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    Cúpula do G7 trouxe bons frutos em relações bilaterais, avalia professora

    À CNN Rádio, professora de Relações Internacionais listou avanços do Brasil com Japão, Índia e Austrália, mas reforça que posição em relação à guerra na Ucrânia ainda é um entrave diplomático 

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em entrevista coletiva após o fim da cúpula do G7, no Japão
    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em entrevista coletiva após o fim da cúpula do G7, no Japão Reprodução/Reuters

    Ricardo Gouveiada CNN

    Enquanto os holofotes do G7 se direcionavam ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, o governo brasileiro avançou em acordos comerciais e diplomáticos que não têm relação com a guerra na Ucrânia.

    No entanto, o posicionamento brasileiro sobre o conflito coloca o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em situações cada vez mais delicadas nas agendas no exterior, na avaliação da professora de Relações Internacionais Denilde Holzhacker, da ESPM.

    “Apesar de os ganhos não serem tão positivos do ponto de vista multilateral, do ponto de vista bilateral a reunião foi boa para o Brasil”, avaliou Denilde em entrevista à CNN Rádio. “O governo conseguiu retomar diversas relações importantes com a Austrália, houve uma sinalização muito positiva do Japão com relação a vistos e estabeleceu-se novamente um contato com a Índia, que é uma parceira relevante para o Brasil construir uma coalização que não seja dominada nem por europeus, nem por americanos.”

    Lula conversou diretamente com diversos líderes mundiais durante a reunião do G7, mas o presidente da Ucrânia não foi um deles. Em coletiva de imprensa, Zelensky declarou que o brasileiro é quem deve ter ficado decepcionado pelo encontro não ter sido concretizado.  Por outro lado, Lula respondeu que disponibilizou três horários em sua agenda para o ucraniano, que não respondeu.

    Durante reunião com diversos líderes, incluindo Zelensky, o presidente brasileiro voltou a condenar a violação russa do território ucraniano e cobrou que a ONU promova mais encontros para discutir soluções para encerrar o conflito.

    “Há uma percepção ainda mais forte de que o Brasil não só resiste a apoiar uma ação da Otan, liderada pelos Estados Unidos, mas que o Brasil tem um apoio implícito à Rússia”, afirmou Denilde Holzhacker. “Isso coloca o Brasil mais distante de ser um interlocutor no processo de busca por solução pacífica.”

    Mesmo assim, a professora aponta que a repercussão da falta de um encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Volodymyr Zelensky revela a importância brasileira na discussão.

    “Isso coloca um paradoxo para o Brasil de que somos vistos como relevantes, mas nossa posição ainda de muita resistência será algo com que o governo brasileiro terá de lidar nas próximas reuniões de organizações multilaterais”, considerou.

    Denilde Holzhacker lembrou ainda que o Brasil precisa manter um posicionamento o mais neutro possível sempre que for pressionado em relação à polarização entre Estados Unidos e China.

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já viajou aos dois países este ano e o Brasil tem forte dependência econômica dos chineses.