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    Colégio Eleitoral vota nome do presidente dos EUA hoje; entenda o processo

    As projeções indicam que a chapa democrata deve obter 306 votos no Colégio Eleitoral contra 232 de seus adversários republicanos

    Murillo Ferrari, da CNN, em São Paulo

    Os delegados do Colégio Eleitoral dos Estados Unidos se reúnem nesta segunda-feira (14) em seus estados para votar nos candidatos a presidente e vice-presidente seguindo o resultado da votação popular em seu território.

    De acordo com as regras do sistema eleitoral norte-americano estabelecidas na Constituição, são os 538 membros desse órgão que, na prática, oficializam quem comandará o país durante quatro anos.

    Dessa forma, apesar de a chapa democrata formada por Joe Biden e Kamala Harris ter sido declarada vitoriosa nas projeções da mídia – incluindo a CNN – desde 7 de novembro, apenas a partir desta segunda-feira, após a votação do Colégio Eleitoral, eles serão considerados oficialmente presidente e vice-presidente eleitos dos EUA.

    As projeções indicam que a chapa democrata deve obter 306 votos no Colégio Eleitoral contra 232 de seus adversários republicanos Donald Trump e Mike Pence. São necessários, ao menos, 270 votos para vencer a eleição norte-americana.

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    Normalmente, a votação no Colégio Eleitoral não apresenta grandes surpresas, mas com a grande pressão de Trump para tentar invalidar votos em estados-chave onde foi derrotado por Biden, havia temores de que a reunião deste ano pudesse ser menos tranquila.

    “Trump é alguém que se comporta de uma forma completamente nova para um presidente da República e vem quebrando uma série de regras. Mas, por enquanto, o que temos visto é que o Judiciário americano tem funcionado muito bem”, afirmou à CNN Carlos Gustavo Poggio, doutor em Relações Internacionais e especialista em política dos Estados Unidos.

    “O que o Trump quer fazer é instrumentalizar politicamente o Judiciário para seus fins, mas ele não tem conseguido. Seus advogados têm entrado com o máximo de ações que podem, tentando encontrar algum juiz amistoso, mas isso não aconteceu até agora e creio que não vá acontecer”, completou o especialista.

    Para evitar reviravoltas no Colégio Eleitoral, muitos estados têm leis que exigem que seus delegados votem no vencedor da votação popular e podem cobrar multas ou impor punições para aqueles que não respeitarem essa decisão.

    “Claro que sempre há o risco de um ou outro delegado votar diferente [do que foi decidido pelas urnas], mas esse risco é menor do que em 2016, quando 7 delegados não seguiram seus estados”, relembrou Poggio.

    “A Suprema Corte dos EUA julgou como legais essas ações estaduais, ou seja, os estados têm sim o direito de punir delegados que, eventualmente, não votarem de acordo com o que decidiram seus eleitores. E, mesmo que aconteça [algum voto inesperado], não vai alterar o resultado.”

    Depois de os delegados manifestarem seus votos no Colégio Eleitoral, o resultado é encaminhado ao presidente do Senado, que os conta em sessão conjunta do Congresso, após o Ano Novo. Esse procedimento está marcado para o dia 6 de janeiro de 2021.

    Por que o Colégio Eleitoral se reúne em 14 de dezembro?

    A data para a manifestação dos votos no Colégio Eleitoral varia a cada quatro anos, mas ela tem uma regra: deve ser sempre na primeira segunda-feira após a segunda quarta-feira de dezembro. Neste ano, caiu no dia 14. Em 2016, no dia 19.

    Esse período de mais de um mês desde o dia da votação nos EUA – que é sempre na terça-feira seguinte à primeira segunda-feira do mês de novembro – tem como objetivo permitir que todos os estados tenham concluído suas contagens – e recontagens, se for o caso – de votos, além de terem certificados seus resultados.

    Neste ano, o último estado a certificar o resultado da eleição presidencial foi a Virgínia Ocidental, no dia 9 de dezembro. Esse processo varia de acordo com as leis eleitorais de cada um dos 50 estados norte-americanos.

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    Trump pode mudar a votação do Colégio Eleitoral na Justiça?

    De forma direta: não. Pelo menos isso não é possível se a Justiça dos EUA seguir seu rumo normal de tramitação.

    E o mais recente sinal de que o republicano está ficando sem recursos é o fato de a Suprema Corte ter rejeitado, na sexta-feira (11), o pedido do procurador-geral do Texas para a anulação de milhões de votos de eleitores em estados decisivos que apoiaram Biden

    “Todas essas ações que o Trump tem entrado na Justiça não são ações sérias. São ações que servem mais para um propósito de relações públicas, ou seja, para montar uma narrativa”, disse Poggio.

    “O que o Trump tenta validar é uma narrativa de fraude porque ele tem questões pessoais, um ego enorme que o impede de reconhecer que perdeu e, também, porque já está armando o campo para poder ser uma figura importante e atuante após 20 de janeiro de 2021”, completou.

    Por que os EUA usam esse sistema?

    Há algumas razões para isso: primeiro, os criadores do sistema temiam facções e que os eleitores não tomassem decisões informadas. Outro ponto: eles não queriam dizer aos estados como conduzir suas eleições.

    Também havia a preocupação de que os estados com as maiores populações eleitorais acabassem escolhendo sozinhos o presidente.

    Outros preferiram a ideia de o Congresso escolher o presidente, e havia propostas na época para um voto popular nacional. O Colégio Eleitoral, portanto, foi um meio termo entre teses tão divergentes.

    De onde saiu o número de 538 delegados?

    A conta para chegar aos 538 delegados é simples: um para cada membro da Câmara dos Deputados (435) e do Senado (100), mais 3 para representar o Distrito de Columbia.

    Cada estado tem, ao menos, 3 delegados no Colégio Eleitoral. A Califórnia, o estado mais populoso, tem 53 congressistas e 2 senadores, portanto tem 55 votos eleitorais.

    Seis estados (Alasca, Delaware, Montana, Dakota do Norte, Vermont e Wyoming) têm populações tão pequenas que têm apenas um congressista cada e 3 votos no Colégio Eleitoral. O Distrito de Columbia também tem 3 votos eleitorais. 

    Os eleitores de Porto Rico e de outros territórios que não são estados não têm votos eleitorais, embora possam participar das primárias presidenciais.

    O número total de delegados no Colégio Eleitoral (538) não pode mudar, a menos que mais legisladores sejam adicionados ao Capitólio ou isso seja previsto em uma emenda constitucional. 

    No entanto, o número de eleitores alocados para cada estado pode mudar a cada 10 anos, após o Censo determinado pela Constituição.

    Alguns estados ganham uma ou duas cadeiras na Câmara e outros perdem algumas. Nenhum estado, por menor que seja, pode ter zero membros no Congresso. 

    Outras datas importantes no processo eleitoral dos EUA:

    • 23 de dezembro

    Essa é data-limite para que os votos do Colégio Eleitoral cheguem a Washington. Isso porque, por lei, esses votos têm nove dias para ser enviados dos estados ao Capitólio.

    • 3 de janeiro

    Data de posse do novo Congresso norte-americano. Os membros da Câmara e novos membros do Senado fazem o juramento de posse ao meio-dia. Será o início oficial da 117º legislatura do Congresso dos EUA.

    • 6 de janeiro

    Contagem dos votos do Colégio Eleitoral. Membros da Câmara e do Senado se reúnem no Congresso. O presidente do Senado (ou seja, o vice-presidente Mike Pence) preside a sessão e os votos eleitorais são lidos e contados em ordem alfabética por dois indicados cada pela Câmara e pelo Senado. 

    Eles então dão suas contagens para Pence, que anuncia os resultados e escuta as objeções. Se houver objeções ou se houver, de alguma forma, múltiplas chapas eleitorais apresentadas por um estado, a Câmara e o Senado as consideram separadamente para decidir como contar esses votos.

    Se nenhum candidato obtiver 270 votos, os 435 membros da Câmara decidem a eleição. Todo estado tem direito a voto. A Câmara tem até o meio-dia do dia 20 de janeiro para escolher o presidente.

    Caso contrário, o cargo é assumido pelo vice-presidente ou pela próxima pessoa elegível na linha de sucessão presidencial.

    • 20 de janeiro

    Dia da posse: O novo presidente faz o juramento de posse ao meio-dia. Em uma eleição disputada, se a Câmara não escolheu um presidente, mas o Senado escolheu um vice-presidente, esse vice-presidente eleito torna-se presidente interino até que a Câmara faça uma escolha.

    E se não houver presidente eleito e vice-presidente eleito, a Câmara nomeia um presidente até que os dois cargos sejam definidos.

    (Com informações de Zachary B. Wolf e Will Mullery, da CNN)

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