Despachante fala à CNN como está ajudando brasileiros a deixar Líbano
Mohamed Kadri, que atua no Líbano há 16 anos, detalha esforços para ajudar brasileiros a saírem do país em meio a tensões e bombardeios na região
O despachante Mohamed Kadri, que trabalha no Líbano há 16 anos, compartilhou com a CNN os desafios enfrentados para auxiliar brasileiros que buscam deixar o país em meio ao conflito na região.
Kadri, que reside na parte oeste do Vale do Beca, relatou a intensificação dos confrontos e bombardeios na fronteira entre Líbano e Síria.
Segundo o despachante, a situação se agravou na noite anterior à entrevista, com bombardeios ocorrendo a apenas 14 km de sua localização. “Nós ouvimos os bombardeios essa noite inteira, até que perto aqui com a fronteira foi a mais forte que acordou nós às três e meia da manhã”, afirmou Kadri.
Atraso no voo de repatriação e desespero dos brasileiros
O voo que deveria repatriar os brasileiros na sexta-feira (4) foi adiado, causando apreensão entre os que aguardavam para deixar o país. Kadri explicou: “Os brasileiros ficaram desesperados quando ouviram o atraso do avião, que chegaram no ponto onde eles estavam marcado às oito horas da manhã no consulado honorário aqui perto e foi cancelado”.
O despachante tem orientado os brasileiros a manterem contato com a embaixada para obter informações atualizadas sobre a situação. A expectativa é que o voo seja remarcado para o dia seguinte, mas ainda não há confirmação oficial.
Impacto na rotina e chegada de refugiados
Apesar de estar em uma área considerada mais segura, Kadri descreveu uma rotina alterada pela presença constante de aviões e sons de bombardeios. “A rotina onde nós estamos localizados é normal, está tranquilo ainda, mas trabalho parou normalmente de todo mundo, não pode sair assim da cidade como uma outra cidade, um vilarejo”, explicou.
A região onde Kadri se encontra tem recebido um fluxo de refugiados vindos do sul, norte e da capital Beirute. Escolas locais estão sendo utilizadas para abrigar esses deslocados, e há um esforço conjunto para fornecer apoio humanitário, incluindo aos brasileiros que buscam deixar o país.
O governo brasileiro está priorizando a repatriação de grupos vulneráveis, como idosos, mulheres grávidas, crianças e pessoas com necessidades especiais. Kadri ressaltou a importância de os interessados em retornar ao Brasil entrarem em contato com a embaixada e fornecerem informações detalhadas sobre suas condições.
Entenda a escalada nos conflitos do Oriente Médio
O ataque com mísseis do Irã a Israel no dia 1º marcou uma nova etapa do conflito regional no Oriente Médio. De um lado da guerra está Israel, com apoio dos Estados Unidos. Do outro, o Eixo da Resistência, que recebe apoio financeiro e militar do Irã e que conta com uma série de grupos paramilitares.
São sete frentes de conflito abertas atualmente: a República Islâmica do Irã; o Hamas, na Faixa de Gaza; o Hezbollah, no Líbano; o governo Sírio e as milícias que atuam no país; os Houthis, no Iêmen; grupos xiitas no Iraque; e diferentes organizações militantes na Cisjordânia.
Israel tem soldados em três dessas frentes: Líbano, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Nas outras quatro, realiza bombardeios aéreos.
O Exército israelense iniciou uma “operação terrestre limitada” no Líbano no dia 30 de setembro, dias depois de Israel matar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bombardeio ao quartel-general do grupo, no subúrbio de Beirute.
As Forças de Defesa de Israel afirmam que mataram praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah em bombardeios semelhantes realizados nas últimas semanas.
No dia 23 de setembro, o Líbano teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais.
Ao menos dois adolescentes brasileiros morreram nos ataques. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades.
Com o aumento das hostilidades, o governo brasileiro anunciou uma operação para repatriar brasileiros no Líbano.
Na Cisjordânia, os militares israelenses tentam desarticular grupos contrários à ocupação de Israel ao território palestino.
Já na Faixa de Gaza, Israel busca erradicar o Hamas, responsável pelo ataque de 7 de outubro que deixou mais de 1.200 mortos, segundo informações do governo israelense. A operação israelense matou mais de 40 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas.
O líder do Hamas, Yahya Sinwar, segue escondido em túneis na Faixa de Gaza, onde também estariam em cativeiro dezenas de israelenses sequestrados pelo Hamas.