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    COP26: Promessa de cooperar com EUA surpreende, mas China não muda metas climáticas

    Na quarta-feira, Pequim e Washington anunciaram intensificação de ambições climáticas; chineses não garantiram, porém, adesão a pacto sobre metano

    Angela DewanElla Nilsenda CNN

    Os Estados Unidos e a China surpreenderam a cúpula do clima (COP26), na quarta-feira (10), quando representantes dos países anunciaram um acordo para intensificar suas ambições climáticas, poucos dias antes do final da conferência em Glasgow.

    “Há mais acordo entre os EUA e a China do que divergência, tornando-se uma área de enorme potencial para cooperação”, disse o enviado climático da China, Xie Zhenhua, em entrevista coletiva.

    “O lançamento desta declaração conjunta mostra mais uma vez que a cooperação é a única escolha para a China e os Estados Unidos. Trabalhando juntos, nossos dois países podem alcançar muitas coisas importantes que são benéficas para o mundo como um todo.”

    Xie não garantiu a adesão da China ao Compromisso Global do Metano, que foi liderado pelos EUA e pela União Europeia (UE), e que obriga os signatários a reduzir as emissões de metano em cerca de um terço.

    Ele também não garantiu o compromisso do país com nenhum outro grande acordo internacional, dizendo que a China queria “responsabilidades diferenciadas”.

    No entanto, Xie disse que a China pretende desenvolver seu próprio plano nacional para o metano.

    “Em termos de metano, os Estados Unidos anunciaram… [um plano de ação para o metano], e a China pretende desenvolver um plano nacional para o metano e também incentivaremos e aumentaremos a cooperação em relação à medição e mitigação do metano”, disse Xie.

    Ele acrescentou que os EUA e a China estão “comprometidos em tornar a cooperação mais concreta e pragmática e com base em instituições e mecanismos”, e disse que ambos os países pretendem estabelecer um grupo de trabalho para aprimorar a ação climática na década de 2020.

    Em uma entrevista coletiva imediatamente após Xie, o enviado especial do clima dos EUA, John Kerry, disse “estar satisfeito” com o acordo entre os dois países.

    “Acreditamos que as medidas que estamos tomando podem responder a perguntas sobre o ritmo em que a China está indo e ajudar a China, os EUA e outros a acelerarem seus esforços”, disse Kerry.

    Fábricas em Tangshan, China
    Fábricas em Tangshan, China / Kim Kyung-Hoon – 27.fev.2016/Reuters

    Ele disse que os EUA e a China têm duas opções: eles podem sair da COP26 sem trabalhar juntos e deixar “o mundo se perguntando para onde vai o futuro, claramente com uma lacuna”.

    “Ou podemos sair daqui com pessoas trabalhando juntas para aumentar a ambição e começar a seguir por um caminho melhor”, disse Kerry. “Essa é a escolha.”

    Kerry acrescentou que o presidente os EUA, Joe Biden, e o presidente chinês, Xi Jinping, terão em breve uma cúpula virtual e disse que sua equipe está ocupada se preparando para esse evento.

    Kerry também afirmou que conversou pela primeira vez com o enviado chinês para o clima, Xie Zhenhua, em fevereiro, depois que Biden foi empossado, e as negociações continuaram por meses.

    No início da quarta-feira, a presidência da COP26 publicou um projeto de acordo para a cúpula. O texto diz que o mundo deveria ter como objetivo limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius e reconhece o papel dos combustíveis fósseis na crise climática, a primeira vez que a cúpula anual faz isso.

    Xie não respondeu diretamente a uma pergunta sobre se a China apoiaria o projeto de acordo da COP26 em sua forma completa, embora ele tenha dito anteriormente que o país estava aderindo à meta do Acordo de Paris de conter o aquecimento global a 2 graus, mas preferencialmente 1,5 graus.

    As autoridades chinesas disseram há meses que não apoiariam nenhuma mudança nas metas do Acordo de Paris sobre o aumento da temperatura.

    A China, o maior consumidor mundial de carvão, não assinou uma declaração na COP26 se comprometendo a eliminar o uso de carvão. Os EUA e a Índia também se recusaram a assinar. Os países são os três maiores emissores e maiores consumidores de carvão do mundo.

    Quando questionado se a China avançaria sua data para atingir o pico de suas emissões de gases de efeito estufa, que atualmente é antes de 2030, Kerry disse que as autoridades norte-americanas acreditam que a China pode já ter atingido o pico de suas emissões e que as emissões se estabilizaram.

    “O presidente Xi estabeleceu um prazo para quando ele acredita que pode atingir o pico, e tivemos muitas discussões sobre o pico”, disse Kerry.

    “O que queríamos ter certeza era que, quando a China iniciar o processo que ela aceitou de acordo com o plano anunciado, poderíamos tentar acelerar e a China aceitou que eles farão os melhores esforços para acelerar o trabalho de redução gradual.”

    Uma relação tensa entre os EUA e a China prejudicou o sucesso nas negociações anteriores sobre o clima. As duas nações limitaram o sucesso do Protocolo de Kyoto, que precedeu o Acordo de Paris de 2015. A China não foi obrigada a aderir como país em desenvolvimento e os EUA se recusaram a aderir sem a China.

    (Texto traduzido; leia o original em inglês)