Colômbia: Sindicatos organizam protestos em massa; violência se agrava em Bogotá
Manifestações miravam o cancelamento de reforma tributária, mas nos últimos dias têm abordado mais questões
Sindicatos colombianos estão se preparando para protestos em massa ao redor do país nesta quarta-feira (4) para marcar o oitavo dia de manifestações anti-governo, após a piora da violência durante a madrugada em Bogotá.
Os protestos, originalmente convocados em oposição a uma reforma tributária – já cancelada após as manifestações – se transformaram em uma demanda por ações para combater a pobreza, a violência policial denunciada por manifestantes, entre outras questões.
As demonstrações e a oposição no Legislativo levaram o governo a desistir da reforma e à renúncia do ministro da economia. O país recebeu alertas da comunidade internacional sobre a violência policial contra manifestantes.
Os protestos desta quarta-feira demandam o direito universal a um salário mínimo, a revogação de um plano de reforma da saúde e a dissolução da ESMAD, uma polícia especializada no combate a revoltas.
O crescimento da pobreza, que alcançou 42,5% da população colombiana no ano passado em meio à pandemia da Covid-19, agravou desigualdades e interrompeu os ganhos do desenvolvimento da Colômbia. A população vivendo em extrema pobreza aumentou em 2,8 milhões durante 2020.
O presidente Ivan Duque disse na terça-feira que o governo criará espaço para ouvir os cidadãos, similares a projetos que ofereceu após protestos em 2019. Muitos grupos, incluindo os grandes sindicatos, dizem que ele falhou na elaboração.
Durante a sétima noite de protestos na terça, 30 civis e 16 policiais foram feridos em Bogotá, disse o gabinete da prefeita em nota.
Ela acrescentou que uma multidão tentou “queimar vivos” um grupo de dez policias ao atear fogo em uma delegacia.
“O nível de destruição, de violência, de ataques contra os cidadãos, contra a propriedade pública e contra a polícia, é inacreditável”, disse a prefeita Claudia Lopez.
Protestos em todo o país resultaram em mais de 20 mortes até o momento.
O ombudsman de direitos humanos da Colômbia confirmou a morte de 18 manifestantes e um oficial da polícia na segunda-feira, a maioria na cidade de Cali. O ombudsman não atualizou os dados desde então.
Entretanto, o secretário de segurança reportou mais cinco mortes ocorridas na madrugada de segunda, levando o total nacional a mais de 20. Grupos de direitos humanos defendem que o número é ainda maior.