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    Danilo Cavalcante, brasileiro capturado nos EUA, planejava roubar carro e fugir para o Canadá, diz polícia

    Plano do fugitivo era seguir para o norte e chegar ao país vizinho em 24 horas

    Nouran Salahiehda CNN

    O assassino brasileiro que escapou de uma prisão na Pensilvânia (EUA) no fim do mês passado está novamente atrás das grades. Ele agora enfrenta novas acusações após fugir das autoridades norte-americanas por duas semanas. A caçada mobilizou a atenção internacional e deixou a comunidade local apreensiva.

    A polícia capturou Danilo Cavalcante, 34, na mata de South Coventry Township, no estado da Pensilvânia, na manhã de quarta-feira (13), quando um cão policial desempenhou um papel fundamental na prisão.

    O então fugitivo planejava deixar o país, de acordo com Robert Clark, vice-marechal supervisor dos EUA pelo distrito leste da Pensilvânia.

    “Seu objetivo era roubar um carro e seguir para o norte, até o Canadá. Ele pretendia fazer isso nas próximas 24 horas”, disse Clark, à Erin Burnett, da CNN, na quarta-feira (13).

     

    Clark, que não chegou a conversar com Cavalcante após a captura, citou o que os delegados lhe contaram após o interrogatório pelo qual o prisioneiro passou depois  da prisão.

    “Ele disse que a presença da polícia onde ela estava era imensa, por isso sentiu que precisava ir embora”, disse Clark.

    Cavalcante está agora detido em uma prisão de segurança máxima da Pensilvânia, a Instituição Correcional Estadual – Phoenix, no condado de Montgomery, onde cumprirá pena de prisão perpétua por homicídio.

    Ele agora também é acusado de fuga criminosa e deve comparecer ao tribunal para uma audiência preliminar em 27 de setembro, segundo os registros do tribunal.

    Nenhum advogado foi listado nos documentos judiciais de Cavalcante e a defensoria pública se recusou a comentar o caso por enquanto. As autoridades da Pensilvânia atualizaram a grafia do primeiro nome de Cavalcante para Danilo nos documentos judiciais. Antes, constava Danelo.

    Entenda o caso

    O preso – que foi condenado no mês passado por assassinato em primeiro grau pela morte da ex-namorada e sentenciado à prisão perpétua – escapou da prisão do condado de Chester, em uma área rural, cerca de 30 milhas a oeste da Filadélfia, em 31 de agosto.

    Ele conseguiu fugir das autoridades por 14 dias, percorrendo áreas de mata, movendo-se à noite e, nos primeiros dias, sobrevivendo da água de um riacho e a uma melancia que encontrou em uma fazenda, disseram as autoridades.

    Durante o período de fuga, Cavalcante escapou do perímetro de busca, foi flagrado dentro de residências, roubou uma van de laticínios, mudou de aparência, apareceu na porta de pessoas que conheceu anos atrás, roubou uma arma de fogo e foi alvejado pelo dono de uma casa que tentou invadir.

    Durante a sua busca, centenas de agentes o procuraram por terrenos desafiadores e densamente arborizados.

    “Algumas vezes ele chegou perto de nos enganar”, disse o detetive-chefe do condado de Chester, David Sassa. “Ele nos contou que em alguns momentos as equipes táticas passaram por ele. O terreno era tão denso que os policiais que estavam a apenas um metro e meio de distância não conseguiam vê-lo”, disse Sassa.

    O detetive falou também que Danilo é engenhoso. “Ele fez as coisas que sabia que poderia fazer. Ele queria se abrigar na floresta”, acrescentou. “Ele fazia coisas com as quais se sentia confortável, movia-se à noite, disse aos nossos investigadores que em alguns momentos ficou parado por um dia, um dia e meio.”

    Quando foi capturado em South Coventry Township – a cerca de 32 quilômetros da prisão de onde escapou – Cavalcante tinha a aparência de alguém que esteve na floresta por um longo período de tempo e parecia estressado, disse Bivens.

    “É exatamente o que estávamos tentando fazer o tempo todo”, disse Bivens. “O objetivo era mantê-lo estressado, em movimento e fora do jogo.”

    A prisão

    Mais de 20 policiais com equipamento tático e uniformes camuflados levaram Cavalcante sob custódia na quarta-feira, escoltando-o até um veículo blindado. Ele foi algemado com sangue no rosto e usava um moletom do Philadelphia Eagles.

    Cerca de 500 policiais – incluindo membros da Polícia Estadual da Pensilvânia, do Departamento de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos, do FBI e agentes policiais dos EUA – montaram um perímetro em South Coventry Township esta semana para procurar Cavalcante a partir do solo e o ar.

    Cavalcante respondeu às perguntas dos investigadores após sua captura sem hesitação, disse Clark.

    Cavalcante disse aos investigadores que os policiais que o procuravam quase pisaram nele três vezes – ou chegaram a poucos metros dele – enquanto ele se escondia na floresta.

    O rifle que Cavalcante tirou de uma garagem aberta na noite de segunda-feira aumentou a sensação de perigo à busca e à comunidade do entorno.

    “Essa pessoa tinha grandes capacidades para as quais talvez uma prisão municipal nem sempre esteja preparada. Mas agora sabemos que precisamos estar preparados para essas coisas”, disse Josh Maxwell, presidente do conselho penitenciário do condado de Chester.

    Outro preso escapou da prisão do condado de Chester em maio, subindo até o telhado, assim como Cavalcante fez, segundo documentos judiciais obtidos pela CNN. Esse preso, Igor Bolte, foi capturado em um bairro residencial próximo poucos minutos após a fuga.

    “Nosso pesadelo finalmente acabou”, disse a promotora distrital do condado de Chester, Deb Ryan, na manhã de quarta-feira.

    Ryan disse que uma das primeiras ligações que fez após a captura de Cavalcante foi para a família da mulher que ele matou, Deborah Brandão, de 33 anos . Os promotores dizem que Cavalcante esfaqueou Brandão 38 vezes na frente de seus dois filhos pequenos na Pensilvânia, em abril de 2021.

    Sassa disse que foi um dos detetives que respondeu à cena daquele “horrível” assassinato.

    “Eu estava naquele julgamento. Eu o observei, ele não demonstrou emoção. Ele não se desculpou… Ver, uma semana depois, ele escapar do jeito que fez foi chocante para mim”, disse Sassa.

    A família de Brandão estava “barricada dentro de suas casas, sem se sentir segura em lugar nenhum” desde sua fuga, disse Ryan.

    “Eles estavam gritando de alegria e felicidade por ele estar encarcerado”, disse Ryan. “Eles viveram seu próprio pesadelo pessoal.”

    A irmã de Brandão, Sarah Brandão, disse em comunicado após a captura de Cavalcante que sua família está “profundamente grata pelo apoio e trabalho árduo realizado” pelas autoridades.

    A fuga e os dias que se seguiram evocaram a sensação de perder a irmã novamente, disse Sarah.

    “As últimas duas semanas foram extremamente dolorosas e aterrorizantes, pois trouxeram de volta todos os sentimentos de perder minha irmã e a ideia de que esse criminoso poderia nos machucar novamente”, diz o comunicado, traduzido para o inglês.

     

     

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