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    Derretimento de geleira revela abrigo e artefatos da Primeira Guerra Mundial

    Já foram recuperados cerca de 300 objetos, entre colchões de palha, moedas, capacetes, munições, lamparinas e jornais

    Jack Guy e Livia Borghese, CNN

    Pesquisadores recuperaram artefatos da Primeira Guerra Mundial em um abrigo localizado no interior de uma caverna no norte da Itália, revelado após o derretimento de uma geleira. Durante a guerra, a caverna abrigou 20 soldados austríacos no Monte Scorluzzo, perto da famosa passagem Stelvio, disse o historiador Stefano Morosini à CNN.

    Embora as pessoas soubessem da existência do abrigo, os pesquisadores só puderam entrar nele em 2017, porque a geleira ao redor havia derretido, acrescentou Morosini, que é coordenador científico do projeto de patrimônio do Parque Nacional Stelvio e professor da Universidade de Bérgamo.

    Dentro do abrigo, os pesquisadores encontraram comida, pratos e jaquetas feitas de peles de animais, entre muitos outros itens, relatou. Os artefatos ilustram o “cotidiano muito pobre” dos soldados, que tiveram que lidar com “condições ambientais extremas”, disse Morosini. As temperaturas na região durante o inverno podem cair para -40 graus Celsius.

    “Os soldados tiveram que lutar contra o ambiente extremo, lutar contra a neve ou as avalanches, além de lutar contra o inimigo”, disse Morosini. “Os artefatos são uma representação, como uma máquina do tempo, das condições extremas de vida durante a Primeira Guerra Mundial”, disse o professor, acrescentando que mais itens aparecem na área a cada verão, conforme a geleira derrete.

    “É uma espécie de museu a céu aberto”, disse Morosini, referindo que há cinco anos foram encontrados os corpos de dois soldados, junto de documentos que permitiram a sua identificação e a entrega dos restos mortais aos seus familiares.

    Os artefatos da caverna estão sendo preservados e farão parte da coleção, com inauguração prevista para o final de 2022, em um museu dedicado à Primeira Guerra Mundial na cidade de Bormio, ao norte da Itália, disse Morosini.

    O abrigo foi ocupado nos primeiros dias de guerra pelas tropas austríacas, que se tornaram totalmente invisíveis para o lado italiano ou por observação aérea, segundo nota do Museu da Guerra Branca, localizado em Adamello, norte da Itália.

    A caverna fica a uma altitude de 3.094 metros (10.151 pés), logo abaixo do pico do Monte Scorluzzo, e trabalhos de escavação têm sido realizados em julho e agosto desde 2017, removendo cerca de 60 metros cúbicos de gelo da caverna.

    Foram recuperados 300 objetos, entre colchões de palha, moedas, capacetes, munições e jornais.

    “As descobertas na caverna do Monte Scorluzzo nos dão, depois de mais de cem anos, uma fatia da vida a mais de 3.000 metros acima do nível do mar, onde o tempo parou em 3 de novembro de 1918, quando o último soldado austríaco fechou a porta e desceu apressado”, diz o comunicado do museu.

    Hada Messia, da CNN, contribuiu para esta reportagem 

    (Este texto é uma tradução. Para ler o original, em inglês, clique aqui)

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