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    Saiba por que últimas ondas de calor na Europa receberam nomes de mitos gregos

    Cérbero e Caronte teriam ganhado esses nomes por, assim como os personagens míticos, serem ruins para a humanidade

    Ondas de calor na Europa têm sido nomeadas com nomes de personagem da mitologia grega
    Ondas de calor na Europa têm sido nomeadas com nomes de personagem da mitologia grega Banco de imagens/Pexels

    Pedro Jordãoda CNN

    São Paulo

    Quando uma pessoa morre, a alma dela deve navegar de uma margem até a outra do rio Aqueronte, no submundo, para conseguir entrar no mundo dos mortos, reino do deus Hades. Assim, os gregos antigos tentavam explicar o que acontece com os indivíduos depois que morrem.

    Conforme os mitos, a travessia pelo rio Aqueronte é feita com ajuda de Caronte, o barqueiro da morte. Ao chegar do outro lado, os recém-mortos encontram Cérbero, um gigantesco cão-de-guarda que permite a entrada das almas no reino dos mortos e impede que jamais possam voltar.

    Alguns desses personagens míticos têm sido relembrados no sul da Europa nos últimos dias. As ondas de calor que atingem a região, incluindo Itália, Grécia e Espanha, vêm recebendo seus nomes.

    Na semana passada, a onda de calor que elevou as temperaturas para a casa dos 40º C nesses países foi chamada de Cérbero (ou Cerberus, em latim). Já o fenômeno previsto para a próxima semana vem sendo nomeado de Caronte (ou Cháron).

    Justamente criaturas que, pelos mitos, levam as almas para o mundo dos mortos, onde haveria um rio de fogo, o Flegetonte.

    Em outros mitos que tentam explicar a morte, como os ligados ao cristianismo, esse submundo também seria um lugar de calor intenso e fogo por todos os lados ou teria alguma região assim.

    Dentre as diversas culturas e crenças narram o “mundo dos mortos” como um lugar de sofrimento e calor intenso está ainda o hinduísmo, o budismo e o islamismo.

    “Isso é novo. Ondas são classificadas como de frio ou calor. Geralmente não recebem nomes. Mas a Europa começa a fazer isso [nomear] para identificar os fenômenos por conta da gravidade, intensificação e persistência deles”, explica a Andrea Ramos, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

    De acordo com ela, há uma relação direta entre os nomes dados a fenômenos climáticos e o que provocam no entorno e para as pessoas.

    “Os furacões, por exemplo, recebiam nomes de mulheres normalmente porque as mulheres são tidas como mais temperamentais. Mas isso também vem mudando. Em relação aos furacões, a nova tendência é colocar nomes como alfa, beta, ligados à matemática, por causa das questões da sociedade como um todo”, explica.

    Já os nomes recentes dados às ondas de calor, segundo Ramos, estão associados a coisas ruins, assim como o guarda do mundo dos mortos ou o barqueiro da morte.

    “A associação é feita para chamar a atenção das pessoas. É uma associação com catástrofe. Quem escolhe como um fenômeno vai chamar ou não são as agências meteorológicas, buscando na literatura, o que poderia se assemelhar aos impactos que devem ser provocados”, finaliza.