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    Cobertura sobre queda de Assad na Síria é silenciada na mídia estatal russa

    Kremlin não comentou oficialmente os eventos no país do Oriente Médio até o momento

    Frederik Pleitgen

    Considerando o fato de que a Rússia tem sido um dos apoiadores mais importantes do governo de Bashar al-Assad por quase dez anos, a cobertura da tomada de Damasco pelos rebeldes foi silenciada na mídia estatal russa.

    O canal de notícias estatal do país, Rossiya 24, liderou suas transmissões com as notícias na manhã deste domingo (8), mas em vez da cobertura completa vista nas redes ocidentais e do Oriente Médio, os relatórios foram curtos e muito práticos.

    “Grupos armados ocuparam o prédio da rádio e TV estatal, localizado no centro de Damasco”, disse o relatório russo, mostrando forças da oposição aparentemente entrando no complexo de mídia do governo.

    Após cerca de um minuto, a cobertura mudou para outras notícias, principalmente sobre a guerra na Ucrânia.

    As agências de notícias russas também tiveram cobertura principalmente secundária dos eventos históricos que se desenrolavam na Síria, frequentemente citando a mídia ocidental e do Oriente Médio.

    Na página principal da agência de notícias oficial TASS, a Síria foi classificada como apenas uma das várias manchetes, em vez de um tratamento de notícias de última hora.

    Isso está de acordo com a resposta discreta das autoridades russas sobre o colapso do governo de Assad.

    O Kremlin até agora não comentou oficialmente os eventos, no entanto, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia divulgou uma declaração confirmando que Assad havia deixado o país, ao mesmo tempo em que afirmava que a Rússia não desempenhou nenhum papel nas negociações para a transferência de poder.

    Entenda o conflito na Síria

    A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.

    O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.

    Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.

    Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais – da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia – se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.

    A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.

    Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.

    Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, de acordo com a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.

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