China e OMS agiram lentamente em relação à Covid-19, diz painel independente
Órgão diz que Pequim poderia ter sido mais atuante na aplicação de medidas de saúde pública e que agência da ONU demorou para emitir alerta e declarar pandemia
A China e a Organização Mundial da Saúde (OMS) poderiam ter agido com mais rapidez e força para conter o início da pandemia do novo coronavírus, afirmou um painel independente de revisão na segunda-feira (18).
Em seu segundo relatório, o Painel Independente para Preparação e Resposta à Pandemia, com sede na Suíça, determinou que Pequim poderia ter sido mais atuante na aplicação de medidas de saúde pública quando os casos foram detectados pela primeira vez na cidade de Wuhan, na província de Hubei.
“O que está claro para o painel é que as medidas de saúde pública poderiam ter sido aplicadas com mais vigor pelas autoridades de saúde locais e nacionais na China em janeiro (de 2020)”, diz o documento.
Os primeiros casos em Wuhan ocorreram entre 12 e 29 de dezembro de 2019, segundo as autoridades da cidade. Os casos não foram relatados à OMS até 31 de dezembro. Na época em que Wuhan entrou em lockdown, em 23 de janeiro de 2020, o vírus já havia se espalhado para Japão, Coréia do Sul, Tailândia e Estados Unidos.
Vários países, principalmente os EUA e a Austrália, acusaram Pequim de minimizar a gravidade do surto durante seus estágios iniciais e impedir uma resposta efetiva até que fosse tarde demais para evitar a pandemia.
O painel independente, co-presidido pela ex-primeira-ministra da Nova Zelândia Helen Clark e pela ex-presidente liberiana Ellen Johnson Sirleaf, também criticou a OMS por sua demora e pediu reformas na agência da ONU.
Apesar de ter sido alertada sobre os casos até o final de dezembro de 2019, a OMS não convocou seu comitê de emergência até 22 de janeiro de 2020 – e esperou até 30 de janeiro para declarar uma emergência internacional.
“Não está claro por qual motivo o comitê não se reuniu até a terceira semana de janeiro, nem por que foi incapaz de chegar a um acordo sobre a declaração de uma emergência de saúde pública de interesse internacional quando foi convocado pela primeira vez”, informou o relatório.
O documento produzido pelo painel também destacou que a OMS não declarou o surto como uma pandemia até 11 de março de 2020, depois que alguns especialistas em saúde e meios de comunicação já haviam começado a adotar o termo. Naquela época, já havia 118 mil casos e mais de 4 mil mortes em todo o mundo.
(Texto traduzido; leia o original em inglês)