Detidos há mais de 10 anos em centro de detenção dos EUA em Cuba são liberados
Prisão é famosa por abusos de direitos humanos que ocorreram sob o chamado programa de "técnicas aprimoradas de interrogatório" da CIA
Cinco detidos que estavam no centro de detenção dos EUA na Baía de Guantánamo, em Cuba, há mais de uma década, foram liberados, segundo documentos públicos. As decisões acontecem quando a prisão completou 20 anos nesta semana, desde que foi inaugurada sob o governo de George W. Bush, alguns meses após os ataques terroristas de 11 de setembro.
O presidente Joe Biden disse publicamente que quer fechar o centro de detenção, e o Conselho de Segurança Nacional está passando por uma revisão do local “para determinar o caminho a seguir”, disse o porta-voz do Pentágono, John Kirby, durante uma entrevista coletiva na segunda-feira (10).
A prisão é famosa por abusos de direitos humanos que ocorreram lá quando prisioneiros foram torturados sob o chamado programa de “técnicas aprimoradas de interrogatório” da CIA.
O Conselho de Revisão Periódica, uma entidade governamental criada durante o governo Obama para determinar se os detidos na instalação eram culpados, anunciou as decisões em documentos publicados em seu site.
O conselho liberou cinco detidos, incluindo três iemenitas, Moath Hamza Ahmed al-Alwi, Omar Mohammed Ali Al-Rammah, Suhayl Abdul Anam al Sharabi, um queniano Mohammed Abdul Malik Bajabu e um somali Guled Hassan Duran.
Os três iemenitas e o queniano nunca foram acusados de crimes, mas foram mantidos como detidos da “lei da guerra”.
Os três iemenitas que agora foram liberados estão detidos em Guantánamo desde o início dos anos 2000. Al-Rammah está detido em Guantánamo desde maio de 2003 e foi acusado de “tornar-se um facilitador para grupos extremistas afiliados à Al Qaeda no final dos anos 1990”, segundo documentos do Departamento de Defesa.
Al Sharabi e al-Alwi estão em Guantánamo desde 2002, de acordo com documentos do Departamento de Defesa.
Duran, que está sob custódia dos EUA desde 2004 e detido na prisão de Guantánamo desde 2006, foi mantido como detento de alto nível, segundo o Centro de Direitos Constitucionais, que o representa. Ele é o primeiro detento de alto nível a ser liberado pelo Conselho de Revisão Periódica, disse seu advogado Shane Kadidal à CNN.
Com estes, 18 detidos já foram liberados para transferência pelo Conselho de Revisão Periódica e estão aptos a serem soltos, pendentes de acordos diplomáticos. Uma vez que um detento é liberado, ele não pode deixar a prisão até que o governo dos EUA faça um acordo diplomático com outro país para que ele seja solto.
Trinta e nove detidos permanecem na prisão, de acordo com Kirby. Todos os detidos elegíveis para transferência para fora da prisão passaram por uma revisão pelo Conselho de Revisão Periódica desde o início do governo Biden, acrescentou Kirby.
Para os detidos que foram liberados para soltura, “o processo diplomático está em andamento para transferi-los ou repatriá-los conforme apropriado”, disse Kirby.
Bajabu está detido desde 2007, disse à CNN Mark Maher, advogado do grupo de direitos humanos Reprieve US que o representa. De acordo com documentos do Departamento de Defesa, Bajabu era um facilitador da Al Qaeda na África Oriental antes de ser detido. Ele nunca foi acusado de nenhum crime.
O Conselho de Revisão Periódica observou que sua decisão de liberar Bajabu para liberação foi baseada em seu “baixo nível de treinamento e falta de papel de liderança em suas atividades pré-detenção”.
“A decisão de hoje é uma notícia maravilhosa para Abdul Malik, que foi injustamente detido por 15 anos sem acusação ou julgamento”, disse Maher à CNN. “Ele deseja se reunir com sua família e esperamos que o governo Biden garanta que sua libertação aconteça rapidamente”.
Duran, que está detido em Guantánamo desde 2006, foi acusado de apoiar e servir como “membro-chave” da Al Qaeda na rede da África Oriental na Somália, segundo documentos do Departamento de Defesa.
Duran testemunhou em documentos judiciais publicamente disponíveis que ele havia sido torturado quando foi mantido em um local operado pela CIA depois de ter sido levado sob custódia dos EUA. Ele descreveu horas de interrogatório com privação de sono, pouca comida ou água e abuso sexual dos interrogadores.