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    Defesa de brasileiro preso por tráfico reúne documentos para enviar à Tailândia

    Advogado de Jordi Beffa, de 24 anos, diz que jovem agia como "mula"; rapaz mandou áudio para amigo pedindo ajuda

    Bárbara BrambilaAnna Gabriela Costada CNN , em São Paulo

    A defesa do brasileiro Jordi Vilsinski Beffa, de 24 anos, preso por tráfico de drogas na Tailândia, no último dia 14, afirmou à CNN que está reunindo documentos que provam que o jovem é réu primário. Outros dois brasileiros também foram flagrados transportando drogas no aeroporto de Bangkok, capital da Tailândia.

    Com 15,5 quilos de cocaína distribuídas entre as bagagens dos brasileiros, a quantidade da droga, avaliada em cerca de R$ 7,5 milhões, pode resultar em condenação à prisão perpétua ou pena de morte, segundo as leis do país.

    Jordi Beffa morava em Apucarana (PR) e não informou a família sobre a viagem à Tailândia; o jovem saiu de casa no dia 11 de fevereiro afirmando que viajaria para Balneário Camboriú (SC).

    O advogado de Jordi, Petrônio Cardoso, disse à CNN que irá enviar a documentação que prova que Jordi é réu primário para o escritório de advocacia designado para cuidar do caso dele na Tailândia.

    A intenção da defesa é provar que o brasileiro agia como “mula”, gíria utilizada para denominar a pessoa que faz o transporte ilegal de drogas a mando de alguém.

    “Nós já temos todas as certidões negativas do Jordi. Assim que for definido o escritório que vá fazer a defesa dele, lá na Tailândia, aí nós vamos encaminhar todas essas certidões para os advogados, para que eles possam instruir o histórico dele”, disse o advogado.

    Em uma troca de mensagens com um amigo, momentos após ser detido, Jordi pede que ele cuide da sua mãe.

    “Cuida da minha mãe, irmão. Eu peguei o celular aqui rápido, mas não sei quanto tempo vou ficar. Se um dia chegar a voltar, cuida deles para mim”, escreveu o brasileiro por meio de um aplicativo de mensagens.

    A família da presa Mary Hellen Coelho da Silva, de 21 anos, moradora de Pouso Alegre (MG), decidiu romper o silêncio e está pedindo ajuda às autoridades brasileiras. O Itamaraty informou que acompanha o caso.

    Ajuda da OAB

    Um grupo de advogados ligados à 24ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Pouso Alegre decidiu se mobilizar voluntariamente para ajudar a família.

    “Enviamos um e-mail para o Itamaraty relatando o que ouvimos da família e as gestões diplomáticas estão sendo feitas. Como não podemos advogar diretamente, estamos tentando conseguir um advogado correspondente na Tailândia que possa atuar no caso de forma voluntária também, pois a família não tem condições de pagar”, disse a advogada Pablinie Costa, uma das integrantes do grupo.

    Ela considera a situação muito grave, pois a Tailândia é um dos países que resistem a abolir a pena de morte e suas leis são rigorosas em relação ao tráfico de drogas.

    “Vimos que, em casos anteriores naquela região, houve condenações e execuções. Juridicamente falando, a gente não vê muita chance. Os caminhos que podem trazer algum resultado são os diplomáticos e políticos. O problema é que não existem tratados sobre essa questão entre o Brasil e a Tailândia”, disse.

    Os advogados também tentam obter mais informações sobre as condições em que a jovem se encontra, pois a família está sem notícias dela. Já sobre os casos dos dois outros jovens, as famílias optaram por se manter em silêncio.

    Os casos não chegaram de forma oficial ao conhecimento das autoridades policiais. A Polícia Federal informou que não foi informada oficialmente das prisões.

    Casos anteriores

    Nos últimos dez anos, pelo menos dois brasileiros acusados de tráfico de entorpecentes foram executados em países do sudeste asiático que mantêm a pena de morte, como a Tailândia.

    Em 2015, o instrutor de voo Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, foi preso quando, segundo a acusação, tentava entrar na Indonésia com 13 quilos de cocaína escondidos nos tubos de uma asa delta.

    Um ano antes, o surfista Rodrigo Masfeldt Gularte, de 42 anos, tinha sido preso com 6 quilos da droga escondidos em uma prancha de surfe, também na Indonésia. Ambos foram executados por um pelotão de fuzilamento, conforme as leis do país.

    Itamaraty

    Sobre o caso de Mary Hellen e dos outros dois brasileiros, o Itamaraty informou em nota que, por meio da Embaixada em Bangkok “acompanha a situação e presta toda a assistência cabível aos nacionais, em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local”.

    Conforme o Itamaraty, em observância ao direito à privacidade e ao disposto na Lei de Acesso à informação e no decreto 7.724/2012, informações detalhadas poderão ser repassadas somente mediante autorização dos envolvidos.

    “Assim, o MRE (Ministério das Relações Exteriores) não pode fornecer dados específicos sobre os casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros”, disse, em nota.

    *Com informações do Estadão Conteúdo

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