Coronavírus nos EUA: um desafio equivalente à 2ª Guerra Mundial e ao 11/09
Líderes norte-americanos estão apenas começando a entender a tarefa gigante que têm pela frente
A pandemia do novo coronavírus está rapidamente se transformando em um dos desafios mais sérios em termos de política e sociedade da era moderna. E os líderes norte-americanos estão apenas começando a entender a tarefa gigante que têm pela frente.
A realidade a longo prazo se estende para os norte-americanos em meio a apelos para uma mobilização nacional, no estilo da 2ª Guerra Mundial, para combater o surto. E os políticos, profundamente preocupados e encarregados em combatê-lo, comparam o significado da crise atual à calamidade da gripe espanhola de 1918, à Grande Depressão e ao 11 de Setembro de 2001.
Mas não está claro se a gritante mensagem chega a todos, especialmente os norte-americanos, que são um grupo vital para frear a disseminação da doença, agora que ela está se espalhando como um incêndio antes de atingir níveis que podem sobrecarregar o sistema de saúde dos Estados Unidos.
Leia também:
Coronavírus: ibuprofeno e cortisona não são recomendados para sintomas
Em São Francisco, por exemplo, as pessoas foram vistas passeando, andando de skate e pedalando – apesar da ordem para ficarem em casa, com a exceção de motivos essenciais. Especialistas alertam que, enquanto os jovens normalmente são poupados das complicações do COVID-19, eles podem disseminar o vírus para os mais velhos e pessoas mais vulneráveis.
Desemprego
O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, que luta para salvar a economia do país, está pintando um quadro terrível do que deve acontecer se o Congresso não agir – dizendo aos senadores que a taxa de desemprego pode subir 20%, informou uma fonte do Senado, de maioria republicana, à CNN.
Esse cenário de pesadelo estaria próximo da praga de 1930, e superaria, em muito, o número de desempregados após a crise financeira de 2008, que chegou a 9,9%
Em meio a sinais de que o drama do novo coronavírus será mais longo e mais caro para os norte-americanos do que o esperado, a Casa Branca busca poder extraordinário para impedir a economia de cair do precipício. Um plano de estímulo avaliado em US$ 1 trilhão é maior do que a Lei de Recuperação que ajudou a tirar o país da Grande Recessão.
Há sinais de união entre o governo federal, estados e jurisdições locais. Mas há poucas respostas da Casa Branca para o desafio mais crítico: a falta de equipamento de proteção para os funcionários da área de saúde, e máquinas de respiração e camas em unidades de cuidados intensivos diante da chegada de mais pacientes aos hospitais.
Assista e leia também:
Coronavírus: como é viver na Itália, epicentro da pandemia na Europa
O presidente dos EUA, Donald Trump, que criou profundas divisões políticas em três turbulentos anos no cargo, agora enfrenta um dos maiores desafios que qualquer um que chefiou a Casa Branca nos últimos anos teve que lidar.
Em todos os discursos do mandatário busca-se evidências de que ele está apto à tarefa de combater um inimigo que não ainda não devorou o território americano, mas está se proliferando de forma invisível entre a população.
“Temos que combater esse inimigo invisível”, disse Trump nessa terça-feira (17), enquanto mais de 1,5 mil novos casos de COVID-19 surgiram no país, o número de mortos passou de 100 e o vírus chegou a todos os estados norte-americanos.
O médico Anthony Fauci, especialista em doenças infecciosas, afirmou que pode levar semanas até que ele saiba se os regimes de auto isolamento cada vez mais rigorosos ajudarão a achatar a curva de infecções abaixo do nível que poderia levar o sistema de saúde pública dos EUA ao colapso.
Os comentários de Fauci foram considerados alarmantes porque destacam que a economia não apenas está se encaminhando para fechamento total durante algumas semanas, mas também permanecerá ociosa por alguns dias e talvez meses.
Colapso massivo da economia
Bares, cafés, restaurantes e teatros estão fechando ou oferecendo serviço de retirada nas calçadas. As linhas aéreas estão reduzindo a capacidade. Lojas de departamento estão fechando as portas. “Estamos vendo um colapso massivo da economia deste país”, disse à CNN o senador democrata Jeff Merkley, por Oregon.
Leia também:
O que é fake news e o que é verdade sobre a transmissão do coronavírus
Mnuchin pressionou os senadores republicanos a aprovarem primeiro um projeto de auxílio econômico da Câmara dos Deputados antes de chegar um novo pedido urgente por um pacote de estímulo de US$ 1 trilhão. “É um número grande”, afirmou ele. “Esta é uma situação única nesta economia.”
Trump manteve a postura estadista, retribuindo o elogio depois que um de seus inimigos políticos, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, elogiou a liderança do presidente. Mas Trump e sua equipe também se esforçaram para reescrever a história de suas tentativas anteriores de minimizar a seriedade do COVID-19.
“Senti que era uma pandemia muito antes de ser chamada de pandemia”, disse o mandatário sobre o vírus que ele anteriormente alegou ser um problema como a gripe comum.
Enquanto havia novos sinais de que a Casa Branca estaria desenvolvendo um programa de mitigação – em termos de testes, reparos econômicos e apelos para que a indústria doasse máscaras para os profissionais de saúde -, o esforço ainda parece aquém do necessário.