Desaparecimento de rival de Putin não é mera coincidência, diz ex-ministro russo à CNN
Isso acontece no mesmo período em que Putin anunciou que deve concorrer nas eleições presidenciais de 2024
O líder da oposição russa, Alexey Navalny, não compareceu novamente a duas audiências judiciais realizadas via videoconferência na sexta-feira (22), de acordo com um comunicado de sua equipe.
Os representantes do opositor afirmam que ele está desaparecido há 17 dias e que não sabem seu paradeiro atual.
“Hoje, Alexey deveria ter duas audiências. Ele novamente não foi levado às reuniões. Navalny nunca esteve escondido por tanto tempo”, disse a equipe em uma postagem no Telegram.
Assim, a duração do desaparecimento de Navalny levantou preocupações quanto ao seu bem-estar e segurança. Os assessores do político refizeram um apelo por informações, oferecendo uma recompensa em criptomoeda por detalhes completos e confiáveis sobre sua localização ou status atual.
Questionado mais de uma vez na semana passada sobre a ausência de Navalny, o Kremlin pontuou aos jornalistas que não tinha “nem a intenção, nem a capacidade de monitorar o destino dos prisioneiros e o processo da sua permanência nas instituições relevantes”.
Desaparecimento “não é coincidência”
Vladimir Milov, ex-vice-ministro da Energia da Rússia e agora conselheiro de Alexey Navalny, disse a Richard Quest, da CNN, que o momento do desaparecimento de Navalny “não é coincidência”.
Ele relacionou o fato ao anúncio do presidente russo, Vladimir Putin, de que tem intenção em concorrer novamente nas eleições presidenciais da Rússia, em março de 2024, o que poderá mantê-lo no poder até pelo menos 2030.
“Acho que é uma tática deliberada. Não é por acaso que Navalny desapareceu exatamente no momento em que foram anunciadas as chamadas eleições presidenciais falsas, e que Putin anunciou que iria concorrer novamente”, ponderou Milov.
“Putin está realmente disposto a mostrar que vai entrar no Kremlin para outro mandato através da intimidação, da repressão, da pressão sobre a sociedade, e isso é claramente uma chantagem sobre todas as forças da oposição”, acrescentou.
Antes da entrevista, a CNN entrou em contato com o Serviço Prisional Russo, na sexta-feira, solicitando informações sobre o paradeiro de Navalny.
Milov ressaltou a Quest que, apesar de seus esforços para descobrir o paradeiro do opositor, “até agora não há resposta”.
O ministro observou que seus colegas precisavam enviar inquéritos formais e por escrito às instituições de detenção na Rússia para solicitar informações sobre o paradeiro de Navalny, um processo que ele descreveu como “tedioso” e “consumidor de tempo e esforço”.
“Meus colegas têm bombardeado todas as instituições de detenção conhecidas na Rússia para tentar encontrar Navalny em todo o país”, destacou.
Ele também comentou que receberam respostas de alguns centros de detenção confirmando que Navalny não estava presente nessas instalações.
Segundo Milov, outras instalações ainda não responderam aos questionamentos, acrescentando que se tratava de um “processo constante”.