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    Como a liberação de documentos secretos pode mudar as teorias da conspiração sobre o assassinato de JFK

    Casa Branca ordenou que mais de 13 mil documentos relacionados às investigações sobre a morte do ex-presidente sejam divulgados para o público

    Américo Martinsda CNN

    Em Londres

    O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinou uma ordem executiva determinando que mais de 13 mil documentos confidenciais sobre o assassinato do ex-presidente John F. Kennedy sejam finalmente liberados para o público.

    Segundo a Casa Branca, com essa ordem, mais de 97% de todos os documentos relacionados às investigações sobre o crime estarão livres para consulta.

    Espera-se que mais detalhes possam surgir sobre Lee Harvey Oswald, acusado de ser o autor do disparo que matou o presidente.

    Kennedy foi morto em Dallas, no Texas, no dia 22 de novembro de 1963, com um tiro na cabeça enquanto desfilava pelas ruas da cidade num carro aberto ao lado da primeira-dama, Jacqueline Kennedy.

    Desde então, centenas de teorias da conspiração surgiram ao redor do caso.

    Elas envolvem atores tão diversos como a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (a famosa CIA), o Departamento Federal de Investigações (FBI), a agência de espionagem soviética KGB, agentes cubanos e membros da máfia americana.

    O fato de 3% dos documentos ainda serem considerados sensíveis demais para serem divulgados pode aumentar ainda mais a possibilidade de as pessoas continuarem acreditando nas conspirações –ou até criar mais algumas.

    Parte dessas teorias surgiu devido ao número de inimigos que Kennedy criou durante seu curto governo (1961-1963), especialmente no cenário internacional.

    Guerra Fria e a Crise dos Mísseis em Cuba

    Com a chamada Guerra Fria no seu auge, o governo Kennedy se envolveu em sérios conflitos geopolíticos.

    O mais perigoso deles, sem dúvida, foi a crise dos mísseis em Cuba, em outubro de 1962, quando a União Soviética enviou cargueiros com mísseis nucleares para a ilha.

    O mundo nunca esteve tão perto de um conflito nuclear quanto naqueles dias, mas Kennedy conseguiu acalmar Moscou ao retirar mísseis americanos que estavam estacionados na Turquia.

    Pouco antes, em 1961, a administração Kennedy já havia se envolvido em um tremendo fiasco ao promover uma fracassada invasão da Baía dos Porcos, em Cuba, para tentar derrubar o regime comunista de Fidel Castro.

    Os americanos também foram acusados diversas vezes de tentar matar o líder cubano.

    Guerra do Vietnã e construção do Muro de Berlim

    Também foi durante o mandato de Kennedy que os Estados Unidos se envolveram por completo na Guerra do Vietnã, com o envio de milhares de soldados para o país asiático.

    Na mesma época, a União Soviética construiu o infame Muro de Berlim –e Kennedy fez um discurso histórico prometendo defender Berlim Ocidental até o fim.

    Todos os episódios levaram as pessoas a crer que muitos governos estrangeiros e políticos tinham interesse na morte do presidente americano.

    O caso ganhou contornos ainda mais instigantes porque Lee Oswald morou alguns anos na União Soviética, antes do crime, e até tentou conseguir a cidadania do país comunista, sem sucesso.

    A investigação oficial determinou que Kennedy foi morto com um único disparo, feito por Oswald.

    Além disso, os investigadores concluíram que ele agiu absolutamente sozinho.

    Enredo de filme

    Para aguçar ainda mais as teorias da conspiração, o suposto assassino de Kennedy foi morto a tiros dentro da delegacia onde estava preso –e em frente às câmeras de TV que acompanhavam o evento ao vivo.

    O assassino de Oswald, Jack Ruby, era dono de uma boate e teria conexões com a máfia americana.

    Todo esse exótico enredo de personagens das sombras levou o cineasta americano Oliver Stone a lançar o filme “JFK”, em 1991.

    A repercussão do filme trouxe à tona, novamente, as teorias da conspiração e levou o Congresso americano a aprovar uma lei exigindo que os documentos relacionados à investigação fossem liberados até 2017.

    Os governos dos presidentes Donald Trump e Joe Biden, no entanto, nunca liberaram todos os documentos.

    Alegam que alguns deles ainda têm informações sensíveis sobre pessoas e os métodos de trabalho da CIA e do FBI.

    Com os documentos liberados agora, imagina-se que saiba-se mais sobre quem foram Oswald e Ruby.

    Mas, dificilmente, eles explicarão de forma cabal o que exatamente aconteceu naquele longínquo dia ensolarado de 1963.