China diz que Xi Jinping não teve opção de enviar mensagem por vídeo para COP26
Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país diz que organizadores da cúpula não forneceram método de link de vídeo para presidente chinês, que enviou carta aos demais líderes
A China afirmou nesta terça-feira (2) que o presidente Xi Jinping não teve a oportunidade de fazer um discurso por vídeo Cúpula do clima (COP26) em Glasgow, na Escócia e, em vez disso, teve que enviar um posicionamento por escrito.
Xi, que não compareceu pessoalmente à reunião das Nações Unidas, enviou uma declaração por escrito aos outros chefes de estado e governo em que ofereceu não promessas adicionais, ao mesmo tempo em que pediu que os países cumpram suas promessas e “fortalecerem a confiança e a cooperação mútuas”.
“Pelo que entendi, os organizadores da conferência não forneceram o método de link de vídeo”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, a repórteres em um briefing.
O Reino Unido é o responsável pela organização da COP26, que visa garantir que o planeta consiga zerar as emissões líquidas de carbono e manter a meta do Acordo de Paris de restringir o aumento de temperatura global a 1,5 grau Celsius a fim de conter os impactos do aquecimento global.
Os observadores do clima expressaram preocupação de que a ausência física de Xi em Glasgow possa significar que a China não está preparada para oferecer mais concessões durante esta rodada de negociações.
Mas Pequim disse que já fez uma série de promessas importantes no ano passado, prometendo levar as emissões a um pico até 2060, aumentar a capacidade solar e eólica total para 1.200 gigawatts até 2030 e reduzir o uso de carvão a partir de 2026.
A hesitante relação diplomática entre China e Estados Unidos – os dois maiores emissores de gases de efeito estufa – emerge como um dos maiores obstáculos durante a última rodada de negociações climáticas.
Pequim rejeitou os esforços de Washington para separar o clima de conflitos mais amplos entre os dois lados, com o diplomata Wang Yi dizendo ao enviado climático dos EUA John Kerry, em setembro que ainda havia um “deserto” ameaçando o “oásis” da cooperação climática.
Um ponto particular de discórdia para a China tem sido a imposição de sanções pelos EUA às empresas chinesas, incluindo fornecedores de equipamentos solares, com ligações à região de Xinjiang.
A China rejeita as reivindicações ocidentais de abusos dos direitos humanos na região noroeste do país.
“Não se pode pedir à China que corte a produção de carvão por um lado e, ao mesmo tempo, imponha sanções às empresas fotovoltaicas chinesas”, disse Wang nesta terça-feira (2).
O Global Times, que faz parte do jornal People’s Daily, dirigido pelo Partido Comunista da China, disse em um editorial na segunda-feira (1º) que os EUA não deveriam esperar influenciar Pequim no clima ao mesmo tempo em que ataca o país nos direitos humanos e em outras questões.
“[A atitude de Washington tornou] impossível para a China ver qualquer potencial para uma negociação justa em meio às tensões”, disse o jornal.