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    Cidadã russo-americana foi presa por traição após doar US$ 51 à Ucrânia, diz empregador

    Ksenia Karelina trabalhava como esteticista e tinha ido visitar familiares na Rússia

    Sebastian ShuklaNathan HodgeAnna ChernovaMaria KostenkoChristian Edwardsda CNN

    Uma cidadã com dupla nacionalidade, de Estados Unidos e Rússia, foi presa na Rússia sob acusação de traição por supostamente doar US$ 51 (R$ 251) a uma instituição de caridade ucraniana, disse seu empregador na Califórnia.

    O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) disse que a detida, uma mulher de 33 anos que vive em Los Angeles, foi presa na cidade russa de Yekaterinburg por “fornecer assistência financeira a um Estado estrangeiro em atividades dirigidas contra a segurança da Rússia”.

    Um vídeo compartilhado pelo veículo de estatal russo RIA Novosti mostrou uma mulher com uma touca sobre os olhos sendo escoltada por um oficial de segurança antes de ser algemada e aparecer em uma cela de um tribunal.

    Uma autoridade dos EUA afirmou à CNN que a mulher é Ksenia Karelina, que se tornou cidadã americana em 2021. Karelina entrou na Rússia em 2 de janeiro, e os EUA souberam de sua prisão em 8 de fevereiro, pontuou a fonte.

    Karelina é acusada de doar US$ 51,80 para uma instituição de caridade ucraniana nos EUA, de acordo com um comunicado de seu empregador, um spa no SLS Hotel em Beverly Hills, na Califórnia.

    “A administração e a equipe do Ciel Spa estão arrasadas ao compartilhar que nossa querida esteticista e amiga, Ksenia Karelina, foi injustamente acusada, presa e [está] atualmente detida no sistema prisional russo”, informa um comunicado.

    “Ksenia, que tem dupla cidadania, foi à Rússia visitar a avó de 90 anos, os pais e a irmã mais nova. Ela foi acusada de traição por supostamente doar US$ 51,80 para uma instituição de caridade ucraniana nos EUA”, continua.

    O Departamento de Estado pontuou na terça-feira (20) que está ciente da detenção de Karelina e que os EUA não tiveram acesso consular a ela.

    “A Rússia não reconhece a dupla cidadania, considera-os cidadãos russos em primeiro lugar e, por isso, muitas vezes temos dificuldade em obter assistência consular, mas iremos persegui-la em todos os assuntos em que um cidadão dos EUA seja detido”, explicou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em coletiva de imprensa.

    O FSB também acusou Karelina de participar em “ações públicas para apoiar o regime de Kiev” enquanto esteve nos EUA. “As atividades de busca operacional e ações investigativas continuam. O tribunal optou por uma medida preventiva na forma de detenção do arguido”, colocou.

    O serviço de imprensa do Tribunal Regional de Sverdlovsk disse à RIA que sua audiência deveria acontecer na terça-feira, mas, devido à ausência de um advogado, foi adiada para 29 de fevereiro.

    A organização sem fins lucrativos Razom for Ukraine, com sede em Nova York, para a qual Karelina supostamente doou fundos, comentou estar “chocada” com os relatos de sua detenção.

    “O presidente russo, Vladimir Putin, demonstrou repetidamente que não mantém fronteiras soberanas, nacionalidades estrangeiras ou tratados internacionais acima dos seus próprios interesses restritos”, afirmou a CEO da Razom, Dora Chomiak, em comunicado publicado nas redes sociais na terça-feira.

    Razom pediu ao governo dos EUA que faça “tudo o que estiver ao seu alcance” para exigir a libertação “de todos aqueles detidos injustamente pela Rússia”, adicionou Chomiak.

    Ela acrescentou que a Razom é uma instituição de caridade financiada e sediada nos EUA que realiza atividades “de acordo com nosso propósito de caridade e nossas obrigações legais como organização de caridade americana”, que, segundo ela, estão “focadas em ajuda humanitária, assistência em desastres, educação e defesa de direitos”.

    Em uma postagem na plataforma de mídia social russa VK em novembro de 2021, Karelina compartilhou uma foto sua parada entre duas bandeiras americanas e agitando sua própria bandeira de papel enquanto comemorava se tornar cidadã americana.

    Seu perfil na VK dizia que ela se formou na Universidade Federal dos Urais, em Yekaterinburg, em 2014, e que também estudou na Universidade de Maryland, em Baltimore.

    Outras imagens de Karelina surgiram mostrando um ensaio para a empresa de fotografia Shutterstock, incluindo algumas que a mostram posando como bailarina na cidade de Nova York em 2017.

    Cidadãos dos EUA detidos na Rússia

    Moscou deteve vários cidadãos norte-americanos nos últimos anos, e a detenção de Karelina ocorreu no mesmo dia em que o Tribunal da Cidade de Moscou manteve a prisão preventiva prolongada do jornalista americano Evan Gershkovich até 30 de março.

    Gershkovich, repórter do Wall Street Journal, foi preso em Ecaterimburgo, em março do ano passado, sob acusações de espionagem, que ele, o seu empregador e o governo dos EUA negaram veementemente. Se condenado, ele pode pegar até 20 anos de prisão.

    O presidente russo, Vladimir Putin, sugeriu recentemente que “é possível chegar a um acordo” com os Estados Unidos para trocar Gershkovich por Vadim Krasikov, um russo que cumpre pena de prisão perpétua na Alemanha por assassinar um antigo combatente checheno em Berlim, em 2019.

    “Ouça, vou lhe dizer: sentado em um país, um país aliado dos Estados Unidos, está um homem que, por razões patrióticas, eliminou um bandido em uma das capitais europeias”, pontuou Putin em entrevista no início deste mês com o analista de direita americano Tucker Carlson.

    Em dezembro de 2022, a Rússia libertou a estrela do basquete norte-americana Brittney Griner em uma troca de prisioneiros que envolveu o traficante de armas russo Viktor Bout.

    Griner, que jogou durante anos na Rússia durante um período sem calendário oficial da WNBA, a liga de basquete dos EUA, foi detida em fevereiro daquele ano sob acusação de contrabando de drogas em um aeroporto de Moscou.

    O ex-fuzileiro naval dos EUA Paul Whelan também foi condenado a 16 anos de prisão em junho de 2020, após ser considerado culpado por acusações de espionagem que nega veementemente.

    *Arlette Saenz e AnneClaire Stapleton da CNN contribuíram para esta reportagem