Conselho de Direitos Humanos da ONU fará reunião emergencial sobre RD Congo
Especialistas alertam para deterioração da situação humanitária devido a conflito na região
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O Conselho de Direitos Humanos da ONU realizará uma reunião especial para discutir a situação na cidade de Goma, no leste da República Democrática do Congo, de acordo com um comunicado das Nações Unidas.
Os rebeldes M23 – apoiados por Ruanda – capturaram a cidade na semana passada.
O conflito levou a um aumento nas violações dos direitos humanos, incluindo execuções, bombardeios em campos de deslocados, relatos de estupros coletivos e outros tipos de violência sexual, segundo informações do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).
A República Democrática do Congo solicitou a sessão, que acontecerá no dia 7 de fevereiro em Genebra, conforme a declaração da ONU. Até o momento, 27 países apoiaram a reunião – acima da exigência de um terço do Conselho de 47 membros -, de acordo com o comunicado.
Embora o núcleo não tenha poder jurídico, os debates têm peso político, e as críticas podem aumentar a pressão global. As investigações ordenadas pelo Gabinete ainda podem levar a processos por crimes de guerra em Tribunais Internacionais.
Entenda o conflito na RD Congo
Uma aliança rebelde reivindicou a captura da maior cidade na região leste da República Democrática do Congo (RD Congo), que é rica em minerais, nesta semana, superando tropas governamentais apoiadas por forças de intervenção regionais e da ONU.
A tomada de Goma é mais um ganho territorial para a coalizão rebelde Alliance Fleuve Congo (AFC), que inclui o grupo armado M23 – que é sancionado pelos Estados Unidos e pela ONU.
É também uma rápida expansão da presença dos insurgentes no leste do país – onde minerais raros cruciais para a produção de telefones e computadores são extraídos – e provavelmente piorará uma crise humanitária de longa data na região.
O governo congolês ainda não confirmou a tomada da cidade pelos rebeldes, mas reconhece sua presença no local, que é capital da província oriental de Kivu do Norte.
Além disso, a RD Congo anunciou no domingo (27) que cortou relações diplomáticas com a Ruanda e chamou de volta sua equipe diplomática do país. A nação vizinha é acusada de equipar os rebeldes com armas e combatentes.
Um porta-voz do governo de Ruanda não negou nem confirmou o apoio do país ao grupo armado M23 quando questionado pela CNN.
Enquanto isso, soldados estrangeiros de forças de paz, bem como o governador militar da província de Kivu do Norte, foram mortos nos últimos dias tentando afastar os insurgentes, enquanto milhares de moradores fogem da região.
O que é o M23?
O nome M23 se refere ao acordo de 23 de março de 2009, que encerrou uma revolta anterior liderada por tutsis no leste da RD Congo.
É o mais recente grupo de rebeldes liderados por tutsis étnicos apoiados por Ruanda, que têm causado tumulto na RD Congo desde o rescaldo do genocídio em Ruanda há trinta anos, quando extremistas hutus mataram tutsis e hutus moderados e depois foram derrubados pelas forças lideradas por tutsis que ainda dominam Ruanda.
O M23 acusa o governo da RD Congo de não cumprir o acordo de paz e integrar totalmente os tutsis congoleses ao Exército e ao governo.
O grupo também promete defender os interesses tutsis, particularmente contra milícias étnicas hutus, como as Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR), fundadas por hutus que fugiram de Ruanda após participar do genocídio de 1994 de quase 1 milhão de tutsis e hutus moderados.