Custo da ajuda humanitária à Palestina chegará a US$ 1,2 bi até fim do ano, diz ONU
Oficiais de diversas agências descreveram as condições inadequadas para oferecer o apoio humanitário básico na região
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em Inglês) estima que o custo do apoio aos palestinos em Gaza e na Cisjordânia vai chegar a US$ 1,2 bilhões. A informação foi atualizada pelo porta-voz do Escritório, Jens Laerke.
O escritório calculou este custo considerando o apoio a toda a população da Faixa de Gaza e meio milhão de pessoas na Cisjordânia.
O valor quadruplicou desde o início de outubro, quando a cifra era estimada em US$ 294 milhões. O escritório estima que só 25% do valor necessário foi arrecadado até o momento.
As agências da ONU envolvidas no apoio humanitário fizeram briefings para os Estados-membros em Genebra e Nova York nesta sexta-feira (03).
O número de deslocados internos chegou a 1,5 milhão de pessoas em Gaza, incluindo 700 mil nas instalações do UNRWA, a agência da ONU para apoio aos refugiados na Palestina, quatro vezes a capacidade de atendimento da estrutura.
Laerke afirmou que a situação está ficando “cada vez mais desesperadora”.
O Escritório explicou que 14 dos 35 hospitais da ONU em Gaza já esgotaram suas possibilidades e não estão mais funcionando. Além disso, 51 das 72 clínicas de atenção primária já estão fora de serviço.
A representante do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, Liz Throssell, apontou que os militares israelenses estão usando munições explosivas em áreas densamente povoadas, o que levanta uma preocupação com a proporcionalidade da resposta e a distinção entre população civil e combatentes.
UNRWA teme pela continuidade dos serviços
O diretor do UNRWA em Gaza, Thomas White, fez uma descrição de alguns dos serviços que estão entrando em colapso.
“Em média, o cidadão de Gaza está vivendo com dois pedaços de pão árabe por dia. Todo o pão produzido em Gaza hoje é feito com farinha dos estoques do UNRWA”.
Ele explicou que os serviços de esgoto, hoje, lançam os resíduos ao mar. Quando o combustível dessas instalações acabarem, o esgoto sem tratamento será lançado nas ruas.
White explicou que muitas pessoas buscam segurança nas instalações da ONU, mas que, nas atuais condições, a Organização está em dificuldades para oferecer esta segurança e serviços básicos. “Não queremos chegar ao dia em que a bandeira da ONU não esteja hasteada em Gaza”, afirmou o diretor da agência.
Até o momento, 72 trabalhadores humanitários da agência morreram nos bombardeios. A ONU já estima que este seja o maior número de servidores das Nações Unidas mortos em um conflito.
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