a ordem de evacuação sugeria uma incursão terrestre iminente, Conricus ponderou que as FDI iriam “avaliar a situação no terreno” e “ver quantos civis restam na área”.

    “Assim que vermos que a situação permitirá períodos significativos operações de combate, então elas começarão”, explicou.

    Veja também — Análise: Hamas treinou para ataque em campos a metros de Israel

    A ordem de Israel gerou alarme na comunidade internacional e fortes críticas de alguns grupos de direitos humanos, especialmente à medida que os suprimentos essenciais se esgotam e as mortes aumentam no enclave, onde os residentes dizem não ter escapatória.

    “A ordem de evacuar 1,1 milhão de pessoas do norte de Gaza desafia as regras da guerra e da humanidade básica”, escreveu o chefe do OCHA, Martin Griffiths, em comunicado na sexta-feira.

    “Estradas e casas (em Gaza) foram reduzidas a escombros. Não há nenhum lugar seguro para ir”, adicionou.

    “Forçar civis assustados e traumatizados, incluindo mulheres e crianças, a deslocarem-se de uma área densamente povoada para outra, sem sequer uma pausa nos combates e sem apoio humanitário, é perigoso e ultrajante”, acrescentou, alertando que isso trará “consequências humanitárias catastróficas”.

    Mais de 2 milhões de palestinos, incluindo mais de um milhão de crianças, vivem na Faixa de Gaza, com 140 quilômetros quadrados, um dos locais mais densamente povoados do planeta.

    O território está sob bloqueio terrestre, marítimo e aéreo imposto por Israel desde 2007, com mais de metade dos seus residentes vivendo abaixo do limiar da pobreza, mesmo antes do último conflito.

    Agora, só resta um corredor para a fuga dos palestinos ou para a entrada de ajuda, que liga Gaza ao Egito, e ainda não está claro se esse corredor está mesmo operacional.

    Entretanto, o Programa Alimentar Mundial disse ter distribuído alimentos a 135 mil pessoas em abrigos em Gaza na sexta-feira, mas alertou que “os fornecimentos humanitários estão acabando”.

    O OCHA destacou que a maioria das pessoas agora não tem acesso à água na Faixa de Gaza.

    “Como último recurso, as pessoas estão consumindo água salobra de poços agrícolas, despertando sérias preocupações sobre a propagação de doenças transmitidas pela água”, afirmou.

    Em resposta, o embaixador de Israel na ONU pontuou na sexta-feira que o governo está fazendo “tudo o que pode para minimizar as vítimas civis” ao emitir a ordem de evacuação e acusou a ONU de não querer que Israel “se defendesse”.

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