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    China inicia exercícios militares após viagem da presidente de Taiwan aos EUA

    Ação deve durar três dias; Tsai Ing-wen se encontrou com o presidente da Câmara dos Estados Unidos, Kevin McCarthy

    Wayne ChangSophie JeongHeather ChenBrad LendonEric Cheungda CNN

    A China diz que deu início a três dias de exercícios militares em torno de Taiwan, ação que ocorre depois que a presidente da ilha se reuniu com o presidente da Câmara dos Estados Unidos, desafiando as repetidas ameaças de Pequim.

    O Comando do Teatro Oriental das forças armadas chinesas anunciou os exercícios descrevendo-os como “um sério alerta contra o conluio das forças separatistas de Taiwan com forças externas e um movimento necessário para defender a soberania nacional e a integridade territorial”.

    Apelidados de “United Sharp Sword”, eles devem contar com “patrulhas prontas para o combate e exercícios dentro e ao redor do Estreito de Taiwan, e ao norte, sul e leste de Taiwan e o mar e o espaço aéreo conforme planejado”, disse o Coronel Shi Yi, do Comando de Teatro Oriental do Exército de Libertação Popular (PLA, na sigla em inglês).

    Os exercícios se concentrariam nas “capacidades do país para assumir o controle do mar, ar e informações sob o apoio de nosso sistema de combate conjunto”, disse o PLA.

    Logo após o anúncio da China, o Ministério da Defesa de Taiwan disse ter detectado um total de 42 aviões de guerra chineses sobre o Estreito de Taiwan, que separa a ilha do continente chinês.

    A pasta complementou que 29 aviões de guerra chineses cruzaram a linha mediana no estreito para sua zona de identificação de defesa aérea e acrescentou que oito embarcações do PLA foram avistadas no estreito.

    Os exercícios acontecem um dia depois que a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, voltou de uma visita de 10 dias à América Central e aos Estados Unidos, onde se encontrou com o presidente da Câmara dos EUA, Kevin McCarthy.

    Pequim alertou repetidamente contra a viagem e já havia ameaçado tomar “medidas fortes e resolutas” se fosse adiante. As autoridades de Taiwan esperavam uma reação menos severa ao encontro de Tsai com McCarthy, porque ocorreu em solo americano.

    Para evitar provocar Pequim e desencadear outra crise militar, as autoridades americanas e taiwanesas tentaram retratar a visita de Tsai como nada fora do comum, citando uma abundância de precedentes para um líder taiwanês transitar pelos EUA.

    Mas o significado político do encontro de Tsai com McCarthy é inegável. Foi a audiência de mais alto nível que um presidente taiwanês em exercício recebeu em solo americano, com um segundo oficial na fila para a presidência depois do vice-presidente.

    O encontro deles na Biblioteca Presidencial Ronald Reagan destacou o fortalecimento dos laços entre Taipei e Washington, embora permaneçam de natureza não oficial.

    Os EUA retiraram seu reconhecimento diplomático de Taiwan em 1979, o que significa que não o reconhece oficialmente como um país. No entanto, apoia a capacidade de Taiwan de se defender vendendo armas para a ilha.

    Após a reunião entre Tsai e McCarthy, o presidente da Câmara dos EUA disse que seu país deve continuar a aumentar seu apoio a Taiwan.

    “Devemos continuar vendendo armas para Taiwan e garantir que essas vendas cheguem a Taiwan a tempo. Também devemos fortalecer nossa cooperação econômica, principalmente com comércio e tecnologia”, escreveu.

    Histórico de tensão

    A China reivindica a democracia autônoma de Taiwan como parte de seu território, apesar de nunca tê-la governado, e passou décadas tentando isolá-la diplomaticamente. O país asiático não descartou o uso da força para colocar a ilha sob seu controle.

    As incursões de aviões de guerra chineses na zona de identificação de defesa aérea de Taiwan, uma “zona tampão” autodeclarada além de seu espaço aéreo territorial, ocorrem quase diariamente.

    O maior número diário de jatos chineses entrando na Zona Aérea de Taiwan em um único dia foi de 56, em outubro de 2021.

    O Ministério da Defesa de Taiwan ressaltou que está monitorando de perto a situação e fará todos os esforços para defender a segurança e a soberania nacional.

    “O Exército Popular de Libertação (PLA) está deliberadamente criando tensões no Estreito de Taiwan. Além de prejudicar a paz e a estabilidade, também cria um impacto negativo na segurança e no desenvolvimento regional”, afirmou o ministério.

    A pasta acrescentou que responderia com uma atitude calma, racional e séria, e não procuraria escalar o conflito.

    A China reagiu de maneira semelhante quando a então presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, visitou Taiwan, em agosto de 2022, lançando uma série de exercícios militares que cercaram a ilha e dispararam mísseis sobre ela.

    Esses exercícios foram a primeira vez que a China disparou mísseis sobre a ilha, e muitos especialistas entenderam a ação como uma grande escalada da intimidação militar.

    Alguns desses mísseis também caíram na Zona Econômica Exclusiva do Japão, perto das ilhas japonesas ao norte de Taiwan, um movimento que aumentou as tensões entre Pequim e Tóquio.

    Os exercícios de agosto também envolveram dezenas de aviões de guerra chineses cruzando a zona de identificação de defesa aérea de Taiwan, bem como navios de guerra da marinha da China em manobras nas águas ao redor de Taiwan.

    Pequim disse na época que estava simulando um “bloqueio” aéreo e marítimo da ilha, mas ofereceu poucas evidências sólidas para apoiar a afirmação.

    *contribuiu Nectar Gan, da CNN

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