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    Derretimento de geleira revela restos de alpinista desaparecido há 37 anos

    Cientistas alertam para aumento no nível de degelo nas geleiras, que acaba revelando objetos e até restos mortais desaparecidos há décadas

    Nadine Schmidtda CNN

    Os restos mortais de um alpinista alemão que desapareceu há 37 anos enquanto caminhava ao longo de uma geleira perto da montanha Matterhorn, na Suíça, foram encontrados após o derretimento das geleiras.

    Alpinistas que caminhavam ao longo da geleira Theodul, em Zermatt, em 12 de julho descobriram restos humanos e vários equipamentos, disse a polícia do cantão de Valais em um comunicado na quinta-feira (27).

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    “A análise de DNA permitiu a identificação de um alpinista que estava desaparecido desde 1986. Em setembro daquele ano, um alpinista alemão, que tinha 38 anos na época, foi dado como desaparecido depois de não retornar de uma caminhada”, complementou a polícia.

    As autoridades informaram que as buscas pelo homem não tiveram sucesso na época.

    Os restos mortais passaram por uma análise forense no Hospital Valais, permitindo que os especialistas os conectassem ao desaparecimento de 1986.

    A polícia não forneceu informações adicionais sobre a identidade do alpinista alemão nem sobre as circunstâncias de sua morte, mas divulgaram uma fotografia de uma bota de caminhada com cadarços vermelhos saindo da neve, junto com alguns equipamentos de caminhada que pertenciam à pessoa desaparecida.

    “O derretimento das geleiras traz cada vez mais à tona alpinistas que foram dados como desaparecidos há várias décadas”, concluiu a polícia no comunicado.

    A descoberta dos restos mortais ocorre em um momento em que os cientistas afirmam que este mês está a caminho de ser o mais quente do planeta em cerca de 120 mil anos.

    A glaciologista Lindsey Nicholson, da Universidade de Innsbruck, na Áustria, disse à CNN que o encolhimento das geleiras devido às mudanças climáticas levou à descoberta de corpos de alpinistas que desapareceram.

    “À medida que as geleiras recuam, qualquer material – incluindo pessoas que caíram nelas ou sobre elas e foram enterradas pela neve subsequente – emergirá. Todas as geleiras estão derretendo muito rápido e recuando nos Alpes europeus”, destacou Nicholson.

    Tendência de derretimento de “longo prazo”

    No ano passado, as geleiras suíças registraram sua pior taxa de derretimento desde que os registros começaram, há mais de um século, perdendo 6% de seu volume restante em 2022, quase o dobro do recorde anterior de 2003, informou a agência de notícias Reuters.

    O derretimento foi tão extremo em 2022 que a rocha nua que permaneceu enterrada por milênios ressurgiu em um local, enquanto corpos e até mesmo um avião perdido em outro lugar nos Alpes décadas atrás foram recuperados.

    Em 2015, os restos mortais de dois alpinistas japoneses que desapareceram no Matterhorn em uma tempestade de neve em 1970 foram encontrados e suas identidades confirmadas por meio do teste de DNA de seus parentes.

    “As geleiras estão passando por uma tendência de longo prazo de derretimento”, afirmou Nicholson, acrescentando que a tendência deve continuar, com “anos de pouca neve” contribuindo para o problema.

    “A redução da quantidade de neve também está em parte atrelada à mudança de temperatura, porque o que acontece é que parte da precipitação que teria vindo na forma de neve, agora vem na forma de chuva. Isso não ajuda as geleiras, funciona contra elas”, explicou.

    Mesmo que metas climáticas ambiciosas sejam cumpridas, até metade das geleiras do mundo podem desaparecer até o final do século, de acordo com pesquisas recentes.

    “Se continuarmos com as emissões que estamos transmitindo agora, estaremos olhando para uma região dos Alpes que, em grande parte, não terá gelo nas próximas gerações – e isso é muito triste”, alertou Nicholson.

    O desaparecimento das geleiras também terá impactos em cascata, pois desempenham um papel vital no fornecimento de água potável para quase 2 bilhões de pessoas e também são um fator importante para o aumento do nível do mar.

    “Algumas regiões do mundo são muito mais dependentes das montanhas glaciais do que nós aqui – em alguns casos, elas são muito mais vulneráveis do que os Alpes”, pontuou Nicholson.

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