Chefe da ONU pede às nações que enviem forças para ajudar o Haiti
País sofre com violência desenfreada de gangues, um surto mortal de cólera e protestos contra o governo pelo alto preço da gasolina
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, instou a comunidade internacional a considerar o envio de forças ao Haiti para lidar com as crescentes crises humanitárias e de segurança no país.
Os comentários de Guterres vêm poucos dias depois que o próprio governo haitiano pediu assistência militar internacional, enquanto o país lida com a violência desenfreada de gangues, um surto mortal de cólera e protestos contra o governo que paralisam a nação desde o final de agosto.
Os haitianos têm se manifestado contra a violência crônica das gangues, pobreza, insegurança alimentar, inflação e escassez de combustível.
“Estou chamando a comunidade internacional para nos ajudar, para nos apoiar de todas as maneiras necessárias para evitar que a situação se agrave. Precisamos ser capazes de distribuir água e remédios, pois a cólera está voltando. Precisamos reabrir as empresas e limpar as estradas para que médicos e enfermeiros possam trabalhar. Pedimos a ajuda deles para poder distribuir o combustível e para reabrir as escolas”, disse o primeiro-ministro Ariel Henry na quarta-feira (5).
No domingo (9), Guterres pediu para a comunidade internacional “considerar com urgência o pedido do governo haitiano para o envio imediato de uma força armada internacional especializada”. Em que essa força consistiria exatamente ainda está incerto.
A capital do Haiti, Porto Príncipe, foi palco de brutais batalhas de gangues que incendiaram bairros inteiros neste verão, desalojando milhares de famílias e prendendo outras em suas casas, com medo de sair mesmo em busca de comida e água.
Centenas foram deixados mortos, feridos ou desaparecidos. Os criminosos ainda controlam ou influenciam partes da cidade mais populosa do país, e sequestros por resgate ameaçam os movimentos cotidianos dos moradores.
Nas últimas semanas, manifestantes em várias cidades pediram a renúncia de Henry em face dos altos preços dos combustíveis, inflação crescente e crime descontrolado.
A fúria deles foi ainda mais alimentada no mês passado, quando o premiê anunciou que cortaria os subsídios aos combustíveis para financiar o governo — uma medida que dobraria os preços nas bombas. As poderosas gangues do Haiti exacerbaram a crise de combustível ao bloquear o principal porto do país.
“Esperamos que a comunidade internacional envie rapidamente as forças armadas especializadas em resposta à nossa demanda antes que as coisas piorem”, afirmou Jean Junior Joseph, conselheiro de Henry, à CNN na segunda-feira.