
China tem mais possibilidade de proteção da ordem que os EUA, diz professor
Historiador Michel Gherman alerta para possível flerte dos Estados Unidos com o fascismo e destaca projeto de destruição em curso no país
A China apresenta maior estabilidade e controle sobre sua ordem interna em comparação aos Estados Unidos, segundo análise do historiador Michel Gherman, professor de Sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“Tem uma diferença colossal entre as possibilidades de mudança dos Estados Unidos e as possibilidades de estabilidade da China. A China tem mais controle, tem mais estabilidade e tem mais possibilidade de manutenção da ordem do que os Estados Unidos”, afirmou.
Em participação no WW Especial, com William Waack, o historiador traçou um panorama preocupante sobre a situação política nos EUA, alertando para sinais de um possível flerte com ideias fascistas.
O programa procurou examinar a influência de lideranças carismáticas no cenário político atual e ao longo do tempo.
Gherman destaca que os Estados Unidos parecem estar passando por um “projeto de destruição” com poucas possibilidades de construção positiva. Ele aponta para uma série de elementos que considera alarmantes no cenário político americano.
“Disputa contra o globalismo, referências conspiracionistas, a ideia da destruição da elite e a substituição dessa elite para uma outra elite mais ligada à terra, menos ligada a referências cosmopolitas, a noção de uma certa gamificação da realidade, a destruição da burocracia em nome, por assim dizer, de um novo projeto de país vinculado aos bilionários que são a grande referência”, enumerou.
Gramática política semelhante ao fascismo histórico
O historiador vai além em sua análise, traçando paralelos entre a retórica política atual nos EUA e movimentos históricos do fascismo. “É uma gramática política que se parece muito com a gramática política do fascismo histórico. E a leitura que essa gramática política faz é de que é preciso continuar a destruição”, alertou Gherman.
Um ponto crítico destacado pelo professor é a identificação de “inimigos internos”, uma tática comum em regimes autoritários. Nesse contexto, as universidades americanas têm sido alvo de críticas, sendo acusadas de promover uma suposta “degeneração moral” da sociedade.
Gherman também menciona a persistência de tensões relacionadas à Guerra Civil americana, que ocasionalmente emergem nos discursos políticos da nova extrema direita. Esse cenário, segundo ele, contribui para um projeto baseado no medo e no pânico moral.
“Essa nova extrema direita tem um projeto de medo, de pânico moral e de destruição. Eu acho que aqui, fundamentalmente, tem a diferença com a China”, concluiu.
WW Especial
Apresentado por William Waack, programa é exibido aos domingos, às 22h, em todas as plataformas da CNN Brasil.