Casa Branca diz que relatório sobre tiroteio em escola do Texas é ‘inaceitável’
Investigação de legisladores do estado culpou "falhas sistêmicas" e liderança fraca que contribuiu para o número de mortos
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse nesta segunda-feira (18) que uma reportagem sobre o tiroteio na escola de Uvalde, no Texas, que deixou 21 mortos, é “devastador” e “inaceitável”.
Uma investigação de legisladores do estado sobre o tiroteio culpou “falhas sistêmicas” e liderança fraca por contribuir para o número de mortos, de acordo com um relatório divulgado neste domingo (17).
Dias depois de um atirador invadir a escola e começar os disparos, no dia 24 de maio deste ano, a polícia dio Texas realizou uma audiência para dar informações ao público e ao governo do estado sobre o que ocorreu na escola.
Enquanto um atirador estava dentro de salas de aula adjacentes com as crianças, um grupo de 19 policiais ficou em um corredor do lado de fora e não fez nada enquanto esperava pelas chaves da sala e equipamento tático.
O comandante dos agentes disse que acreditava que o atirador havia parado e estava cercado por barricadas, explicou o coronel Steven McCraw, chefe do Departamento de Segurança Pública do Texas (DPS).
No entanto, ao mesmo tempo, as crianças dentro das salas de aula da Robb Elementary School ligavam repetidamente para o 911 e imploraram por ajuda. O massacre foi o mais mortal desde Sandy Hook em 2012 .
“Pelo benefício da retrospectiva de onde estou sentado agora, é claro que não foi a decisão certa”, disse McCraw sobre o pedido do supervisor para não confrontar o atirador.
“Foi a decisão errada. Ponto final. Não há desculpa para isso”, declarou o chefe da polícia.
Ao todo, 80 minutos se passaram entre o momento em que os policiais foram chamados à escola às 11h30 e quando uma equipe tática entrou nas salas de aula trancadas e matou o atirador às 12h50.
A equipe tática só conseguiu entrar usando as chaves de um zelador da escola. Nesse período, Salvador Ramos, de 18 anos, matou 19 crianças e dois professores.
Enquanto, como o governador do Texas Greg Abbott disse, o massacre poderia ter sido pior, a resposta da aplicação da lei sugere que poderia ter sido melhor.
A resposta atrasada é contrária ao protocolo de atirador ativo comumente ensinado, estabelecido após o tiroteio na escola de Columbine de 1999, para parar o atirador o mais rápido possível e até evitar ajudar os feridos.
As revelações também ajudam a explicar por que as autoridades ofereceram informações contraditórias nos últimos três dias sobre o que a polícia fez em resposta.
“Os níveis de fracasso são simplesmente incríveis, inacreditáveis”, disse Anthony Barksdale, ex-comissário de polícia interino de Baltimore.
Alfred Garza, pai de Amerie Jo Garza , de 10 anos , que foi morta no ataque, disse acreditar que alguém deveria ser responsabilizado pela resposta tardia. “Eles deveriam ter reagido mais rápido, mais rápido”, disse ele. “Eles fizeram isso? Você sabe, talvez tivéssemos um resultado diferente.”
Governador indignado com a desinformação
O governador Abbott disse a repórteres nesta sexta-feira que foi enganado pelas autoridades no dia seguinte ao tiroteio.
“Como todos sabem, as informações que me deram acabaram, em parte, imprecisas, e estou absolutamente furioso com isso”, declarou o governante.
O governador estava em Uvalde para uma entrevista coletiva sobre a resposta do Estado para as famílias dos atingidos pelo tiroteio, mas os repórteres pressionaram Abbott sobre a resposta da polícia e as informações dadas ao público sobre o tiroteio.
“Minha expectativa é que os líderes da aplicação da lei que estão liderando as investigações… eles cheguem ao fundo de cada fato com absoluta certeza”, disse ele.
Abbott disse que as pessoas que mais merecem respostas precisas são as famílias cujas “vidas foram destruídas”.
“É indesculpável que eles possam ter sofrido com qualquer informação imprecisa”, disse ele.
