Clube VIP de Londres oferece pacote de viagem com vacina em Dubai por R$ 295 mil
Além de anuidade de 25 mil libras, serviço só permite que maiores de 65 contratem o pacote que inclui transporte de primeira classe e hospedagem de luxo
Um serviço de assistência a consumidores de alta renda em Londres está oferecendo a seus associados pacotes de vacinação em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Por cerca de 40 mil libras — cerca de R$ 295 mil pela cotação de 5 de fevereiro — o casal recebe transporte aéreo de primeira classe, um mês de hospedagem em hotel cinco estrelas com vista para o mar, médico disponível 24 horas e, claro, as duas doses da vacina contra a Covid-19.
O pacote, entretanto, é disponível apenas para os clientes maiores de 65 anos. “Ainda temos a responsabilidade moral de garantir que as pessoas que realmente precisam recebam, e é nisso que temos nos concentrado. Não são apenas nossos membros, mas seus pais e avós também”, comentou o Stuard McNeil, fundador do Knightsbridge Circle ao jornal The Telegraph.
O serviço se apresenta da seguinte forma: “Baseando-se em uma rede extensa e de elite de contatos, o Knightsbridge Circle coloca os clientes firmemente no centro. Antecipamos de maneira proativa as necessidades dos clientes: identificando os eventos mais desejáveis e viagens personalizadas; localização de acomodação e transporte luxuosos; negociação de upgrades premium e economia; abrindo portas para experiências únicas e inesquecíveis.”
O clube privativo reúne sócios em todo o mundo pelo valor de 25 mil libras por ano (cerca de R$ 184 mil) — cerca de 40% dos membros residem no Reino Unido. Seu fundador garante que estão sendo cuidadosos em quem aceitam para receber vacina, já que dezenas de membros mais jovens estão tentando “furar a fila” da vacinação de luxo. “Se você é um jovem de 35 anos que vai à academia duas vezes por dia, não tem chance de obter a vacina através de nós. Isso é certeza”, completa.
Em Dubai, os sócios do clube recebem as vacina da Pfizer e da Sinopharm, que exigem um intervalo de 21 dias para a segunda dose. Assim que pousam em Dubai, os viajantes recebem a primeira dose da vacina e aguardam a segunda em acomodações de luxo com chefs e funcionários dedicados exclusivamente aos hóspedes.
“É como se fôssemos os pioneiros desse novo programa de vacina para viagens de luxo”, diz o fundador. Alguns membros estão optando por fazer o transporte em jatos particulares e outros estão aproveitando a viagem para fazer negócios em Dubai.
É preciso destacar que, entretanto, para receber o imunizante, é necessário ser um cidadão dos Emirados Árabes. “Apenas residentes com documento de identidade dos Emirados Árabes Unidos podem tomar a vacina contra a COVID-19 nos postos espalhados pelo Emirado. Turistas não são elegíveis à vacinação”, disse a entidade Turismo em Dubai, em nota de esclarecimento.
O clube também oferece pacotes para a Índia, onde está disponível a vacina da AstraZeneca, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford. Entretanto, a dificuldade para ingleses conseguirem um visto no país asiático tem feito o Knightsbridge Circle considerar vender viagens ao Marrocos.
O esquema de luxo levanta algumas questões éticas sobre a vacinação. Enquanto no Reino Unido, assim como no Brasil, as vacinas são administradas apenas de forma pública, os Emirados Árabes já aplicam o imunizante da Pfizer em hospitais privados. A península foi o primeiro país do mundo a aplicar vacinas, com o fármaco da Sinopharm, em setembro de 2020. O plano é de que até o fim do ano, 70% da população de Dubai esteja vacinada.
Ao Telegraph, o fundador do Knightsbridge Circle defende a vacinação privada, mesmo que pelo preço alto oferecido pelo clube. Stuart argumenta que, sendo pessoas ricas ou não, “são vidas salvas” e é “bom ter mais pessoas imunes”.
“Temos um cliente cujos pais estão no Paquistão e não têm o benefício do serviço nacional de saúde. Portanto, se houver uma vacina para a qual eles possam voar para recebê-la, certamente isso é uma coisa boa. Temos orgulho de poder oferecer isso a cidadãos idosos em países que não teriam chance de obtê-lo”.
O anúncio do pacote de viagem e vacina atraiu muitos novos membros para o clube, que está sobrecarregando o processo de seleção com estrangeiros de contas recheadas. Porém, não basta pagar a associação. O Knigstbridge Circle está procurando membros que desejem permaneçam associados pelos próximos 5 ou 10 anos.