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    COP26 aprova acordo para a redução dos combustíveis fósseis no planeta

    Referência a esse tipo de combustível como vilão da crise climática é feita pela primeira vez na história das conferências da ONU

    Angela DewanAmy CassidyIngrid FormanekIvana Kottasováda CNN

    Em Glasgow

    Depois de uma maratona de negociações, a COP26 (Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas) aprovou neste sábado (13), em Glasgow, na Escócia, um acordo sobre o clima no planeta que inclui, pela primeira vez na história, uma referência aos combustíveis fósseis e seu papel na crise climática.

    O texto final aponta explicitamente para o carvão, que é o maior contribuinte individual para as mudanças climáticas. Em todas as 25 COPs anteriores, nunca um acordo havia mencionado carvão, petróleo ou gás, ou mesmo combustíveis fósseis em geral, como impulsionadores — muito menos a principal causa — da crise climática.

    Emocionado, o presidente da COP26, Alok Sharma, fez o anúncio do acordo com golpes de martelo. Ele emendou oralmente o rascunho mais recente do texto atenuando a linguagem em torno dos combustíveis fósseis depois de objeções feitas pela Índia e o Irã. O acordo final se refere a uma “redução” do carvão, em vez de uma “eliminação”.

    Havia profundas divisões entre as nações sobre questões-chave, incluindo o uso dos termos sobre combustíveis fósseis e a quantia de dinheiro que o mundo desenvolvido deveria pagar ao Sul Global para ajudá-lo a se adaptar à crise climática. Isto impediu que a cúpula terminasse na sexta-feira (12), data inicialmente prevista para o encerramento.

    Sharma disse anteriormente aos delegados que estava “infinitamente grato” por manter a meta de 1,5ºC “viva”. O objetivo geral dele era chegar a um acordo que fizesse o mundo avançar na contenção do aquecimento global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.

    Os cientistas dizem que esse limite é necessário para evitar o agravamento dos impactos da crise climática e mudanças climáticas catastróficas.

    Representantes de vários países expressaram oposição a alguns dos resultados. A ministra suíça do Meio Ambiente, Simonetta Sommaruga, reclamou que o processo para alterar a redação sobre os combustíveis fósseis no último minuto não foi transparente o suficiente.

    “Não precisamos reduzir gradualmente, mas eliminar gradualmente os subsídios ao carvão e aos combustíveis fósseis”, disse Sommaruga, que representa o Grupo de Integridade Ambiental, vinculado à agência de mudança climática da ONU. Ela acrescentou que o grupo optou por não impedir o acordo, apesar de ter ficado “desapontado”.

    Seve Paeniu, enviado climático de Tuvalu, nação sob ameaça do aumento do nível do mar, disse a jornalistas antes da sessão final que estava animado com o progresso, mas que as palavras precisam ser seguidas de ações.

    “Há muito compromisso para agir. Portanto, até a próxima COP, os países precisam apenas cumprir esses compromissos. Portanto, há muito trabalho agora. O desafio agora para os países é realmente entregar isso”, disse.

    Paeniu ficou desapontado, no entanto, por não haver uma decisão mais firme sobre um fundo de perdas e danos em que  nações ricas pagariam pelos impactos da crise climática em países mais vulneráveis, como Tuvalu.

    Uma autoridade dos EUA disse à CNN que o país se opõe a isso, enquanto uma fonte afirmou à CNN que a União Europeia também está resistindo. Um porta-voz da União Europeia não quis comentar.

    “Em primeiro lugar, pequenos países fizeram nossas vozes serem ouvidas, mas em uma sala de negociação como esta, você tem os grandes países. Portanto, é o tipo de acordo ‘pegar ou largar’”, afirmou. “Portanto, não havia outra opção para nós. Queremos apenas trabalhar com isso e temos esperança de que algum resultado possa surgir desse diálogo.”

    Nick Mabey, co-fundador e presidente-executivo do grupo de estudos climáticos E3G, disse que os líderes dos países entenderam que precisavam fazer mais para enfrentar o momento de crise climática.

    “Ao concordar com este pacote de emergência, eles responderam aos crescentes danos climáticos com um plano de ação para manter 1,5ºC ao alcance”, disse à CNN. “Mas a verdadeira tarefa começa agora, pois cada país deve voltar para casa e cumprir suas promessas em Glasgow.”

    Uma conquista importante do acordo é um artigo que pede aos países que atualizem suas ambições de reduzir as emissões de gases de efeito estufa até o final de 2022, para a COP27, marcada para o Egito.

    O relatório da ONU, divulgado em agosto, e eventos climáticos extremos em todo o hemisfério norte nos últimos meses soaram o alarme de que a mudança climática estava acontecendo mais rápido do que até mesmo os cientistas haviam entendido anteriormente.

    Mas há muitos críticos ao acordo de Glasgow, especialmente no mundo em desenvolvimento, sobre a falta de decisões concretas sobre perdas e danos.

    “Este resultado é um insulto aos milhões de pessoas cujas vidas estão sendo destruídas pela crise climática”, disse Teresa Anderson, coordenadora de políticas climáticas da ActionAid International. Ela disse que “os países ricos mais responsáveis ​​pelo aquecimento global — particularmente os Estados Unidos — bloquearam seus ouvidos e penduraram os mais afetados para secar”.